Quarta-feira, 21 de Junho de 2017
O P. Manuel Augusto Lopes Ferreira, comboniano português, apresentou o tema “A reconfiguração do Instituto à luz da nossa história” durante o Simpósio dos 150 anos da fundação do Instituto dos Missionários Combonianos, que se realizou de 26 de Maio a 1 de Junho desta ano, na Casa Generalícia, em Roma. A reflexão, diz o P. Manuel Augusto, pretende fazer um percurso histórico, “para ver como o nosso percurso desde a fundação até hoje nos pode iluminar na tarefa da configuração que temos de fazer no presente”.


A reconfiguração do Instituto à luz da nossa história

0. No presente como Kairos

O título da reflexão que me propus fazer, é «A configuração do Instituto à luz da nossa história». Sugere um presente e um percurso histórico a fazer para compreender o presente, para ver como o nosso percurso desde a fundação até hoje nos pode iluminar na tarefa da configuração que temos de fazer no presente.

0.1 Reconfigurar

A este ponto, ocorre uma explicação sobre o sentido da palavra que estou a usar, isto é, «configuração/reconfiguração».

A reflexão sobre a situação dos institutos missionários na Europa é já abundante e permanece uma questão aberta. As opiniões e as tentativas de interpretação dividem-se. Mas os elementos, os indicadores, desta situação problemática, alguns dizem de crise, são evidentes, comummente aceites. Esses são, para dizê-lo em poucas palavras: primeiro, o envelhecimento dos membros dos Institutos e a falta de novas vocações; segundo, a falta de clareza sobre a própria identidade carismática; terceiro, a incerteza sobre o próprio papel e função específica no interior das igrejas locais.

Para alguns observadores desta situação, para os institutos missionários esta seria precisamente uma hora de refundação, tais são os desafios que têm diante de si.

Eu prefiro não usar o termo refundação, porque penso que os institutos sejam fundados uma única vez e que a graça da fundação permanece para sempre, é concedida por Deus para sempre, num desígnio eterno, próprio dos dons do amor, que são para sempre (segundo a teologia bíblica, a graça da eleição por parte de Deus é para sempre). Preferimos, portanto, usar o termo «configuração/reconfiguração» para falar da tarefa que nos espera neste início do século XXI: re-configurar-se (tomar nova forma, figura, rosto) na fidelidade ao próprio carisma, neste novo contexto eclesial, social, cultural.

0.2 Transfusão de memória

Partimos da pergunta: quais situações hoje nos fazem falar de uma nova configuração? E dirigimo-nos ao nosso percurso histórico para procurar indicações. Propomo-nos, portanto, fazer uma transfusão de memória que nos ajude a revigorar o nosso carisma e a nossa missão. A imagem que aqui sugiro (fazer uma «transfusão de memória») tomo-a do Papa Francisco.

A 6 de Maio de 2017, ao receber o prémio Carlo Magno, no parlamento europeu, o Papa Francisco falou da necessidade que temos de fazer uma transfusão de memória. «É necessário fazer memória», disse ele, «tomar uma pouco de distância do presente para escutar a voz dos antepassados. A memória não só nos permitirá não cometer os mesmos erros do passado[1], mas dará acesso àquelas aquisições que ajudaram os nossos antepassados a atravessar positivamente as encruzilhadas históricas que iam encontrando».

«A transfusão da memória», conclui o Papa, «liberta-nos daquela tendência actual, muitas vezes mais atraente, de procurar apressadamente… resultados imediatos» que seriam «um ganho fácil, rápido mas efémero»[2].

Considero que o nosso percurso histórico seja uma contínua sucessão de tentativas de configuração das intuições iniciais (do carisma original) em contextos eclesiais, sociais e políticos que mudam; é uma busca (à base de transfusões de memória e de aberturas em direcção ao futuro, mais ou menos eficazes) de respostas a problemas que nos acompanham ao longo da nossa história de 150 anos.

1. A Confessio Laudis, como pressuposto

Queremos, de imediato, afirmar a confessio laudis como pressuposto da nossa reflexão sobre a configuração do instituto no nosso tempo. Isto é, queremos partir de uma atitude de louvor: agradecer a Deus e reconhecer o Seu amor que nos conduziu ao longo do percurso destes 150 anos; reconhecer a Providência Divina que nos guiou ao longo dos séculos e das dificuldades. Procuramos uma nova configuração porque abundantemente agraciados por Deus, que nos conduziu ao presente, tal como esteve connosco nas configurações do passado (sabendo por vezes extrair um bem maior dos nossos erros). Procuramo-la como resposta generosa e criativa a este mistério de amor e providência divina que nos acompanha ao longo da nossa história.

