Quinta-feira, 18 de Maio de 2017
No dia 16 de Novembro de 1965, ao findar o Concílio Vaticano II (1962-1965), alguns bispos, animados por Dom Hélder Câmara, celebraram uma missa nas Catacumbas de Santa Domitila, fora da cidade Roma e assinaram um documento que ficou conhecido pelo “Pacto das Catacumbas” que recomendava uma Igreja serva e pobre. No documento, propunham-se ideais de pobreza e simplicidade, convidavam os prelados a deixarem os seus palácios e a irem viver em casas simples e modestas. Hoje, o Papa Francisco deu plena actualidade a este Pacto. Leia, a seguir, os compromissos assumidos pelos bispos. Pode ver ainda o vídeo “Do Pacto das Catacumbas até ao Papa Francisco”, clicando aqui. Na foto: Papa Francisco, na República Centro-Africana.

 

“Pacto das Catacumbas”

“Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a excepcionalidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:

1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população.

2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade de riqueza, especialmente no traje.

3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome.

4) Confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico, na perspectiva de sermos menos administradores do que pastores e apóstolos.

5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder.

6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos.

7.Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. 

8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc. ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos. 

9) Procuraremos transformar as obras de “beneficência” em obras sociais baseadas na caridade e na justiça.

10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem. 

12) Comprometermo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para “revisar nossa vida” com eles;
- suscitaremos colaboradores para serem mais animadores segundo o espírito, do que chefes segundo o mundo;
- procuraremos ser o mais humanamente presentes e acolhedores;
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião.

13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces.

Ajude-nos Deus a sermos fiéis”.

Não são esses os ideais apresentados pelo Papa Francisco?