O P. Costante Ferranti nasceu a 23 de Março de 1931 em Orzinuovi, província e diocese de Brescia (Itália), de uma família profundamente religiosa. Fez os primeiros estudos na sua terra natal.
Num texto escrito por ele por ocasião do seu quinquagésimo aniversário de sacerdócio lemos: «Em Setembro de 1944 entrei no seminário diocesano de Crema e aí permaneci durante todo o tempo de liceu. Aos 22 anos entrei no noviciado». Ali, teve como professor o P. Giovanni Giordani, que viria a reencontrar anos mais tarde como companheiro de missão na Baixa Califórnia.
Proveniente, portanto, do seminário diocesano, entrou no noviciado de Florença a 13 de Novembro de 1953, no termo do qual emitiu a primeira profissão no dia da festa de São Pedro Claver, como se usava então, no dia 9 de Setembro de 1955. Fez os estudos de Teologia em Venegono Superior e no dia 31 de Maio de 1958 foi ordenado sacerdote pela imposição das mãos do futuro Papa Paulo VI. Em Julho do mesmo ano chegou a Cidade do México. Escreve o P. Costante nas suas memórias: «Durante o mês de férias, a minha mãe anunciou-me a destinação dizendo-me: vais para a Califórnia, ficarás bem, ali há muitos dólares. Não encontrei dólares, mas uma gente tão boa que me fez feliz em todo aquele período, e disso agradeço a Deus». Naquele momento não imaginaria que haveria de passar em terra mexicana a maior parte da sua vida missionária. A sua primeira destinação foi Sahuayo, para onde foi como formador no seminário, mas «felizmente – escreve – chegou D. Giordani que me levou para a Baixa Califórnia».
Depois de um breve parêntesis na Cidade do México para o estudo do espanhol, em Julho de 1961 começou o seu apostolado na Prefeitura Apostólica da Baixa Califórnia. Por onde quer que o P. Costante exerceu o seu apostolado, sempre se distinguiu pelo zelo missionário e pelo entusiasmo que soube transmitir às gentes: em Villa Insurgentes, Ciudad Constitución, Santa Rosalía, Bahía Tortugas, Guerrero Negro e por fim La Paz. Nestas terras viveu os seus anos mais intensos de serviço pastoral missionário, visitando herdades e pequenas aldeias das paróquias onde não existam grandes comunidades cristãs. Distinguiu-se como um missionário de grande dedicação, um homem de oração e de total consagração ao seu ministério. Viveu, como todos os seus companheiros, com um estilo de vida pobre e de grande simplicidade, em sintonia com a experiência e a realidade das pessoas que servia.
Durante a sua permanência no México, após alguns anos de trabalho na evangelização e na pastoral, foi nomeado animador missionário no seminário de Guadalajara (1970-1974), que estava ainda em construção e no início da sua actividade, com um bom grupo de jovens aspirantes à vida missionária e comboniana. Revelou-se também ali um entusiasta e um grande trabalhador e, como já noutros lugares, com um espírito de grande criatividade: deu vida a novos grupos de «Damas» combonianas, grupos missionários de benfeitores e benfeitoras, em diversas aldeias dos estados de Jalisco e Colima. A actividade fundamental destes grupos era promover o espírito missionário nas suas paróquias, distribuindo as revistas Esquila Misional e Aguiluchos, e apoiando materialmente as actividades do nosso seminário.
Mais tarde, depois de diversos anos de serviço na província do México, foi chamado para Itália onde se dedicou ao trabalho de animação e de pastoral. De 1978 a 1988 coordenou o ministério de animação missionária, primeiro em Sulmona e depois na comunidade de Troia, em Itália.
Durante o seu último período na Baixa Califórnia, de 1991 a Novembro de 1999, conseguiu novamente trabalhar na pastoral de diversas paróquias nas quais tinha iniciado o seu ministério. Em 1991 era pároco em Ciudad Insurgentes no Vale de Santo Domingo, no meio de uma população de camponeses que viviam as dificuldades ligadas ao campo e à crise da agricultura naquela zona. Em 1997 assumiu a responsabilidade como pároco da comunidade cristã de Guerrero Negro, no norte da península, ocupando-se dos trabalhadores da grande salina do Vale do Vizcaino e, por fim, da paróquia do Sagrado Corazón em La Paz, onde viveu os seus últimos meses de ministério na Baixa Califórnia.
A doença obrigou-o a regressar a Itália, desta vez definitivamente. Escreve o P. Costante: «Acolhe-me a madre pátria, a Itália, em Setembro de 1999, repousando e animando o santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima na diocese de Milão. Sintetizando, tenho de reconhecer que a minha vida missionária sempre tomou fôlego à sombra de Nossa Senhora. Iniciei na pacatez do pequeno e perdido santuário de Maria Auxiliadora. Passei ao de Fátima, primeira igreja por mim construída. Continuei em Troia sob o olhar de Nossa Senhora Mediadora. Em Guerrero, fez-me de mãe a Guadalupana. E agora estou em Milão, entre os braços da Senhora de Fátima. A Ela o meu obrigado».
Quase durante um ano permaneceu em tratamentos no Centro Ammalati de Milão. De Julho de 2000 a Dezembro de 2004 foi encarregado da Reitoria dedicada ao Coração Imaculado de Maria na comunidade do CAA em Milão. Durante cerca de 14 anos, de 2005 a 2018, exerceu o seu ministério sacerdotal no mesmo centro. Em 2018 adoeceu e ficou no Centro Ambrosoli até à sua morte, a 24 de Março de 2020.
(P. Enrique Sánchez González, mccj)