1.1 E aqui temos um ponto de partida muito atraente. Somos verdadeiramente privilegiados, porque nenhuma geração de combonianos, antes de nós, teve uma semelhante situação. Refiro-me ao reconhecimento público e oficial que a igreja fez da autenticidade do carisma de Daniel Comboni, da forma exemplar como ele respondeu ao dom divino, da elevada qualidade da sua vida e do seu empenho missionário, da oportunidade da sua obra. Com a canonização, o nosso fundador foi declarado pai e mestre de vida cristã e missionária (mestre de santidade e de missão), para nós e para todos na igreja. Este é um dado novo, que devemos assumir no nosso olhar sobre a vida do instituto, e que nos responsabiliza como a geração que tem a tarefa de dar vida a um processo de reconfiguração do instituto à luz da canonização do fundador.

1.2 Há, depois, um segundo ponto de partida muito positivo, que temos também de chamar aqui, com um sentido de reconhecimento. Refiro-me ao conhecimento do fundador que temos hoje no instituto, e que outras gerações de combonianos, antes de nós, não tiveram. Graças aos estudos empreendidos pelo Studium Combonianum que levou à publicação (em 1991) dos escritos do fundador e de outros estudos sobre a sua pessoa e sobre os inícios do instituto, Daniel Comboni, a sua pessoa, testemunho e carisma são agora acessíveis ao nosso interesse, estudo, reflexão, oração. A edição crítica dos Escritos de São Daniel, nas várias línguas e num volume único, bem organizado, é uma referência fundamental para a nossa leitura e estudo. Temos também toda uma série de biografias de Comboni, acessíveis e em várias línguas.

1.3 Há, por fim, uma terceira situação muito positiva, como ponto de partida para uma reconfiguração do instituto e para fazer uma transfusão de memória a que aludimos. Refiro-me ao facto de que agora temos os instrumentos necessários para o conhecimento da história do instituto e podemos portanto desenvolver uma consciência mais viva do nosso percurso histórico, que outras gerações não tiveram. Para dizer a verdade, estes instrumentos existem já desde há algum tempo… mas agora estão mais acessíveis a todos, pelo que a nossa geração não tem desculpas para ignorar a história (uma difusa ignorância existe ainda, mas digamos que não há desculpa para isso). A nossa história foi verdadeiramente atormentada, difícil. Mas, digamo-lo sem dúvidas, ao aproximar-nos a ela temos um sentido de admiração e sentimos que foi deveras uma história rica de desenvolvimentos, de sinais de um desígnio de Deus que nos ultrapassa. Temos os textos necessários para nos aproximarmos aos vários momentos da nossa atribulada história, mas falta ainda alguma coisa: uma história do Instituto desde a fundação à canonização do fundador. Seria importante tê-la, por três motivos. Primeiro, para actualizar as várias narrativas existentes e reunir num só livro os momentos da nossa história. Segundo, para construir uma narrativa mais acessível a todos, especialmente aos combonianos da nova geração intercultural, aos leigos e aos jovens em contacto com o nosso carisma. Terceiro, para assinalar a canonização como horizonte novo, como novo ponto de partida para uma nova configuração.

2. O fundador, como guia do nosso discernimento

Então, a primeira afirmação a fazer é que a re-configuração do instituto é favorecida por uma  nova atitude em relação ao fundador e à nossa história… que começa com o agradecimento a Deus pelo dom que eles (o fundador e todos os que depois dele viveram e nos transmitiram o carisma até hoje), são para nós; … e continua com o desejo de conhecê-los melhor e caminhar sobre as suas pegadas. Numa palavra, de tê-los como guias.

Um olhar sobre a nossa história mostra-nos que silenciar o fundador condicionou o nosso discernimento e as iniciativas para reconfigurar o instituto. Isto vê-se, de modo particular, nos dois momentos em que se fizeram as duas configurações mais radicais:

  • A transformação do instituto em congregação religiosa, em 1884-1885, em que a perspectiva do fundador, de uma fraternidade para a vida apostólica, foi posta entre parêntesis, em favor de um enquadramento da vida comunitária típico das congregações religiosas do século XIX;
  • E o momento da criação das duas congregações, em 1922-1923, com o desdobrar-se da herança de Comboni e o transcurar da perspectiva internacional que ele tinha querido para o seu instituto e a sua obra missionária.

O mesmo olhar atento à nossa história revela que, cada vez que nos aproximámos ao fundador, experimentámos especiais momentos de crescimento e vitalidade, em comunhão e identidade de carisma missionário:

  • Foi a redescoberta do fundador que recolocou as duas congregações no caminho da reunificação (em 1975 e 1979);
  • Foi a aproximação ao fundador que nos tornou capazes (aos FSCJ e também aos MFSC) de fazer a reconfiguração pós-conciliar, com o processo de elaboração e aprovação da nova regra de vida nos capítulos gerais de 1969 e 1975.

Estas foram duas das mais belas configurações que fizemos ao longo da nossa história e é fácil, para quem quer que a leia com um olhar de fé, ver nelas a mão e o espírito do fundador em acção.

3. Os âmbitos da reconfiguração

3.1 Falando dos âmbitos da re-configuração, o primeiro a mencionar é a nossa qualidade de vida e missão, o procurar uma qualidade elevada, um magis, algo que ainda nos falta para realizar o sonho do fundador e o nosso.

