Festa missionária na comunidade do noviciado Europeu em Santarém

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Roma: sexta-feira, 25 de maio de 2012
No passado domingo, dia 20, realizou-se a tradicional festa missionária do mês de maio na comunidade do noviciado europeu em Santarém, Portugal. O acontecimento especial desta celebração foi a presença do P. Bernard Makadani Zulu, director nacional das Obras Missionárias Pontifícias (OMP) da Zâmbia – ver entrevista abaixo – e do P. António de Sousa Bento, director das mesmas OMP da diocese de Santarém. A presença do P. Bernard, sempre com o sorriso nos lábios, deu um tom missionário africano à festa.

P. Carlos Alberto Nunes, mccj com P. Bernard Makadani Zulu.

O dia esteve chuvoso, mas nada impediu a boa participação de cerca de 250 colaboradores, benfeitores e amigos. O ambiente foi de alegria como todas as celebrações missionárias devem ser. Houve festa, partilha, sorrisos e muita compreensão e generosidade da parte de todos quer nos encontros da manhã (grupos de adultos, jovens e crianças) como na celebração da Eucaristia e no convívio da tarde, depois do farnel partilhado. Recordou-se o Dia Mundial da Comunicação Social, neste domingo da Ascensão, e rezou-se desde já pela primeira Profissão Religiosa dos três noviços combonianos que terá lugar no próximo sábado, dia 26, na Sé de Santarém.

O acontecimento especial desta celebração foi a presença do P. Bernard Zulu, director nacional das Obras Missionárias Pontifícias (OMP) da Zâmbia e do P. António de Sousa Bento, director das mesmas OMP da diocese de Santarém. A presença do P. Bernard, sempre com o sorriso nos lábios, deu um tom missionário africano à festa. Durante o encontro com os adultos e na Eucaristia, o P. Bernard partilhou a sua alegria de poder estar ali presente. “Todos somos Igreja missionária pelo Baptismo. Agradeço a todos os missionários que levaram a fé à África. Hoje, nós africanos participamos na missão da Igreja, como fruto desse trabalho missionário”, realçou o P. Bernard. E concluiu: “Obrigado/Zikomo pela oportunidade que os Combonianos me deram de estar aqui convosco. Continuai a vossa colaboração com a missão e que Deus vos abençoe a todos! Somos testemunhas até aos confins da terra.”

O P. Bernard Zulu cativou o coração de todos com a sua presença simples, as suas palavras cheias de espírito missionário e também com as suas canções em Chinyianja e a sua participação nas danças no momento do convívio. Segundo o testemunho do P. Carlos Nunes, o P. Bernard foi ali “um bom representante da África, tendo conseguido animar e renovar o espírito missionário de todos os presentes”.

Entrevista ao P. Bernard Zulu
Director Nacional das OMP na Zâmbia

Bernard Makadani Zulu é um padre diocesano da Zâmbia, oriundo da diocese de Chipata, e encontra-se a trabalhar na Arquidiocese de Lusaka como director nacional das Obras Missionárias Pontifícias (OMP). Depois da reunião que teve em Roma nas primeiras duas semanas de Maio, com todos os directores nacionais das OMP, veio de visita a Fátima, Portugal. Esteve na comunidade comboniana do noviciado europeu de Santarém, onde passou cinco dias participando na vida da comunidade e na Festa Missionária, no domingo dia 20. Entretanto visitou Fátima e participou na abertura da Exposição Missionária. O P. Bernard partiu de volta à Zâmbia na manhã do dia 21. O P. Carlos Alberto Nunes fez-lhe algumas perguntas. Aqui, publicamos as suas respostas.

Bem vindo, acabado de chegar da Zâmbia. Como está a Zâmbia e como vai o seu trabalho como director das OMP?
A Zâmbia está bem. Tem havido desenvolvimentos nos últimos tempos: Temos o primeiro cardeal Zambiano (Cardeal Medardo Mazombwe); há um bispo auxiliar na diocese de Chipata onde muitos Combonianos trabalham; uma nova diocese foi criada em Kabwe. Politicamente, temos um novo governo liderado pelo presidente católico Michael Sata que venceu as eleições em Setembro do ano passado…esperamos para ver progresso no país.

…E o seu trabalho como director das OMP?
Apesar de ser recente, o secretariado das OMP está a trabalhar bem. Estamos a organizar as coisas para oferecer um melhor serviço de animação missionária ligado a outras obras da Igreja local, às várias dioceses e Instituições eclesiais. Acredito que o trabalho em conjunto dará bons frutos. Compreensão e partilha entre todos, contribuem mais para o crescimento da cooperação missionária. Queremos que todos se sintam responsáveis na promoção da missão da Igreja: Padres diocesanos e missionários, religiosos e religiosas, catequistas e leigos em todos os campos de actividade. Sinto-me encorajado a tentar pôr em prática o provérbio africano que diz: “Um exercito de formigas bem organizadas pode deitar abaixo um elefante”.

Veio para visitar Fátima…o país e amigos. Qual a sua impressão do que viu em Portugal? Como é que o país e a Igreja lhe parecem?
A minha experiência em Fátima foi bela de verdade. Senti-me parte do espírito de oração e adoração no santuário. Fiquei feliz por encontrar gente de todas as partes do mundo a rezar em Fátima. Para mim, foi a confirmação de que o nosso baptismo nos faz “família de Deus” como o Sínodo africano afirmou. Fátima deu-me a oportunidade de reflectir profundamente no significado da presença da nossa Mãe do céu na nossa vida e na missão da Igreja. Ela é fonte de alegria, imagem da mulher que serve a família da Igreja no silêncio do coração. Gostei de ver que se celebram missas em várias línguas…espero celebrar lá um dia em Chinyanja.

