Comboni, neste dia

Da Khartoum si reca a Berber (1874) per allestire la casa camilliana
A Demetrio Prada, 1880
Noi facciamo il bene per un ottimo fine, senza curarci di chi non lo conosce

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Sinal (*)
Remetente
Data
1
Josefina Bertoldi
0
Verona
27.12.1850

N.o 1 - A JOSEFINA BERTOLDI

ACR, A, c. 14/1

Verona, 27 de Dezembro de 1850

Estimadíssima Senhora,

[1]

Não pode certamente compreender quanto lamento não ter feito o que era meu vivo desejo, ou seja, devolver o mais rápido possível o livro que a senhora fez o favor de me emprestar. Sim, minha senhora, no mesmo dia em que seu irmão me trouxe o segundo volume das cartas escolhidas de Mme. Sévigné, eu havia preparado o primeiro, com uma breve nota, para lho enviar: mas vendo que se antecipou, sinto-me na obrigação de lhe pedir desculpa pela minha negligência, certo de que a sua generosa bondade a levará a perdoar-me. Estou-lhe muito grato pelo grande favor que me fez e, vendo-me notavelmente favorecido acima dos meus méritos, e ao mesmo tempo honrado com uma nova prova do seu bom coração, rogo-lhe que aceite a oferta do meu, que está verdadeiramente cheio de reconhecimento para com a sua distinta pessoa, isto é, peço-lhe que aceite o meu mais sincero obrigado, que apresento a quem generosamente se digna multiplicar as suas gentilezas para com este que lhe ficará sempre agradecido.


[2]

Li, quase por completo, o primeiro volume das cartas francesas e encontrei com que inebriar sobremaneira o meu espírito de um inefável prazer, acima das minhas expectativas; porque, se bem que se deva preferir a língua da própria pátria às estrangeiras, no tocante a cartas, todavia, vejo-me obrigado a admitir que nunca encontrei uma pena italiana que me tenha sido tão agradável como a francesa com a qual teve o prazer de me honrar. Por isso, visto a língua francesa ser muito importante sobretudo para quem, em conversações brilhantes, pretende fazer boa figura e mais ainda pela nobre elegância que é própria desta língua, permita-me que a exorte a aperfeiçoar-se profundamente no conhecimento da mesma, dado que o estudo das línguas é hoje uma parte necessária a uma educação distinta. Daí esta sugestão do seu devoto servidor e, ao mesmo tempo, para ser favorecido por si nesta ocasião, peço-lhe que aceite os mais sinceros sentimentos de gratidão que, desde o primeiro momento em que tive a honra de falar consigo, me preocupei muito em lhe exprimir, na esperança de lhos renovar, na próxima vez que tiver a honra de ver a sua digna pessoa.

Conceda-me outrossim o favor de apresentar os meus melhores obséquios a seu pai, enquanto, reiterando os meus pedidos, aproveito a feliz oportunidade para lhe testemunhar os meus respeitosos sentimentos de estima e de alta consideração, que conservarei ao longo da minha vida.



O seu humilde servidor

Daniel Comboni, clérigo



Original francês

Tradução do italiano




 


2
Assinatura no registro
1
Limone
1851
N.o 2 (1191)

ASSINATURA NO REGISTO DA PARÓQUIA DE LIMONE

APL (Arq. Paroq. de Limone)





3
Instancia na Curia Ep.
1
Verona
27. 7.1854
N.o 3 (1192) - À CÚRIA EPISCOPAL DE VERONA

ASCV, Património (1854) Comboni


Instancia na Curia Ep. para obter o património eclesiástico.



4
Pedido de autorizaçao
1
Verona
1855
N.o 4 (2) - A PIO IX

PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO

PARA LER LIVROS DO ÍNDICE

ACR, A, c. 21/18 n.o 6





5
Assinaturas de missas
1
Verona
1855
N.o 5 (3) - ASSINATURAS DAS MISSAS

CELEBRADAS EM ST.o ESTÊVÃO, VERONA

ASSV





6
Assinaturas de missas
1
Verona
1855
N.o 6 (4) - ASSINATURAS DAS MISSAS CELEBRADAS

EM S. JOÃO BAPTISTA IN SACCO, VERONA

AMV





7
Assinaturas de missas
1
Verona
1856
N.o 7 (5) - ASSINATURAS DAS MISSAS CELEBRADAS

EM ST.o ESTÊVÃO, VERONA

ASSV





8
Assinaturas de missas
1
Verona
1856
N.o 8 (6) - ASSINATURAS DAS MISSAS CELEBRADAS

EM S. JOÃO BAPTISTA IN SACCO, VERONA

AMV





9
P.e Pedro Grana
0
Verona
4. 7.1857

N.o 9 (7) - P.e PEDRO GRANA

ACR, A, c. 15/36

Verona, 4 de Julho de 1857

Muito rev.do e estimado sr.,


 