Se re-visitarmos os capítulos gerais das últimas duas décadas, encontramos uma nota que é recorrente em todos eles: a preocupação pela qualidade da nossa vida pessoal e comunitária, do nosso caminho cristão e do nosso empenho apostólico, da nossa missão.

Há, por um lado, a denúncia de uma situação que preocupa: a falta de um ritmo sustentado de vida cristã, de oração e vida sacramental; a insatisfação pelo estilo de vida comunitário; a falta de qualidade e fecundidade apostólica. Há, depois, a identificação dos sintomas que resultam desta situação: o fluxo dos abandonos que não se consegue travar, mas parece crescer; o individualismo, o activismo e a evasão no social; a falta de identificação com a missão do instituto.

Todos estes capítulos gerais fizeram apelos e deram indicações, que, todavia, não se revelaram eficazes. A prova disso é o sistemático repetir-se destes apelos… e a permanência dos sintomas aos quais se pretende pôr cobro.

Não podemos aqui analisar todos estes textos e apelos … Recordamos apenas o capítulo de 2015, porque mais recente e porque nos oferece[3] a radiografia mais actualizada desta situação: «Muitos elementos negativos esvaziam a nossa vida e ameaçam o seu equilíbrio: individualismo, maturidade humana frágil, pouco cuidado com a vida interior, superficialidade no viver os valores da nossa consagração, escasso sentido de pertença e responsabilidade, estilos de vida inadequados, perda de paixão pelo serviço missionário (…). Comportamentos incoerentes com a vocação à vida consagrada e missionária (…) são uma sombra que nos acompanha e causam dor, feridas e contratestemunho».

No número 30 o capítulo sugere a resposta a esta situação: «sentimos profunda necessidade de uma espiritualidade que nos cura… baseada na Palavra de Deus … que toque e inspire todas as dimensões da nossa vida missionária». E no número 33 sugere a terapia: «Sentimos necessidade de recuperar o sentido de pertença, a alegria e a beleza de ser verdadeiro cenáculo de apóstolos».

Estas palavras fazem ressoar dentro de nós a visão, a mística do fundador. Esta busca de uma qualidade elevada, na nossa vida e missão, remonta a ele. Daniel Comboni procura para os membros do seu instituto uma elevada qualidade de vida espiritual e apostólica, e um sentido de dedicação total à evangelização da Nigrícia.

É esta busca de qualidade na formação, que o leva a pensar nos jesuítas e a procurá-los como eventuais formadores do instituto em Verona. Nas várias tentativas de consolidar o instituto, ele procura, como guias, primeiro os jesuítas (já no Verão de 1879). Não conseguindo tê-los, dirige-se aos estigmatinos e é o padre Giuseppe Sembianti que assume a direcção do instituto a 13 de Março de 1880 e recebe de Daniel Comboni a missão de dirigir o instituto veronês e de «formar verdadeiros apóstolos»[4], que é a preocupação última de Comboni.

Pelos caminhos da sua atormentada missão ele leva na mente e no coração o desafio educativo do seu instituto, que é o de formar autênticos apóstolos. Ele vive e morre com o sonho desta qualidade elevada para os seus missionários: «Meu caro Padre, coragem e em frente. Quanto à educação, continue como fez até agora e como entende fazer: santos e capazes. Uma coisa sem a outra vale pouco para quem bate a carreira apostólica… Portanto, primeiro santos, isto é, adversos de facto ao pecado e ofensas a Deus e humildes. Mas não chega: é preciso a caridade que torna capazes os sujeitos. É preciso inflamá-los de caridade, que tenha a sua fonte em Deus, e do amor de Cristo; e quando se ama deveras a Cristo, então são doçuras as privações, os padecimentos, o martírio»[5].

3.2 Integrar consagração e missão

A nossa consagração para a missão faz parte do carisma, na sua forma originária. O texto das Regras de 1871 contém este ideal da sequela para a missão que Daniel Comboni deixa aos seus primeiros missionários. Os membros do cenáculo de apóstolos para a Nigrícia, que ele sonha desde o início, embora não façam a profissão religiosa, os habituais votos dos religiosos, são convidados a fazer uma solene consagração à missão e a viver em completa dependência dos superiores, com o objectivo de melhor serem fiéis à missão.

A integração entre consagração e missão será, por isso, um sinal determinante em cada configuração histórica que o carisma possa ter. Na configuração do instituto em congregação religiosa, este elemento da consagração assumiu a forma dos votos religiosos, que, para nós, têm este sentido de consagração a Deus para o serviço missionário, como nos mostra a actual Regra de Vida na segunda parte «O instituto, Comunhão de Irmãos Consagrados para o Serviço Missionário»[6].

Pode haver tensão entre estas duas dimensões da nossa vida, tanto a nível pessoal como comunitário. De facto, a primeira crise que se gerou no instituto, transformado em congregação religiosa, como nos mostra o P. Vittotino Dellagiacoma no seu estudo L’Eredità del Comboni, nasceu da tensão entre seguir as exigências da consagração e as exigências da missão, as indicações da vida consagrada e as solicitações da vida missionária[7].

