In Pace Christi

Riad Thomas Ibrahim

Riad Thomas Ibrahim
Data de nascimento : 30/04/1933
Local de nascimento : Souhag
Votos temporários : 05/04/1974
Votos perpétuos : 05/03/1982
Data de ordenação : 22/08/1963
Data da morte : 17/05/2008
Local da morte : Guirga/EG

O P. Thomas Ibrahim Riad nasceu a 30 de Abril de 1933 em Souhag, uma povoação de Luxor, Egipto. A notícia da sua morte chegou na tarde de sábado, 17 de Maio, totalmente inesperada. A 2 de Abril tinha partido de Cartum para as suas férias em família juntamente com a irmã Odette, Religiosa Comboniana. Antes de partir tinha agendado uma consulta médica que todavia parecia um acto de rotina. A Ir. Odete, testemunha dos seus últimos instantes de vida, conta que depois do almoço daquele sábado, o P. Thomas tinha ido para o quarto para fazer a sesta. Quando se levantou, tomou banho e sentiu um repentino mal-estar. O médico, chamado de imediato, chegou poucos minutos depois mas só para constatar que o P. Thomas estava morto: tinha completado 75 anos duas semanas antes.

O bispo, avisado de imediato, sugeriu celebrar o funeral nessa mesma noite às 21.30, porque no dia seguinte era domingo e seria difícil contar com a presença dos sacerdotes. Na celebração participaram numerosos sacerdotes e muitos fiéis.

A 19 de Maio houve várias Missas de sufrágio. Uma, foi celebrada também na Igreja Cordi Iesu no Cairo. Nesta estavam presentes: o Patriarca Emérito Copta Católico, cardeal Stephanos, religiosos, religiosas e muitos leigos que tinham conhecido o P. Thomas. Uma outra teve lugar na paróquia natal a 20 de Junho. Para a ocasião, a família preparou um libreto que reproduz os momentos salientes da vida do P. Thomas e o testemunho de muitas pessoas que o conheceram e estimaram.

Sob uma fotografia que o retrata enquanto celebra a Missa em rito copta católico lê-se: “P. Thomas Riad Ibrahim: primeiro sacerdote de rito alexandrino católico a entrar na Família comboniana”. O P. Thomas de facto, entrou para os Combonianos quando já era sacerdote. O seu bispo, inicialmente pôs alguma resistência ao seu pedido de se tornar Comboniano, mas o P. Thomas insistiu dizendo que sempre desejou entrar num Instituto religioso. Assim, em 1972, entrou no noviciado de Venegono e dois anos depois, a 5 de Abril de 1974, aos 41 anos de idade, fez os votos temporários.

Após os votos, foi destinado ao Sudão. Uma vez que falava árabe, não teve necessidade de um período de preparação para a missão. De 1974 a 1980 foi director da escola técnica de St. Joseph e superior da comunidade. Dada a sua origem egípcia e a formação copta, tornou-se ponto de referência da comunidade dos coptas católicos de Cartum e Omdurman, uma relação que manteve para o resto da sua vida. A amizade de muitos coptas foi testemunhada pela sua nutrida presença na Missa de sufrágio, segunda-feira 19 de Maio, na paróquia de Omdurman.

Em 1980 o P. Thomas passou para Atbara, uma outra missão importante do Norte do Sudão, onde foi pároco durante um ano. Foi-lhe depois confiada a responsabilidade da escola secundária e aí permaneceu até 1987. Entretanto, em 1982, tinha feito a profissão perpétua. De Atbara passou para Damasin. Naquele tempo a comunidade cristã de Damasin estava em crescimento e esta presença aborrecia as autoridades. Nos anos precedentes os sacerdotes tinham sido presos e houve tentativas de destruir este lugar de culto cristão. O P. Giacomo Francesco de Bertolis, que teve o P. Thomas como coadjutor, apreciou a sua calma e serenidade, fruto de uma profunda paz interior. O P. Bertolis recorda-o quando saía de casa com a sua típica jallabia e dava uma volta pelo mercado, detendo-se a cumprimentar as pessoas, a beber um chã e a trocar quatro dedos de conversa. Era o melhor modo para aproximar as pessoas, criar relações, romper a indiferença e também a hostilidade.

Após 16 anos no Sudão os seus superiores no Egipto insistiram para que se disponibilizasse para um serviço na delegação. Depois de um breve curso de formação no Reino Unido, no famoso centro de St. Anselm, foi encarregado da animação missionária e promoção vocacional. Um trabalho que desempenhou com a habitual seriedade e serenidade, sem nunca se deixar abater pelo facto de não ver grandes resultados.

Em 1997, após seis anos no Egipto, pôde voltar para o Sudão. Durante algum tempo foi pároco em Wad Medani. Inseriu-se com naturalidade na comunidade paroquial, dando o seu contributo, com o seu bom senso e a habitual sabedoria. Começava porém a acusar alguns problemas de saúde e tornou isso presente, sugerindo que talvez fosse melhor para ele ser transferido para Cartum, onde era mais fácil fazer controlos e consultas médicas. Assim, em 1997 ficou responsável pela capela do Comboni College. Naquele tempo a capela era o centro de muitas actividades pastorais devidas ao dinamismo de missionários como o Ir. Michele Sergi e o P. Mario Castagnetti. Mais uma vez o P. Thomas aceitou o desafio e, com discrição, continuou o trabalho iniciado pelos seus predecessores. Dois anos depois foi-lhe pedido para assumir a direcção da Comboni Boys de Omdurman. Esta, que durou nove anos, foi a sua última experiência pastoral. Nos últimos meses estava a procurar ampliar a escola para prestar um melhor serviço aos estudantes.

Durante este período foi membro do departamento pastoral da Conferência Episcopal do Médio Oriente à qual deu um importante contributo. No Sudão representou a Igreja Católica no grupo de trabalho formado por representantes de várias confissões cristãs, encarregado de preparar os textos de religião para as escolas públicas de todos os níveis. Deste grupo foi sem dúvida um dos membros mais activos. Além de preparar os livros de texto, disponibilizava-se também para encontros com os professores de religião, com o objectivo de facilitar a utilização dos mesmos textos.

“O P. Thomas amou a sua Igreja de origem, absorveu a sua espiritualidade e viveu-a”, declarou o P. Davide Ferraboschi, superior e pároco na comunidade de Omdurman. “Com a sua entrada nos Combonianos e, ainda antes, durante os seus anos de estudo em Roma, conheceu e amou a Igreja de rito latino. Acho que o P. Thomas soube harmonizar as duas pertenças de modo pessoal e profundo. Os coptas aproximam-se dele, tal como os cristãos do Sul o sentiam como um deles. O P. Thomas sabia que o seu coração podia ceder em qualquer momento. Todavia utilizou as suas energias até ao último momento, dirigindo a escola, pensando também num projecto de ampliação. Vivia em paz consigo mesmo, sem medo da irmã morte. A esperança cristã resplandecia no seu rosto”.

O P. Thomas foi um sacerdote e um Missionário Comboniano feliz. Sabia que tudo está nas mãos de Deus. Sabia também que Deus é generoso com as suas graças. Eram estas duas certezas que lhe permitiam enfrentar as situações com serenidade. Não era ingénuo, nem ignorava as dificuldades, mas estas não podiam anular as razões da sua confiança. Obrigado, P. Thomas.
(P. Salvatore Pacifico)