…visitou um pouco do país…gostou?
A impressão que me fica desta breve visita é a de que o povo é trabalhador. Fiquei impressionado ao saber que as pessoas se dedicam de alma e coração ao que fazem…seja agricultores, pescadores, negociantes, pastoralistas…Trabalham para ganhar a vida. Senti-me muito bem acolhido. Toda a gente que eu encontrei e visitei foram muito acolhedores e hospitaleiros. O país tem boa infra-estrutura, uma história muito rica. Fico admirado ao ver os monumentos, estradas…Por todo o lado se vê história passada e presente.

Participou na introdução à “Exposição Missionária” em Fátima. O que sentiu quanto à missão em Portugal?
Participar na exposição missionária em Fátima foi outra experiência de fé e missão para mim. Tenho a certeza que tal iniciativa vai ajudar muito a gente a compreender e orientar a sua vida de fé em sentido missionário. Ajudará também todos e sempre a sentirem-se envolvidos na missão da Igreja como baptizados. A exposição missionária deu-me oportunidade de ver a universalidade da missão em Portugal. Fiquei feliz por ver que muitos dos participantes são oriundos dos países de missão jovem... África, Ásia, América Latina…e estão agora a servir a missão em Portugal. Isto é a confirmação da importância da partilha na Igreja: Partilha de dons espirituais, materiais e humanos para a missão. A missão é universal e deve ser promovida por todos e em todas as igrejas. Fiquei muito optimista acerca dos esforços missionários da Igreja em Portugal.

Como compara uma Igreja jovem – na Zâmbia, com uma Igreja antiga – em Portugal?
Falando como padre diocesano africano que sou, reconheço que a Igreja de Portugal contribuiu muito para a expansão e crescimento da Fé em todo o mundo. A semente que foi semeada ao longo dos séculos está agora a dar frutos nos chamados “países de missão”. Sinais disso são as comunidades cristãs vibrantes; os filhos e filhas das igrejas jovens que entram nas Congregações Religiosas e se dedicam à Igreja; Institutos jovens fundados no solo dessas igrejas jovens… As Igrejas antigas como a de Portugal ofereceram às igrejas jovens como a da Zâmbia um serviço de missão exemplar. Agora a Igreja de África é chamada a ser missionária também não só em África mas “até aos confins da terra” como Jesus mandou. A Igreja em África partilha agora com a Igreja universal a vocação para evangelizar o mundo inteiro. Sinto-me de verdade muito feliz por ver missionários e missionárias dos países de missão fazerem parte da missão da Igreja em Portugal. Acredito que eles e elas são um dom de Deus a esta Igreja local para a ajudar a renovar, a re-evangelizar, a reviver e a dar novo impulso à sua missão. As igrejas jovens que mandam missionários às igrejas antigas tornam-se um sinal evidente de comunhão na missão universal da Igreja. Isso intensifica a comunhão fraterna, profunda e concreta entre as igrejas e promove o espírito missionário e a evangelização no mundo inteiro.

É desde há 9 anos director nacional das OMP na Zâmbia. Que importância acha que têm as OMP numa Igreja Local?
Ser director das OMP tem sido uma responsabilidade muito interessante para mim. A nossa missão é antes de mais promover o espírito de missão e a espiritualidade missionária no povo de Deus começando pelas crianças e acabando nos padres e religiosos. Informar e ajudar a sentir que todos e sempre somos missionários e temos que partilhar a nossa fé e ajuda mutua seja com valores espirituais, recursos materiais ou pessoal missionário. Cada um deve pensar sempre que “ninguém é tão pobre que não possa dar nada, nem tão rico que não precise de receber nada”. Estas são as razões para um espírito de solidariedade que leve em frente o mandato de Jesus para evangelizar todo o mundo incarnando o que Jesus disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”. As OMP são de grande importância e têm uma responsabilidade muito grande em qualquer Igreja porque lembram e promovem a vocação missionária de cada um e todos os baptizados.

Antes de regressar à Zâmbia, que mensagem gostaria de nos deixar a nós Missionários Combonianos com quem tem trabalhado e continuará a trabalhar na Zâmbia?
Gostaria de encorajar os missionários Combonianos a continuarem a fazer animação missionária como parte da vossa missão. Conheço os Combonianos desde os bancos da escola na Zâmbia. Como sacerdote diocesano tenho trabalhado de perto com vários membros do Instituto da província de Malawi e Zâmbia. Aprendi a ser missionário com o exemplo dos Combonianos. É um segredo conhecido que eu admiro muito o vosso espírito nas pegadas de S. Daniel Comboni que deu a vida pela África. Continuais a fazer um grande trabalho missionário na África e vejo que também aqui na Europa. Muito obrigado pelo vosso zelo missionário onde quer que estais. Recordar-vos-ei na minha oração e na celebração da Eucaristia. Peço também a vossa oração pela Zâmbia, pela África. Obrigado pela oportunidade que me deste de visitar Fátima e Portugal e pelo acolhimento de estilo africano. Continuemos a caminhar juntos no caminho da missão.
Por Carlos Alberto Nunes, mccj