Terça-feira, 5 de Julho de 2022
Foi beatificada Pauline-Marie Jaricot (1799-1862), a fundadora da Obra da Propagação da Fé, uma leiga francesa que dedicou a sua vida aos pobres e a apoiar as missões. Desde pequena que ouviu falar do trabalho dos missionários e quando o seu irmão Philéas se tornou seminarista para ir trabalhar na China, ela enamorou-se ainda mais da missão e queria acompanhá-lo.

A fundadora da Obra de Propagação da Fé, Pauline-Marie Jaricot (1799-1862), foi beatificada no dia 22 de Maio em Lyon, França. O milagre que levou à sua beatificação ocorreu há dez anos. Em Maio de 2012, Mayline, uma menina de apenas três anos e meio de idade, engasgou-se com uma salsicha, que se lhe atravessou na traqueia. Os pais pediram ajuda e os socorristas aplicaram-lhe a massagem cardíaca e a reanimação. No hospital, disseram-lhes que «o estado neurológico era irreversível e que a morte era iminente». Nos dias que se seguiram, o veredicto não melhorou. Após uma TAC, os médicos disseram aos pais que teria pouco tempo de vida e, mesmo que vivesse, não viria a falar ou a caminhar. 

Quinze dias após o acidente, os pais da escola da Mayline decidiram fazer uma novena à Venerável Pauline Jaricot: a diocese de Lyon, local de nascimento da venerável, estava a celebrar o 150.º aniversário do nascimento desta mulher que deu a conhecer aos seus conterrâneos a importância da missão da Igreja no mundo. A novena terminou no dia 23 de Junho. A Mayline estava em coma, com ventilação e alimentação artificial. Um tratamento de estimulação cardíaca causou uma embolia pulmonar e fortes convulsões. Os médicos decidiram então parar o tratamento, enquanto os pais da menina queriam que ela continuasse a ser alimentada artificialmente.

No início de Julho, Mayline foi transferida para o Hospital Pediátrico de Nice. Antes de ser transferida, recebeu a Unção dos Doentes e os pais já pensavam onde enterrá-la. Embora estivesse em estado vegetativo e o seu estado cerebral estivesse gravemente debilitado, ela suportou a viagem. Quando a viram novamente em Nice, os seus pais tiveram a impressão de que algo tinha mudado. Parecia que estava a voltar à vida. Os médicos confirmaram esta percepção, mas mantinham-na com prognóstico reservado. Uma semana depois, a criança voltou finalmente à vida e acaba por ter alta hospitalar em vésperas de Natal. 

O inquérito diocesano para a sua beatificação decorreu de 20 de Julho de 2018 a 28 de Fevereiro de 2019, antes de transitar para a Congregação para a Causa dos Santos. A comissão médica, na sua sessão de 19 de Setembro de 2019, declarou que a cura tinha sido «rápida, perfeita e constante, assim como inexplicável de acordo com as leis da ciência». Os consultores teológicos (a 17 de Dezembro de 2019), depois os cardeais e bispos (a 5 de Maio de 2020) consideraram que se tratou de um milagre.

Paixão pela missão

A beata Pauline Jaricot foi uma leiga que dedicou a sua vida aos pobres e a apoiar as missões. Nasceu em Lyon, a 22 de Julho de 1799. Desde pequena que ouviu falar do trabalho dos missionários e quando o seu irmão Philéas se tornou seminarista para ir trabalhar na China, ela enamorou-se ainda mais da missão e queria acompanhá-lo. Depois de recuperar de um acidente doméstico aos 15 anos – queda de um escadote que abalou gravemente o seu sistema nervoso, afectando-lhe os movimentos dos membros e a fala – e a morte da mãe, Pauline decidiu dedicar-se a iniciativas de apoio ao trabalho de evangelização da Igreja. Fundou a Sociedade para a Propagação da Fé (com o objectivo de rezar e recolher fundos para as missões), o “Rosário Vivo” e as “Filhas de Maria”, consagradas sem hábito religioso, inteiramente dedicadas ao trabalho de divulgação da fé. Pauline morreu – na miséria – em Lyon a 9 de Janeiro de 1862. Disse de si que era «o primeiro fósforo para acender o fogo» da missão – um fogo que, passados duzentos anos, ainda arde em todos os que, com a sua fé, oração e ajuda contribuem para a missão universal da Igreja. 

P. José Rebelo
Revista Além-Mar, Junho 2022