O sentido de fidelidade ao carisma estimula-nos a aceitar e viver esta tensão, em busca de um modo sempre mais inclusivo e harmónico de viver em plenitude a consagração à missão. Hoje, a tensão existe ainda, mas talvez por motivos diferentes. Preservar o sentido da consagração (o valor dos votos) para a vida missionária (apostólica) é o desafio que nos acompanha em cada tempo, particularmente neste nosso século líquido em que tudo é ad tempus e é difícil viver em espírito de aliança e consagração, construir relações definitivas, de pertença recíproca e total.

Daniel Comboni portanto, não nos deixa dúvidas sobre este ponto da nossa identidade carismática de «consagrados para a missão». Ele deixa ao seu instituto missionário uma identidade claramente apostólica. O apaixonado missionário da África funda um instituto missionário e sonha para os seus missionários a santidade e a virtude dos consagrados, finalizada à evangelização da Nigrícia, sendo «o sistema evangélico da pobreza» (acrescentaremos da castidade e da obediência) o «mais oportuno a formar apóstolos»[8].

3.3 Integrar vida fraterna e evangelização

A tensão entre vida religiosa e vida apostólica percorre toda a nossa história e estamos ainda à procura de um modelo de vida fraterna, que se integre na vida apostólica e faça de nós melhores apóstolos. A fraternidade faz parte do nosso carisma original. Daniel Comboni pensou-nos como companhia, cenáculo de apóstolos: «O Instituto é uma reunião de eclesiásticos e de irmãos coadjutores, os quais sem vínculos de votos (…), mas sempre sob a dependência absoluta de legítimos superiores, se dedicam à conversão da África (…). Este instituto, por isso, torna-se como um pequeno Cenáculo de apóstolos para a África, um ponto luminoso que envia até ao centro da Nigrícia tantos raios quantos são os zelosos e virtuosos missionários que saem do seu seio»[9].

Este texto das Regras de 1871 contém o ideal da fraternidade para a missão que Daniel Comboni deixa aos seus primeiros missionários. O actual texto da Regra de Vida, no número 23 e depois 36-45[10], consagra a fraternidade comboniana como «comunidades de irmãos chamados a partilhar as dificuldades e as alegrias do serviço missionário»; por isso, «o comboniano vive o testemunho por Cristo, não só como indivíduo, mas numa vida de comunhão com os seus irmãos».

O ícone comboniano do cenáculo de apóstolos recorda-nos que somos chamados a viver uma fraternidade pela missão, a integrar de um modo criativo vida fraterna e vida apostólica. O Instituto nasceu como fraternidade de clérigos e leigos, numa relação muito bela e criativa de sacerdotes e leigos (Associação do Bom Pastor) e com as mulheres envolvidas na evangelização. Preservar esta identidade apostólica da comunidade comboniana, esta inclusão de sacerdotes e leigos consagrados e este tecido de colaboração com os leigos é essencial em cada processo de reconfiguração do instituto.

O tempo em que Daniel Comboni funda o Instituto, na segunda metade do século XIX, os anos do renascimento missionário, é um tempo em que se experimentam novas formas de vida fraterna para o apostolado, para a missão, com o aparecimento de novos institutos de vida apostólica, ao lado das velhas formas de vida religiosa e consagrada[11]. Daniel Comboni com a fundação do seu Instituto coloca-se neste novo caminho: procura uma fraternidade de clérigos e leigos, com uma elevada qualidade de vida espiritual e apostólica, e um sentido de dedicação total à evangelização da Nigrícia.

O nosso tempo é também uma época de grande experimentação, em que novas comunidades e formas de vida apostólica se experimentam e exercem um certo fascínio, um poder de sedução. Mas mais do que perder-nos atrás de experimentações e à procura de novas formas exotéricas de vida apostólica, esta situação do nosso tempo deveria ajudar-nos a despertar o sentido da nossa novidade, da novidade originária, com que nascemos: a da fraternidade para o serviço ao evangelho de Cristo e ao seu poder de transformação nas periferias (africanas e outras) onde as vicissitudes destes 150 anos nos conduziram.

3.4 Unir as várias dimensões da missão

Daniel Comboni tem da evangelização uma visão, diríamos, inclusiva, que integra o anúncio do evangelho de Cristo com a promoção da dignidade das pessoas. O fundador do instituto comboniano propõe aos seus uma sequela para a missão, nascida aos pés da cruz, pela contemplação do coração transpassado de Cristo, toda ocupada a levar aos africanos a graça e a força transformadora do Evangelho.

Ele usa, como sabemos, a palavra «regeneração» para falar desta acção missionária que apela, simultaneamente, ao dom cristão da graça e ao génio e potencialidades dos povos e das suas culturas. Ele pensa numa acção missionária que resgata as pessoas na sua dignidade e as torna protagonistas dos percursos de transformação religiosa, cultural e social. Na África central, os membros do instituto veronês recebem em herança esta visão missionária, o seu empenho pela transformação social e a luta contra a escravatura, o seu zelo pastoral vivido no anúncio do evangelho, no desejo de ir ao encontro de África pela via do apreço pelas suas gentes, as suas línguas e culturas.

