Quinta-feira, 17 de Março de 2022
O Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso da Santa Sé, afirmou que “as fronteiras existem, mas não se podem tornar muros ou moldar o futuro”, falando numa reflexão sobre a Europa atual, na Faculdade de Teologia do Triveneto, em Pádua, no norte da Itália.
“Na ausência de visões amplas há um ressurgimento de perspetivas nacionais antagónicas ou nacionalistas face a uma globalização que parece ameaçadora”, alertou o cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, num discurso que foi lido, esta terça-feira, na abertura do dia académico da Faculdade de Teologia do Triveneto.
‘Religiões e fraternidade na Europa, hoje. A exortação da encíclica ‘Fratelli tutti” foi o tema da reflexão do presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, que foi lida pelo secretário-geral da faculdade, o padre Gaudenzio Zambon. D. Miguel Ángel assinalou que “as fronteiras existem, mas não podem se tornar muros ou moldar o futuro”: “Os que creem superam com o olhar do coração e a palavra do diálogo”, informa o portal ‘Vatican News’.
Segundo o cardeal espanhol, não é necessário “menos Europa, mas mais Europa” porque só uma Europa mais unida e solidária pode “enfrentar os desafios da globalização”. “Uma Europa mais forte ajuda não só os europeus. É também um grande impulso para desenvolver a globalização da solidariedade da qual o Papa Francisco fala”, acrescentou.
Para o responsável do Conselho para o Diálogo Inter-religioso da Santa Sé, o papel das religiões e das Igrejas “é fundamental”, para o bem dos povos europeus e do mundo inteiro, “para combater os nacionalismos e para construir a paz”. “A fraternidade constitui, ao mesmo tempo, o método e o objetivo a ser perseguido na construção de sociedades pacíficas e inclusivas”, explicou D. Miguel Ángel, referindo que a fraternidade é também a manifestação de atos concretos, “de integração entre diferentes pessoas e entre países”.
Neste contexto, citando a encíclica ‘Fratelli tutti’ [Todos irmãos], acrescentou que é a afirmação de que o diálogo quando é ‘perseverante e corajoso não faz notícia como os confrontos e os conflitos, no entanto, ajuda discretamente o mundo a viver melhor, muito mais do que podemos perceber’. “O homem compartilha com seus irmãos não apenas uma origem e uma descendência comum, mas também um destino comum, o de criaturas frágeis e vulneráveis em saúde e destino, como o período histórico que estamos vivendo claramente demonstrou”, exemplificou.
No dia académico da Faculdade de Teologia do Triveneto, o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso lembrou que são “exortados a ter esperança e responsabilidade” e não podem “ficar indiferentes”, recordando a parábola do Bom Samaritano, “paradigma da necessidade de uma cultura do cuidado uns com os outros, e não da indiferença”.
[CB – Ecclesia]