Brasil: Bênção da nova estátua de São Daniel Comboni em Guriri

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Sexta-feira, 6 de Outubro de 2023
A Paróquia São Daniel Comboni, em Guriri, Diocese de São Mateus, no estado do Espírito Santo, iniciou neste domingo dia 1º de outubro, o festejo de São Daniel Comboni. A celebração foi iniciada com a bênção da imagem do santo padroeiro contendo a relíquia de São Daniel Comboni, e seguida de uma procissão, partindo da residência do bispo emérito Dom Aldo Gerna, até à igreja paroquial.

A estátua de São Daniel Comboni foi esculpida em madeira especialmente para a primeira paróquia Comboniana do mundo pelo escultor Werner Thaler, da cidade de Treze Tílias, em Santa Catarina. (P. Raimundo Nonato Rocha dos Santos, Superior provincial dos combonianos do Brasil)

São Daniel Comboni:
um missionário único, surpreendente, fascinante e inquietante

É assim que o definem todos aqueles que estudam seus escritos para compilar sua biografia. São Daniel Comboni, cuja memória é celebrada hoje pela Igreja Católica, foge a todos os esquemas que tentam enquadrá-lo. “Homens como ele – escrevia Jean Guitton – são contemporâneos do futuro”. “Ilimitadamente fiel à Igreja” foi também “ilimitadamente livre”.  Dotado de um temperamento forte e, ao mesmo tempo, muito humano, perseguiu com obstinação suas intuições sem cair na tentação da autoreferencialidade. Tudo fazia por amor a Deus, à Igreja e aos povos da infeliz África, devastada pela colonização e massacrada pelo comércio de escravos. Encarou autoridades civis e religiosas para levar para frente sua paixão pela África. Sabia ser diplomático, mas não media as palavras quando se tratava de compartilhar e defender seu plano missionário. Sofreu duras críticas, calúnias e perseguições, mas nada disso o desmoronou. Encarou os sofrimentos com uma fé sólida que se inspirava no coração transpassado de Cristo Bom Pastor. Além de ser um generoso missionário, foi um profeta para o seu tempo.

Comboni nasceu no dia 15 de março de 1831, duma família de camponeses ao serviço de um rico senhor local. O pai e a mãe eram afeiçoadíssimos a Daniel, o quarto de oito filhos falecidos quase todos em tenra idade. Eles formavam uma família unida, rica de fé e de valores humanos, mas pobre de meios económicos. Por causa da pobreza, Comboni foi obrigado a sair de casa para frequentar a escola em Verona, no Instituto fundado pelo sacerdote Pe. Nicola Mazza. Nestes anos passados em Verona, Daniel descobriu a sua vocação ao sacerdócio, completou os estudos de filosofia e teologia e, sobretudo, abriu-se à missão da África Central, fascinado pelo testemunho dos primeiros missionários mazzianos que regressavam do continente africano. Em 1854 Daniel Comboni foi ordenado sacerdote e três anos depois partiu para a África juntamente com outros cinco missionários do Instituto Mazza.

Após quatro meses de viagem, a expedição missionária de que Comboni fazia parte chegou a Khartum, capital do Sudão. O impacto com a realidade africana foi duro. Daniel se deu imediatamente conta das dificuldades que comportava a sua nova missão. O cansaço, o clima insuportável, as doenças, a morte de numerosos e jovens companheiros, a pobreza, o comércio dos escravos e o abandono do povo o impeliam cada vez mais a seguir em frente e a não abandonar a missão iniciada com tanto entusiasmo.

Ao assistir à morte em África dum seu jovem companheiro missionário, Comboni em vez de desanimar sentiu-se interiormente confirmado na decisão de continuar a sua missão: «Ou a África ou a morte».

Em 1864, recolhido em oração junto ao túmulo de São Pedro em Roma, Daniel teve uma iluminação fulgurante que o levou a elaborar o seu famoso Plano para a regeneração da África, um projeto missionário que se pode sintetizar numa intuição, «Salvar a África com a África». A partir da sua ilimitada confiança nas capacidades humanas e religiosas dos povos daquele continente, encontrou no incentivo ao protagonismo dos africanos, sobretudo das mulheres, a melhor força para promover a evangelização do continente e o desenvolvimento econômico e social de suas populações.

No meio de dificuldades e incompreensões não indiferentes, Daniel Comboni teve a intuição de que a sociedade europeia e a Igreja católica eram chamadas a tomar em maior consideração a missão da África Central. Com este objetivo dedicou-se a uma incansável animação missionária em todos os recantos da Europa, pedindo ajudas espirituais e materiais para as missões africanas. Como instrumento de animação missionaria criou uma revista missionária, a primeira em Itália, totalmente dedicada ao continente africano.

A sua fé inquebrantável no Senhor e na África levou-o a fundar em 1867 e 1872, respectivamente, os seus Institutos missionários, masculino e feminino, posteriormente conhecidos como Missionários Combonianos e Irmãs Missionárias Combonianas.

Como teólogo do Bispo de Verona, participou no Concílio Vaticano I, levando 70 Bispos a subscreverem uma petição em favor da evangelização da África.
Aos 2 de Julho de 1877 Comboni foi nomeado Vigário Apostólico da África Central e consagrado Bispo um mês mais tarde: foi a confirmação de que as suas ideias e as suas ações, por muitos consideradas demasiado arrojadas ou até paranoicas, eram extremamente eficazes para o anúncio do Evangelho e para a libertação do continente africano.

Nos anos de 1877-1880 sofreu no corpo e no espírito, juntamente com os seus missionários e missionárias, a tragédia duma estiagem e carestia sem precedentes que dizimavam a população local e abalavam o pessoal e a atividade missionária.

No dia 10 de Outubro de 1881, com apenas 50 anos de idade, marcado pela cruz que, qual esposa fiel e amada, nunca o abandonou, morreu em Khartum no meio da sua gente, consciente de que a obra missionária não morreria. «Eu morro, mas a minha obra não morrerá».

Daniel Comboni tinha visto bem. A sua obra não morreu; pelo contrário, como todas as grandes obras que «nascem e crescem aos pés da cruz», continua viva graças à doação da vida de tantos homens e mulheres que escolheram seguir Comboni no caminho da árdua e entusiasmante missão entre os povos mais necessitados na fé e mais abandonados pela solidariedade humana.

No Brasil os missionários combonianos estão presentes há mais de 70 anos. Seguindo os passos de São Daniel Comboni continuam anunciando o Evangelho marcando presença, sobretudo entre os mais pobres. Em comunhão com a Igreja no Brasil, contribuem com a realização do sonho de Deus que deseja vida em plenitude para todos e todas. A paixão de São Daniel para com os povos da África alimente nosso amor para com o povo brasileiro, sobretudo com os descendentes dos africanos que foram trazidos ao Brasil à força como escravos. São Daniel Comboni, à luz da prática de Jesus de Nazaré e pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, nos ajude a lutar pela redenção e libertação dos oprimidos.
Pe. Xavier Paolillo, missionário comboniano
Fonte: Vatican News