A tensão de fazer isto, levar o evangelho e despertar o melhor nas pessoas e nos povos, esteve connosco desde os inícios. Já no segundo capítulo geral (3-12 de Outubro de 1909) surgem diferenças no momento de avaliar as metodologias missionárias e as prioridades da evangelização. Há contraste entre quem pensa que se deva, primeiro, instruir e investir nas escolas; e quem pensa que se deva, pelo contrário, investir de imediato na evangelização e nos sacramentos, a começar pelo baptismo.

O capítulo decide a favor destes últimos e afirma a prioridade da evangelização, decide imprimir a gramática, o dicionário e o catecismo na língua Schilluk (convida também todos os missionários a aprender bem a língua, o inglês na Inglaterra e o árabe no Cairo, o que vem em vantagem tanto da evangelização como da transformação social).

Mais tarde, os capítulos das décadas 70-80 procuram uma nova síntese entre evangelização e promoção humana (como então se dizia), em linha com as orientações conciliares do Vaticano II, a sensibilidade do tempo e as orientações doutrinais da igreja pós-conciliar. A nossa actual Regra de Vida, na terceira parte, “O Serviço Missionário do Instituto”[12], é herdeira desta visão que integra o anúncio do evangelho com as dimensões emergentes da missão cristã, segundo a visão conciliar: o testemunho, o diálogo, a acção pela promoção humana, a edificação das comunidades cristãs.

Já nos anos 90, os capítulos gerais fizeram tentativas para integrar as outras dimensões que continuaram a enriquecer o conceito e a prática da missão cristã, no novo contexto de saciedade global: a libertação, a defesa dos direitos e da dignidade humana, a protecção da criação e a ecologia.

Estes capítulos gerais, porém, mais do que fazer uma síntese das várias dimensões da missão própria do instituto comboniano, abriram a portas às novas dimensões da missão cristã, a levar por diante pelos combonianos nos lugares onde se encontram. A síntese real ficou como tarefa a realizar, num processo que permanece aberto, muito dependente da iniciativa individual (dos carismas pessoais) e que abriu o caminho a uma grande variedade de modos de compreender e viver a missão. Chegamos a um ponto onde tudo é missão, onde por toda a parte é fronteira para a missão comboniana.

É preciso reconfigurar as várias dimensões da missão cristã, reconduzi-las à unidade entre elas, como dimensões de uma única missão; e fazer emergir a dimensão fundante, aquela que mantém todas as partes unidas; isto é, a dimensão querigmática, o testemunho e o anúncio do Evangelho de Cristo, como ponto de encontro de todas as dimensões da missão cristã, como elemento característico dos institutos missionários.

Na configuração do carisma comboniano que estamos a viver, não basta encontrar novos métodos de trabalho com as pessoas. Tal como não basta deixar a configuração do carisma à iniciativa e criatividade individual. Ocorrem uma visão e uma resposta de instituto: somos desafiados a criar novos espaços, ambientes, estruturas onde o carisma comboniano se coloque em diálogo contínuo com o génio, as culturas, as pessoas do nosso tempo, e estas possam deixar-se tocar, apaixonar pelo carisma comboniano em acção. No passado fomos notáveis no criar estruturas adequadas a este fim: estruturas formativas (como os seminários e as casas de formação); estruturas pastorais (centros catequéticos, de formação laical); estruturas de transformação social e cultural (colégios, escolas técnicas, hospitais).

Muitas destas estruturas eram também filhas do seu tempo, fizeram o seu tempo, e por isso as abandonámos. Mas a tarefa de colocar o carisma comboniano em diálogo continuado, fecundo, apaixonado, com as gentes e as culturas do nosso tempo e dos nossos lugares, particularmente com os jovens, continua connosco e é o desafio mais exigente que temos na configuração do carisma que nos toca viver, a 150 anos da fundação.

3.5 Refazer a unidade entre fundador, instituto e missão

Na nossa história há uma comovente nota que nos marca fortemente desde o início: refiro-me à unidade entre fundador, instituto e missão. A poucos anos da fundação do instituto em Verona e desde a chegada dos primeiros membros à missão na África central, vemos já cimentar-se uma profunda unidade entre fundador, missão e membros do instituto, uma fidelidade destes à missão, à pessoa e ao espírito de Daniel Comboni.

A cruz marca profundamente os últimos anos da vida de Daniel Comboni fundador e também o percurso do instituto em Verona e da sua missão em África. De novo, o fundador, o instituto e a missão se unem intimamente, num itinerário pascal, onde o amor à missão é mais forte que a morte.

A unidade entre fundador, instituto e missão é tão forte que o desaparecimento prematuro de Daniel Comboni deixa muitos desorientados, especialmente em Verona, pensando que o instituto não sobreviverá sem ele. O bispo Luigi di Canossa, patrono da obra comboniana, pensa de imediato pô-la sob a orientação de João Bosco e dos salesianos[13]. Outros pensam numa integração do instituto comboniano na congregação estigmatina.

