Universidade comboniana vive «relação de fraternidade entre católicos e muçulmanos» no Sudão

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Sexta-feira, 21 de Outubro de 2022
O padre Jorge Carlos Naranjo, missionário comboniano em missão no Sudão, disse à Agência ECCLESIA que desde os anos 90 que na Universidade comboniana, fundada com autorização do Estado, se vive uma “relação de fraternidade entre católicos e muçulmanos”. Os estudantes cristãos que frequentam a Universidaade são cerca de 55 por cento. (Comboni College of Science and Technology)

“Há uma relação de fraternidade, sem dúvida, partilhamos as dificuldades da nação, as dificuldades dos estudantes pagarem as propinas e, juntos, procuramos benfeitores para ajudar”, relata o religioso. O missionário comboniano, há 14 anos em missão em Cartum, no Sudão, recorda o início desta Universidade, fundada em 2001, para “promoção dos estudos universitários aos jovens africanos que já tinham estudado nas escolas combonianas”.

Universidade comboniana em Cartum, no Sudão: Comboni College of Science and Technology.

“Temos de pensar que havia a lei islâmica e eram anos difíceis, parecia impossível que o governo islâmico aprovasse um projeto universitário da Igreja Católica, mas tal concretizou-se”, conta. O padre espanhol, Jorge Naranjo, descreve que “foi apresentada a ideia e, fruto da colaboração entre a igreja local, os missionários combonianos e os muçulmanos”, conseguiram a aprovação do governo. Atualmente a Universidade comboniana “Science and Technology” tem muitos docentes muçulmanos e “55 por cento de estudantes cristãos”.

“Rezamos uns pelos outros, quando há um problema peço a oração dos meus irmãos muçulmanos e eles fazem o mesmo, vemo-nos como irmãos que partilham o mesmo projeto, os mesmos desafios e a mesma visão educativa, procuramos juntos o bem de todos, o bem deste país”. O missionário referiu ainda que na Universidade se pode encontrar “uma capela para oração cristã” e, noutro edifício, existem “umas salas para a oração dos muçulmanos”. “Mais do que pensar as religiões pensamos as pessoas que podem ter uma religião diferente, eu no meu dia a dia não penso no Islão como ideia abstrata, tenho relação concreta com pessoas muçulmanas, que procuram ter boa relação com Deus, serem honestas e procuram fazer o bem”, esclarece.

Para o missionário comboniano estar em missão no Sudão, onde há 97 por cento de muçulmanos, é um “lugar muito especial”, pois o fundador, São Daniel Comboni, “passou cá grande parte da vida e aqui morreu”. A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, neste sábado, pelas 6h00, ficando depois disponível online e em podcast.
[SN – Ecclesia]