[3]
A confiança expressa na sua carta impele-me a dar-lhe a conhecer o verdadeiro estado em que me encontro. Antes, conforta-me grandemente revelar-lhe a perturbação que neste momento agita o meu espírito. Como creio ter-lhe dito outra vez, estou inclinado a percorrer o árduo caminho das missões e, concretamente, desde há mais de oito anos, o das missões da África Central, que têm sido objecto de parte dos meus estudos. O superior, consciente das minhas intenções, contou sempre comigo para me utilizar na fundação da sua missão naquelas desertas e ardentes solidões; e para tal fim, decidiu já desde o ano passado enviar-me até lá com a próxima expedição, que terá lugar em finais do próximo mês de Agosto ou princípios de Setembro, desde que consiga resolver os muitos assuntos da missão, tanto em Roma como em Viena. Em relação a estes, já terminou quase tudo, pelo que, já quando do meu regresso de Limone, me avisou que me preparasse para a empresa, resolvendo assuntos familiares e quanto me diz respeito. Eu há muito que suspirava por este momento com mais ardor que um casal de namorados apaixonados suspiram pelo momento do casamento. Mas eis que entretanto me assustam duas graves dificuldades; são enormes e sem a sua solução eu, por certo, não me decido a partir para a missão.


[4]
A primeira é a preocupação de abandonar dois pobres pais que nesta terra não têm outra consolação senão a de um único filho; mas esta é fácil de superar, já que a nossa missão é de tal natureza que, atendendo ao rigor do clima e aos assuntos que a ligam à Europa, nos vemos obrigados a vir aqui todos os anos ou, pelo menos, cada dois, e, por conseguinte, não existiria um abandono total. Seria como se estivesse um ano ou dois sem vê-los; além disso, o constante relacionamento poderia amenizar todo o afastamento. Mas isto, como dizia, não me provoca tanto pesar, tanto mais que já me escreveram dizendo que se colocam nas mãos da Providência e que se sujeitam, naturalmente com dor, à momentânea separação. A outra dificuldade é que quero, antes de partir, que lhes seja assegurada uma cómoda existência, a qual eu obteria com o pagamento de todas as dívidas.

Com efeito, eu creio que, quando o meu pequeno terreno estiver livre de todos os ónus resultantes das tristes circunstâncias passadas, com o primeiro salário, com o rendimento do pequeno campo, e com as missas que eu poderei celebrar na missão, segundo as intenções de uma certa pessoa que entregará as correspondentes esmolas a meus pais (e espero, incluídas também as viagens, poder celebrar duzentas ao ano), eles poderão viver comodamente.


[5]
Mas, de momento, o que fazer para obter tudo isto? Eu, por agora, não tenho meios, nem quero arranjá-los de maneira mesquinha ou audaz. Por conseguinte, não sei que irá acontecer. Certo é que, sem ter resolvido tudo isto, não quero partir para a missão africana. E na minha situação está também o P.e Melotto; de modo que não se sabe o que sucederá. O certo é que esta incerteza, e muito mais para mim a preocupação de me afastar ainda que momentaneamente de meus pais, a viverem nas actuais circunstâncias familiares, como sabe (e especialmente pensando na minha mãe), produz em mim um grande transtorno.


[6]
Resolvidas, porém, as duas ora citadas dificuldades, estou decidido a partir; mas a ideia da dor de meus pais, o isolamento em que irão encontrar-se, eis o que me perturba. Eu não tenho medo nem da vida, nem das dificuldades da missão, nem de nada; mas o que diz respeito aos meus dois velhos faz-me tremer. Assim, por esta incerteza e consternação do meu ânimo, decidi fazer os exercícios para implorar a ajuda do Céu. Se eu abandonar a ideia de me consagrar às missões estrangeiras, serei mártir por toda a vida de um desejo que nasceu no meu espírito há mais de 14 anos, e sempre cresceu, à medida que fui conhecendo a sublimidade do apostolado.