Mas, entre os missionários de Comboni em África e as Pias Madres, superada a hora dramática do desaparecimento do fundador, impõe-se a vontade de ir em frente, no nome e na memória de Daniel Comboni, honrando a sua herança e paixão missionária.

Da missão de Delen, o padre Luigi Bonomi «como intérprete dos sentimentos de todos» escreve: «Nós todos, tanto de Cartum como de El Obeid, como de Núbia indistintamente, se sentimos profundamente a irreparável perda não estamos menos profundamente decididos a

continuar, com aquelas forças que o Senhor nos dá e com a sua graça, a nossa santa obra; onde, se não somos dignos de levar frutos grandiosos, estamos porém dispostos a sofrer por Jesus Cristo e a sua glória»[14].

Esta unidade entre fundador, instituto e missão é um elemento decisivo para a hermenêutica da nossa história, uma das suas chaves de leitura. Conservar esta unidade entre fundador, instituto e missão é o desafio que nos acompanha em cada tempo e lugar comboniano.

Quando acontecem duas importantes actualizações da missão do instituto, com a abertura na América Latina, nos anos 60, e a abertura na Ásia, em finais dos anos 80 (capítulo de 1985), não conseguimos conservar esta unidade: sectores do instituto, uma alma comboniana significativa, resiste a este alargamento da sua missão. E hoje, há também uma alma comboniana que resiste a reconhecer as dimensões novas da missão, como o empenho pela justiça e a paz, a defesa da criação e a ecologia, o empenho com os migrantes. Esta situação contrasta com o sentimento predominante até aos inícios dos anos 60. Nos primeiros alargamentos da missão comboniana, sobretudo naquele que ocorreu nos inícios dos anos 60, a seguir à expulsão do Sul do Sudão em 1964, conseguimos manter e recriar esta unidade entre fundador, instituto e missão.

Este alargamento da missão comboniana nos anos 60 veio de modo inesperado e provocado (aparentemente) por elementos externos e dolorosos. Mas esta hora de sofrimento encontrou-nos unidos numa nova actualização da missão do instituto: estas aberturas fizeram-se em clima carismático de grande unidade e entusiasmo à volta do fundador e da missão (os missionários expulsos oferecem-se para novas aberturas).

3.6 Rever os métodos de discernimento capitular

No início do nosso caminho de discernimento como instituto, temos uma tradição de capítulos gerais como momentos de discernimento familiar, em que se procuram respostas concretas para problemas concretos, submetidos ao discernimento capitular. Os capítulos são vistos como a autoridade suprema para o discernimento sobre a vida do instituto e os capitulares levam ao capítulo os problemas e as situações que requerem discernimento.

A nossa Regra da Vida consagra esta aproximação ao discernimento capitular, que prevaleceu até aos anos 60, actualizando e alargando-o numa visão onde a autoridade, também a capitular, se exercita num modo colegial e num contexto de corresponsabilidade e subsidiariedade[15]. O capítulo «deve guardar fielmente o património do Instituto: o carisma do fundador, o fim, o espírito, a índole e as sãs tradições do Instituto»[16].

Sobre os capítulos recai «a responsabilidade de procurar todas as informações necessárias», de «interessar-se sobre todos os problemas do seu colégio eleitoral», de «contactar com os seus eleitores», e de «informar-se sobre a situação de todo o Instituto»[17].

Este empenho dos capitulares em preparar, viver e transmitir os capítulos é forte até aos anos 80 (há inclusive um capítulo, o de 1969, onde eles interrompem o trabalho para regressar às suas províncias com os textos a verificar com os confrades). Mas começa a diminuir nos anos 90, quando começa a haver capítulos onde os delegados se sentem portadores de uma representação directa (infusa) que os dispensa do trabalho de saber o que pensam verdadeiramente aqueles que os elegeram; onde se votam questões para as quais não tinham representação explícita (mandato) pelo simples facto de que as questões não tinham sido anteriormente submetidas à consideração dos membros do instituto.

Estes capítulos configuram-se como momentos carismáticos, fortemente inspiradores e oferecem-nos documentos que unem decisões concretas com apelos e considerações genéricas. Mas muitos perguntam-se como é que estes últimos capítulos gerais não são eficazes, no sentido que não activam significativos processos de transformação do instituto, como se pretenderia, e que muitos destes apelos e orientações propostos não conseguem sair da letra e realizar-se. Será isto por má vontade dos membros do instituto? Ou não será pelo método de discernimento capitular?

Por um lado, parece que o discernimento capitular tenha perdido algo da sua capacidade de responder aos problemas e situações concretas das pessoas e comunidades. Desde os inícios dos anos 90, as relações provinciais levadas ao capítulo já não são lidas, apresentadas e debatidas em aula capitular. Estas relações, tradicionalmente de grande importância nos capítulos (como momento do ver, prévio ao julgar e ao agir), são impressas e deixadas ao fundo da sala para eventual consulta dos capitulares. A sua apresentação e discussão foram substituídas pela apresentação das relações continentais, que filtram a realidade de cada uma das províncias, em favor de uma visão continental onde considerações de índole estratégia ou ideológica tomam a dianteira, em detrimento de considerações pessoais, comunitárias ou provinciais.

