Roma, Dezembro de 2014
Como é bom ouvir as palavras do profeta Isaías: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz». A luz que resplendece para nós convida-nos a olhar para longe com um olhar de fé, com um coração cheio de confiança no Senhor, com os pés prontos a partir como anunciadores da sua Palavra e testemunhas da sua presença no meio de nós e com as mãos sempre prontas a colaborar na construção de uma humanidade mais fraterna, mais justa e solidária. Bom Natal a todos. P. Enrique Sánchez G., Superior Geral.

 

Federico Barocci,
“Natividade”, 1597,
óleo sobre tela.
Museo del Prado,
Madrid.

Bom Natal
2014

«O povo que andava nas trevas
viu uma grande luz;
para aqueles que habitavam nas sombrias regiões da morte
uma luz se levantou» (Is 9,1)

Caros Confrades,
Quando se aproxima novamente a festa do Natal que nos permite contemplar com gratidão o dom de Jesus, fonte de vida, de luz e de esperança, quero saudar-vos também em nome do Conselho Geral e de toda a Direcção Geral.

No final de um ano marcado por tantas situações de sofrimento, de dor, de violência, que nos tocou de perto em algumas das nossas missões e comunidades, não é impossível que as nossas energias, o nosso entusiasmo e mesmo a nossa fé se encontrem a viver a experiência da provação, da desilusão, da fadiga.

Como é bom ouvir as palavras do profeta Isaías: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz».

Num momento em que o mundo parece tornar-se cada dia mais complicado e os desafios se multiplicam; num tempo em que faltam profetas que indiquem o caminho certo e parece que tudo está em rebuliço, é precisamente nesse momento que o Senhor se faz novamente presente no meio de nós na simplicidade e na humildade do menino, filho de Maria e de José, como o dom de Deus sempre actual para a nossa humanidade. Torna-se presente no meio das trevas que se fazem densas e pretendem impedir-nos de ver com clareza o horizonte sempre repleto de promessas que o Senhor não se cansa de realizar para o nosso bem, nesta realidade contraditória e por vezes confusa que partilhamos com a humanidade que procura o caminho da justiça, da verdade e da paz.

É-nos dito, através da Palavra que anunciamos como missionários, que Deus faz resplandecer a sua luz para nos recordar que não somos órfãos e que ele ainda não se cansou de derramar o seu amor sobre nós.

Ressoam com vigor as palavras que recordam que «aqueles que habitavam nas sombrias regiões» são convidados a sair da escuridão porque Deus continua a iluminar a sua criação.

Somos hoje o povo chamado a ver uma luz nova que faz aparecer o rosto de Deus no meio de nós. A luz que desperta a nossa confiança e confirma a nossa esperança para podermos continuar a nossa missão, convictos de que Deus está a preparar uma história nova para todos nós na medida em que nos descobrimos pobres e necessitados do seu apoio.

Quando à nossa volta aumentam as vozes que falam de crises e de confusão, o Senhor, através da simplicidade do mistério da sua incarnação, recorda-nos que a sua presença fiel e sempre nova abre portas que nos convidam a contemplar o futuro com o olhar do optimismo e do entusiasmo. Convictos de que é ele a nossa luz, que é ele o esplendor de Deus capaz de vencer todas as trevas, que é ele quem continua a abrir-nos o caminho em direcção a um futuro que está inteiramente nas suas mãos.

Reconhecemos com gratidão a «luz que se levantou», que vence as trevas e aquece os corações até aos extremos confins do mundo. É por essa razão que o Natal é a nossa grande festa. É por essa razão que queremos celebrá-lo como a festa missionária que nos convida a acolher o Senhor que vem ao nosso encontro desafiando-nos mais uma vez a ser testemunhas da sua presença através da alegria da nossa consagração e do nosso serviço discreto mas generoso.

Como povo em caminho, também nós nos sentimos chamados a reconhecer a luz que resplandece no nosso caminhar e nos convida a reconhecer a bondade de Deus que se transforma em força e coragem para o presente e em confiança extraordinária para o futuro.

O Natal recorda-nos que estamos no tempo de Deus e da contemplação do menino Jesus oferecido como dom de Deus àqueles que ele ama. Acolhamos esta graça como tempo propício a viver a novidade e a beleza da nossa vocação missionária.

A luz que resplendece para nós convida-nos a olhar para longe com um olhar de fé, com um coração cheio de confiança no Senhor, com os pés prontos a partir como anunciadores da sua Palavra e testemunhas da sua presença no meio de nós e com as mãos sempre prontas a colaborar na construção de uma humanidade mais fraterna, mais justa e solidária.

Bom Natal a todos e votos das melhores bênçãos para o próximo ano.
Um abraço fraterno.
P. Enrique Sánchez G. mccj
Superior Geral