[7]
Se eu abraçar a ideia das missões, torno mártires dois pobres pais. Nem sequer é válido o pensamento de que, mortos os pais, pensarei então nas missões. Poderia eu desejar-lhes a morte? Essa ideia não é de cristão nem de sacerdote, mas de vândalo ou de canibal; e eu sempre desejei e desejarei morrer primeiro que eles. Por outro lado, se não se for para as missões antes dos tinta anos, é melhor abandonar essa ideia, pois, avançada um pouco a idade, não será possível aprender as diversas línguas ainda desconhecidas das tribos de África para onde iremos; além disso, a experiência ensina que aventurar-se naquelas regiões com uma idade superior à mencionada traz consigo uma rápida morte.


[8]
Portanto, não sei dizer-lhe nada ao certo nem de concreto: só que ora estou inquieto ora cheio de esperança; ora me assaltam ideias sedutoras ora desencorajadoras. Se consulto quem sempre dirigiu a minha consciência, sou encorajado a decidir-me pela partida; se olho para a família, fico aterrorizado; se penso no mundo, aceitando o empenho, vou contar com a maldição de quem conhece as minhas circunstâncias de família e pensa como o mundo; se penso no meu coração, ele sugere-me que sacrifique tudo e que corra para as missões, desprezando ditos e mexericos. Imagine a tempestade da minha alma, a luta, o conflito que me perturba.


[9]
Assim, neste contraste universal das minhas ideias, acho oportuno o projecto de fazer os exercícios, de consultar a religião e Deus; e Ele, que é justo e tudo governa, saberá tirar-me desta ansiedade, combinar tudo e consolar meus pais, se me chamar a dar a vida sob o estandarte da cruz na África; ou então, se não me chamar, saberá levantar tamanhos obstáculos, que me seja impossível a realização dos meus planos. Por isso, o melhor é exclamar com Samuel: loquere Domine, quia audit servus tuus: e, resolvido tudo conforme o divino beneplácito, repetir com Job: sicut placuit Domino, ita factum est: sit nomen Domini benedictum.


[10]
Lamento, por um lado, por não ter passado por Toscolano: mas, por outro lado, para Limone é muito melhor, porque assim esta terra participa da benéfica influência da sua presença. O retrato do superior está ainda a ser feito: ou, por outra, há mais de um mês que nem eu nem os outros colegas sacerdotes temos dele notícias. Apenas seja posto à disposição do inst.to, a primeira coisa que farei será mandar-lhe uma cópia. Do Margotti, desde que cheguei a Verona que já estavam esgotados os exemplares, pelo que já se começou a fazer outra edição milanesa, que de um dia para o outro virá a lume; apenas saia, mandar-lha-ei. No que respeita ao meu Breviário, levar-lho-ei logo que for a Limone.


[11]
Eis o essencial do conflito que agora se agita no meu coração. Eu não sei que partido tomar: se a Providência se mostrar favorável aos meus desejos, combinando tudo, assegurando a meus pais uma subsistência cómoda, correrei alegre para a grande empresa; se Deus não quiser de mim essa obra, baixarei a cabeça e bendirei dolorosamente a vontade do Céu. Sed hoc sub sigillo secreti, inter nos, por favor! Escreva-me algo de belo, console habilmente os meus pobres pais e console-me também a mim: escreva-me. Ah, como são agradáveis as palavras de um amigo que está longe! Aqui, no inst.to, só me atrevo a falar claramente com dois ou três bons amigos. Eles consolam-me e fazem sentir-me pequeno! O que, porém, me dá conforto é ter um companheiro preocupado com os mesmos problemas: é o P.e Melloto. Este tem o mesmo desejo que eu, quiçá não tão ARDENTE, porque há naturalmente menos fogo na Lombardia que no Véneto... encontro-o mais resignado que eu. Pelo que necessito de ser recordado no grande Sacrifício, quando em Limone, na igreja de S. Bento, levantar a hóstia pacífica da consolação.