Além disso, em alguns dos últimos capítulos gerais, os membros capitulares rejeitaram os documentos preparatórios e preferiram dar resposta aos problemas do instituto partindo das suas opiniões e sentimentos, do seu trabalho capitular, e não do trabalho preparatório em que os membros do instituto (e estruturas de coordenação, como secretariados) tinham sido, de algum modo, envolvidos segundo os princípios da representatividade e subsidiariedade.

De novo, temos um conceito de representação infusa, directa, com delegados que decidem sobre questões sobre as quais os membros do instituto não foram explicitamente consultados (nos capítulos vota-se questões que não foram preparadas por prévias consultações, estudos e pesquisas).

Estes capítulos, com o tipo de discernimento que põem em acção, são, não obstante tudo, momentos altos de criatividade, em sintonia com o momento da igreja e da sociedade; resta saber se são suficientes para reconfigurar o instituto, segundo «o carisma do fundador, o fim, o espírito, a índole e as sãs tradições»[18], como diz a Regra de Vida. Na tarefa de reconfigurar o instituto, não somos necessários todos? Não precisamos de um discernimento inclusivo de pessoas e estruturas e que não descarte ninguém, nem nada do que é hoje o instituto com toda a sua história de 150 anos?

3.7 Assumir a multiculturalidade: fazer falar entre si as várias almas do instituto

Daniel Comboni pede aos seus missionários um espírito aberto, católico: num século marcado por nacionalismos e antagonismos étnicos, ele vê a sua iniciativa missionária e o instituto que a incarna como uma iniciativa supranacional, «católica, não espanhola ou francesa, alemã ou italiana»[19].

Em 1922-1923, com o processo de criação das duas congregações combonianas, esta herança de Comboni desdobrou-se, quase dividida em duas. A fidelidade à missão permaneceu, mas a sua perspectiva internacional fraquejou: as duas almas originárias do instituto voltaram-se as costas, iniciando percursos de desenvolvimento separados.

A segunda metade do século XX levou novamente as duas congregações combonianas à reunificação e a este contexto internacional originário.

Primeiro, a alma europeia alargou-se, com as aberturas, além de na Inglaterra, também em Portugal e na Espanha (em 1947 e 1954, respectivamente. A abertura na Polónia acontecerá mais tarde).

Segundo, com uma alma latino-americana e a entrada no instituto de um número expressivo de missionários latino-americanos: o afirmar-se desta alma comboniana de sensibilidade latino-americana é certamente um dos desenvolvimentos mais surpreendentes do século XX comboniano.

Terceiro, com o despertar da alma africana do instituto, que se desenvolve nos últimos anos do século XX afirma-se como característica do século XXI comboniano. Do ano 2000 ao 2017, entram no instituto comboniano números consistentes de missionários africanos, um dom de São Daniel Comboni aos seus filhos e a garantia de novos percursos missionários, em África e no mundo (nestes 17 anos fazem a profissão perpétua no instituto comboniano 390 membros, 211 da África, 98 das Américas, 66 da Europa e 15 de Ásia).

A alma asiática é a última a entrar a fazer parte do arco-íris do Instituto comboniano, com a chegada dos primeiros candidatos asiáticos. O instituto olha também para a Ásia com esperança, abrindo-se aos missionários de um continente rico de tradições religiosas, onde a igreja católica é certamente minoritária mas não irrelevante.

Deixar respirar estas diferentes almas do instituto (a que haveria que acrescentar a alma laical, que adquire nova expressão com a criação dos LMC no capítulo de 1991), colocá-las em diálogo umas com as outras na construção de novos percursos missionários, caracterizados pela comunhão fraterna e inspirados em São Daniel Comboni, é o desafio que os combonianos têm de enfrentar na configuração em curso nos inícios deste século XXI.

4. Epílogo: duas considerações e um ícone

A configuração do instituto no início deste novo século está já em curso e é tarefa de todos nós. Nesta reflexão (como noviço atraído por uma história, mais do que como especialista) procurei oferecer motivos para a nossa reflexão e envolvimento. Certamente cada um de nós tem aspectos a sugerir para a discussão que acompanha este processo. Por isso, desde já dou as boas vindas às vossas sugestões. E gostaria de terminar com duas considerações, mais espirituais, e um ícone, mais evangélico.

4.1 A configuração, como momento de kenosis

Daniel Comboni gosta de dizer que «as obras de Deus nascem e crescem aos pés da Cruz»[20]. E crê que a fecundidade apostólica do instituto e de todas as suas iniciativas dependa desta relação com a cruz.

Também nós, neste momento particular de reconfiguração e de procura de nova vitalidade apostólica, olhamos para a Cruz, porque percebemos que cada processo de configuração do instituto implica uma kenosis, uma contemplação aos pés da Cruz de Cristo.

Há um morrer (cada um de nós pode pensar em quê), prévio a cada renascer. Há um renascer daquela chama de caridade divina que sai, brota, do Coração de Cristo. A nossa missão, portanto, nasce do Coração do Filho e a ele se reporta para readquirir a sua fecundidade.

