Os numerosos testemunhos recolhidos por confrades, amigos e conhecidos acerca do Ir. Amorino concordam em descrevê-lo como um comboniano que fez da sua vida um serviço total, constante e sereno, para aliviar os sofrimentos, não só físicos, de dezenas e dezenas de confrades. Um autêntico gigante em fazer-se tudo para todos naquelas fases da vida, a idade e a doença, que mais do que quaisquer outras fazem experimentar a necessidade da ajuda recíproca e do apoio dos outros.
O Ir. Amorino nasceu em Santa Maria de Sala, província de Veneza, diocese de Pádua, a 19 de Dezembro de 1920. É muito significativo o que escreveu a respeito o P. Aleardo De Berti: «A vida do Ir. Amorino tem sabor de alegria natalícia. Nasceu alguns dias antes do Natal, concluiu os seus dias precisamente nas primeiras vésperas do terceiro domingo de Advento, tradicionalmente chamado «Gaudete» das palavras de São Paulo aos Filipenses: «Alegrai-vos no Senhor, de novo vos digo, alegrai-vos, o Senhor está perto!”».
Em Lucas 9,1 lemos que Jesus, enviando os doze «deu-lhes poder e autoridade para curar doenças». Esta foi a vocação específica do Ir. Amorino. Não podendo partir para a missão, por causa da sua saúde precária, não teve ocasião de construir nem igrejas, nem escolas, nem clínicas, mas com a sua espiritualidade missionária essencial contribuiu para aliviar o sofrimento de centenas de confrades, fazendo-se instrumento de convivência serena e pacífica. Prossegue o P. De Berti: «Passou grande parte da sua vida em Arco e na Casa Mãe em Verona, onde viveu como verdadeiro missionário cuidando dos confrades; sempre com extrema discrição, delicadeza e muita amizade. Fez realmente o papel do “bom samaritano” em inúmeras situações, com inalterável disponibilidade. Com o seu serviço desinteressado aos confrades, provados como ele pela doença, realizou as palavras de Comboni: “Faço-me solidário com todos”. Fê-lo sobretudo no aliviar os sofrimentos dos mais necessitados».
O Ir. Duilio Plazzotta quis enviar do Congo o seu testemunho sobre o Ir. Amorino: «O Amorino tinha um bom carácter, sempre sereno e tranquilo, mesmo quando tinha motivos para se mostrar entristecido ou irritado. Estava sempre pronto a dar uma mão, e sempre calmo. A sua presença era a de um irmão sábio que tinha os olhos abertos e sabia dar bons conselhos no momento oportuno. Era um homem de oração e notava-se isso até pela sua presença discreta, silenciosa, orante, que não procurava aplausos mas era precioso testemunho de vida para nós mais jovens e de verdadeiro conforto para os confrades doentes que tinham confiança nele e sentiam-se compreendidos e apoiados. Um bom Cireneu que ajudava em cada dia a levar a cruz da doença e do sofrimento. Encontrei-o novamente e com satisfação nos meus meses de férias em Itália. Também no CAA de Verona, mas desta vez nas vestes de doente. Tinha dificuldade em andar e muitas vezes pude dar-lhe o braço para que se apoiasse, ele que aquele gesto tinha repetido milhares de vezes em relação aos confrades doentes e vacilantes».
Na sua homilia, por ocasião das exéquias do Ir. Amorino, o P. Giovanni Battista Bressani, citando a grande figura do Ir. Angelo Viviani, pioneiro no serviço aos confrades doentes naquele que viria a ser depois o «Centro Ammalati e Anziani», disse: «Eu conheci-o bem, posso assegurar que o Ir. Amorino, como então o Ir. Viviani, teve sempre um “coração de mãe” para com todos os doentes. Na nossa comunidade de Arco, mal alguém ficava de cama, ele ia logo ver como estava, levar um café, um medicamento ou simplesmente fazer-lhe companhia para que não se sentisse só. O seu serviço era um serviço feito sempre com amor. Notava-se isso muito bem: punha aí o coração, fazia seus os sofrimentos dos outros. Discretamente, queria fazer sempre os serviços mais humildes e desagradáveis. Era generosíssimo. De noite as chamadas iam todas parar ao seu quarto e ele levantava-se interrompendo mesmo o sono mais profundo; tanto que, às vezes não conseguia voltar a adormecer, ficando um pouco atordoado e cansado no dia seguinte! As pessoas que visitavam as comunidades e estiveram em contacto com ele apreciaram-no e amaram-no por estas suas qualidades humanas e cristãs, que soube cultivar durante toda a vida. Em resumo, diria que o Ir. Amorino foi um daqueles Anjos da Guarda em carne e osso que o Senhor nunca fez faltar aos seus missionários e a todos aqueles que o estimaram».
Não apenas muitos confrades, mas também muitos colaboradores e voluntários leigos receberam um grande exemplo do Ir. Amorino. Gedeone Soardo, voluntário desde há muitos anos no CAA de Verona, disse durante o funeral: «Obrigado Ir. Amorino! Foste exemplo de serenidade, de humanidade e de bondade também para todos os voluntários. Paciente com os doentes, deste-lhes conforto e ajuda sem te poupares, não obstante a idade avançada. A tua vida apoiava-se sobre pilares sólidos, amalgamados de oração e de ideais cristãos que te permitiram viver não só de palavras mas também na prática da caridade para com os doentes e as pessoas próximas. Muitas vezes te vi ir apressado pelos corredores, empurrar cadeiras de rodas, transportar roupa, ajudar os vacilantes, levar a Comunhão aos mais graves, animar a liturgia com o canto, embelezar com flores a igreja, a varanda e os quartos. Tudo realizado com empenho e amor cristão. Em 1999 deixaste contristado mas em total disponibilidade Verona para te integrares em Arco, mas não para te repousares, e sim para continuar o teu serviço entre os missionários idosos. Em 2007 voltaste para Verona gasto pelo teu generoso trabalho. Chegaste à meta final alcançando muitos amigos, familiares e confrades que serviste aqui na terra. Muito obrigado, Amorino, pela tua benevolência e… feliz aniversário no céu!».
As palavras do P. Mario Busellato, da comunidade de Arco, exprimem no melhor modo a gratidão de todos os que puderam beneficiar da ajuda e da amizade do Ir. Amorino: «Esta foi a tua vinha, Amorino, mas deixaste-nos um vazio que procuraremos colmatar imitando e fazendo nossos os teus exemplos, com a grande esperança de nos reencontrarmos dentro de não muito tempo. Põe-te de imediato ao trabalho de nos preparares um lugar perto de ti, onde se vê e se saboreia melhor Aquele e Aquela que agora tu já possuis. Manda-nos vocações, muitas e santas».
(P. Giuseppe Cavallini)