[12]
Espero, por outro lado, dar-lhe notícias concretas até meados de Agosto. Seja o que deus quiser; devemos adaptar-nos em tudo. Beltrame já escreveu a sua viagem através do Barel-Azek: é um volume como o de Tiboni e será imediatamente impresso em [...] pelo Comité das Missões em Viena, depois em Verona.

Entretanto, receba saudações de todos os irmãos sacerdotes e especialmente os do perturbado



Seu af.mo amigo e s.

Daniel Comboni, sac.



N. B. A quinta folha da carta está um pouco deteriorada.






10
P.e Pedro Grana
0
Verona
13. 8.1857
N.o 10 (8) - A P.e PEDRO GRANA

ACR, A, c.15/41



Verona, 13 de Agosto de 1857



Meu reverendo P.e Pedro,



[13]
Terminei finalmente os santos exercícios; e depois de me ter aconselhado com Deus e com os homens, concluí que a ideia das missões é a minha verdadeira vocação: o sucessor do grande servo de Deus P.e Bertoni, o padre Marani, respondeu-me até que, fazendo um quadro da minha vida, das circunstâncias passadas e actuais, assegura-me que a minha vocação para as missões da África é das mais claras e evidentes; e, por isso, apesar das condições de meus pais, que nesta ocasião com toda a franqueza lhe apresentei, disse-me: “Vá, que eu dou-lhe a minha bênção e confie na Providência, pois o Senhor, que lhe inspirou este magnânimo projecto, saberá consolar e cuidar de seus pais”. Por isso, estou absolutamente decidido a partir no próximo mês de Setembro.


[14]
O supracitado superior dos estigmatinos disse-me que fizesse compreender bem aos meus pais a natureza do plano do nosso superior, a saber: 1.o, parte-se e regressa-se (si non moriemur - sile); 2.o, que, por agora, se trata de uma experiência e que vamos tentar, a ver se resulta; se não resultar, regressa-se imediatamente. Agora peço-lhe encarecidamente que use todo o seu engenho e diplomacia, e mais com a ajuda de Deus e de Maria, para convencer os meus desolados pais, escolhendo a hora, o momento, em uma ou duas vezes, até se mostrarem resignados à vontade do Senhor.


[15]
Oh, quanto me custa o sacrifício que os meus pobres pais fazem ao separar-se de mim! A que sacrifícios sujeita o Senhor esta vocação! Mas foi-me assegurado que Deus me chama e eu parto seguro disso. Sei que atrairei a maldição e as imprecações de muitos que não vêem mais além de um palmo; mas nem por isso eu quero deixar de seguir a minha vocação. Além do mais, confio em Deus, na Virgem Imaculada e na sua solicitude, Sr. Reitor; terá, por isso, larga recompensa.


[16]
O superior anulou o projecto de nos enviar para Bolonha; não sei porquê: fiat voluntas Dei. É o castigo por eu falar e apresentar as coisas como realizadas antes que se cumpram. Terça ou quarta-feira espero ir a Limone. O projecto de levar meus pais a Veneza assusta-me, dado que os meus companheiros e especialmente P.e Beltrame me asseguram que seria mais doloroso para eles e para mim; por isso tentam persuadir-me a seguir o conselho que o senhor me deu em Limone, de não pensar em Veneza.


[17]
Não sei como fazer para me despedir deles pela última vez. Eu ficarei em Limone até ao dia quatro ou, o mais tardar, até ao dia cinco de Setembro. Agora estou a preparar os trezentos táleres para meus pais; temo bastante ir a Limone sem dinheiro, mas se for preciso, deixo em Verona quem me substitua, porque nos primeiros do mês quero ter pago todas as minhas dívidas; de contrário deixo de pensar na África.

Entretanto, receba a minha reverência, reze por mim ao Senhor e creia-me de coração



Seu af.mo servo e amigo

Daniel C.




[18]
Esta manhã celebrámos a cerimónia da partida para a África com a nossa despedia dos diversos grupos do inst.to. P.e Beltrame cantou missa, P.e Melotto fez de diácono, eu de subdiácono, P.e Dalbosco de cerimoniário e P.e Oliboni pronunciou o discurso. Foi uma celebração emocionante, que fez correr as lágrimas a todos, incluindo alguns amigos do Instituto que participaram.






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