4.2 A configuração, como questão de coração: single-hearted e single-minded

Por isso, e a muitos títulos, a configuração é uma questão de coração: parte do Coração trespassado e procura a doação total do nosso coração, a integração dos nossos carismas pessoais (dos nossos dons, expectativas) no carisma partilhado, doado a Daniel Comboni e hoje vivo no seu instituto como dom partilhado entre todos os seus membros.

Cada configuração requer esta capacidade de ser e viver com um coração e uma só alma, como instituto, de ser single-hearted e single-minded, como indivíduos, duas disposições típicas da nossa cultura comboniana no passado e hoje tão difícil de viver.

Identificar-se com um projecto de instituto torna-se um desafio, num mundo e cultura onde são multíplices os pontos de interesse que determinam a nossa agenda pessoal e tornam fragmentária a consciência de pertença. Não teremos nós necessidade de voltar a viver com/por uma paixão só?

Sabemos que Daniel Comboni era e é capaz de despertar esta capacidade de viver single-hearted e single-minded pela missão. Na partida do primeiro grupo dos seus missionários para a missão, ele «improvisou um discurso, com tanto ardor, zelo e sublimidade, que comoveu várias vezes até às lágrimas toda a assembleia. Tinha, pode-se dizer, toda a alma nos lábios e todo o zelo expresso no rosto. Para dizer a verdade, eu nunca o tinha ouvido falar com tanto entusiasmo e zelo»[21]. É este entusiasmo e zelo pela missão do instituto que precisamos e que somos chamados a procurar n’Ele e comunicar uns aos outros.

4.3 O ícone bíblico para o discernimento: a rede

O ícone bíblico que sugiro, para terminar com um olhar evangélico sobre a leitura da nossa história, sobre a transfusão de memória a operar em favor de uma reconfiguração do instituto, é a da rede, na parábola da rede referida por Mateus[22].

A nossa situação é a de «estar no fim», não do mundo, mas de uma época (Papa Francisco: não só época de mudanças mas mudança de época). Cada presente é tempo final de lançar e puxar as redes. O presente é tempo em que nos encontramos para avaliar a nossa história: é o único tempo que nos é dado, o passado já não existe, o futuro ainda não existe; o discernimento, o nosso juízo sobre a história, é como um lançar e puxar a rede.

A nossa rede lançada sobre a história apanha muitas coisas. A rede que lancei sobre a nossa história talvez tenha apanhado coisas que vós pensais que sejam de deitar fora; deixei outras que vós, talvez, considerais que sejam de preservar. Peçamos ao Senhor o dom de discernir bem, da sintonia no discernimento, para compreender em sintonia o que devemos manter e o que devemos deixar.

Peçamos ao Senhor a graça de ser «escribas (da história) que se tornam discípulos do Reino»; «pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e velhas»; discípulos-missionários com São Daniel Comboni fazendo nosso aquele seu «olhar de pura fé», aquela «disposição que vai ao essencial» e faz «manter sempre fixos os olhos em Jesus Cristo, amando-o ternamente e procurando entender sempre melhor o que significa um Deus morto na cruz pela salvação das almas»[23].

P. Manuel Augusto Lopes Ferreira, mccj
Roma, 1 de Junho de 2017
150 aniversário da fundação do Instituto Comboniano
 


[1] Evangelii gaudium 108.

[2] Evangelii gaudium 224.

[3] Documentos Capitulares 2015, 31 e 32.

[4] Carta de Mons. Comboni ao cardeal Canossa, de 3 de agosto de 1879.

[5] Carta de Mons. Comboni ao Pe Sembianti, de 20 de abril de 1880, de El Obeid.

[6] Regra de Vida 20-22; 20-35.

[7] Pe Vittorino Dellagiacoma, L’Eredità del Comboni, nº 5, página 4.

[8] Carta ao Cardeal Barnabò, de 9 de maio de 1865.

[9] Regras de 1871, Natureza e objectivo do Instituto.

[10] Regra de Vida, Segunda Secção 36-45 «Vida Comunitária».

[11] Fidel González, Sussidi in Famiglia Comboniana de Fevereiro e Março de 2017.

[12] Regra de Vida, números 56-71.

[13] Carta do Cardeal Canossa ao Pe Sembianti, de 13 de outubro de 1881.

[14] Carta do Pe Luigi Bonomi ao Pe Sembianti, de 7 de novembro de 1881.

[15] Regra de Vida, números 105 e 106; 146.

[16] Regra de Vida, número 146.

[17] Regra de Vida, número 151.1.

[18] Regra de Vida, número 146.

[19] Aldo Gilli, L’Istituto Comboniano, páginas 24 e 25.

[20] Escritos, número 4673.

[21] Carta de don Giovanni Losi a don Squaranti, Cairo, 27 de janeiro de 1873.

[22] Mateus 13, 47-52.

[23] Relatório de Daniel Comboni ao cardeal Barnabò, de 2 de março de 1872.