Recordando Dom Gianfranco Masserdotti, comboniano, Bispo de Balsas, no Brasil

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Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021
O missionário comboniano italiano Dom Gianfranco Masserdotti, bispo da diocese de Balsas, no Brasil, faleceu no dia 17 de Setembro de 2006, vítima de um acidente estradal. Tinha 65 anos. Hoje, passados 15 anos, os combonianos do Brasil querem fazer memória deste seu confrade que pautou a sua vida missionária na luta pela defesa dos direitos humanos e dos povos indígenas (CIMI) e pela defesa da família e da justiça. A vida de Dom Masserdotti é um nobre exemplo de serviço ao povo, a Jesus Cristo e ao Reino de Deus. [
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Dom Franco Masserdotti, como era conhecido, nasceu em 1941, na Itália. Chegou ao Brasil em 1971, em plena época da ditadura militar. Aprendeu os caminhos missionários junto ao povo do Maranhão, como pároco em Pastos Bons. Pouco depois, tornou-se coordenador da pastoral diocesana de Balsas. De 1979 a 1985, Padre Franco serviu a Congregação Comboniana como Assistente Geral, em Roma. Em 1983, voltou ao Brasil para acompanhar os jovens em formação missionária em São Paulo. Neste período, publicou o livro Meditações de Espiritualidade Missionária. Em 1995, foi nomeado bispo coadjutor de Dom Rino Carlesi, para a diocese de Balsas, ao qual sucedeu como bispo titular em 1998. Na sua pastoral planejou e lançou vários projetos para renovar as estruturas da Igreja e fortalecer o povo maranhense: a Casa de Oração; o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos; um centro de recuperação para dependentes químicos; um projeto de acompanhamento dos meninos em situação de rua e outro de solidariedade com os leprosos; o Projeto “Rio-Peixe”; a Rádio "Boas Notícias"; o projeto de cooperação missionária “Além das Fronteiras” entre Balsas (MA) e Lichinga (Moçambique).

Durante seu serviço episcopal, foi Presidente do Regional Nordeste 5, Secretário Geral do COMINA, membro da Comissão de Missões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e responsável pela Dimensão Ad Gentes do CELAM, Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

a) A Igreja que sonhava
Uma Igreja que saiba renunciar ao passado, reinventando-se na capacidade de ouvir o grito dos oprimidos. “Não quero alimentar uma Igreja que, na prática, demostra acreditar pouco na força do Evangelho e sente a necessidade de se escorar com ambíguas alianças, com o poder, o dinheiro ou com as obras e as organizações mastodônticas”.

b) Espiritualidade Missionária
Estava sempre em atitude de êxodo. “Custou-me deixar a minha comunidade e minha gente pobre de São Paulo: estes afastamentos são o pão, um pouco amargo da vida missionária”. Nos momentos mais difíceis e nos debates, não faltava o seu humorismo. “É necessário temperar nosso trabalho com humor que nos ajuda a sorrir, a esperar e a relativizar os insucessos”.

c) Metodologia Missionária
Amava viver em comunidade: No sexto Encontro Inter-regional das Comunidades Eclesiais de Base (Goiás 1986), proclamava: “A Trindade é a melhor Comunidade”. Na diocese de Balsas, procurou fazer crescer a amizade entre os agentes de pastoral. “Fazer crescer o gosto de nos encontrarmos unidos, de nos ajudarmos, de acompanhar cada um os passos do outro, de nos estimularmos sem nos determos satisfeitos, porque também isso é sinal de libertação e de crescimento a serviço do povo.”

d) Carinho pelos Pobres
Servia a todos com solicitude especial, promovendo a vida dos mais sofridos: a mulher, os leprosos, os idosos, os drogados, os desempregados, os afrodescententes, os sem-terra, os pescadores, os jovens. “Corta o coração ver e receber diariamente mães, crianças, idosos que vêm pedir ajuda e receber uma palavra de esperança, um gesto de fraternidade. Que o Senhor nos ajude a acreditar que ele constrói a história através de pequenos gestos de amor aos pobres”.

e) Práxis Transformadora
Ele não deixava que a caridade se tornasse paternalismo; para isso, procurava criar redes de solidariedade entre os agentes de pastoral, da sua Igreja de Balsas e das outras Igrejas do Maranhão, ajudando-os a se tornarem protagonistas de sua própria libertação. Em junho de 2000, Dom Franco estava acompanhando uma marcha pacífica dos povos indígenas do Brasil, unidos a outros movimentos e grupos marginalizados. A polícia armada começou a maltratar os povos indígenas, cercou o grupo de missionários e prendeu Dom Franco por ser presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Foi uma humilhação, mas não um grande sofrimento: “Confesso-vos – relata Dom Franco – que eu vivi aquelas horas como uma graça do Senhor que nos permitiu estar mais unidos e solidários com tantos nossos irmãos e irmã que desde há cinco séculos sofre exclusão e repressão”.