In Pace Christi

Zanuso Ermenegildo

Zanuso Ermenegildo
Data de nascimento : 16/12/1919
Local de nascimento : Valdagno/VI/I
Votos temporários : 04/06/1950
Votos perpétuos : 31/05/1953
Data de ordenação : 28/06/1942
Data da morte : 04/04/2009
Local da morte : Verona/I

Aqui em Verona, só o conhecemos como doente, e, nos últimos anos, quase sempre de cama. Chegou há dez anos do México, depois de quase 50 anos de actividade missionária naquele país (1950-1999), salvo um breve parêntesis em Itália.

Nasceu em Valdagno (Vicenza), a 16 de Dezembro de 1919, numa família de sete filhos. Desde criança sentiu-se chamado à vida do Seminário, de onde saiu ordenado sacerdote em 1942. Seis anos depois, entrou no noviciado comboniano de Florença, onde emitiu a profissão temporária em Junho de 1950 e a perpétua a 31 de Maio de 1953. Logo a seguir foi destinado à província do México. Eram os primeiros anos da presença comboniana lá. O P. Ermenegildo desenvolveu actividades pastorais quer no território da Baixa Califórnia quer no interior do país, sobretudo na capital. Primeiro trabalhou na paróquia “La Purísima”, depois no noviciado de Sahuayo e no Seminário diocesano de La Paz. Mais tarde passou a trabalhar no interior.

Três confrades, que o conheceram no México, ajudam-nos a louvar o Senhor por quanto o P. Ermenegildo fez pelo crescimento do Reino de Deus.

O P. Rafael González, provincial do México, escreve: «Logo que recebemos a notícia do regresso do P. Ermenegildo ao céu, os comentários dos confrades e amigos não se fizeram esperar. Fomos todos profundamente tocados pela sua vocação missionária comboniana, conduzida durante quase 50 anos nestas terras mexicanas com absoluta generosidade.

No seu testemunho gostaria de sublinhar três elementos:
1. Uma enorme paixão pela Palavra de Deus. O P. Ermenegildo foi um biblista pelos seus estudos mas sobretudo pela sua vida apaixonada e contemplativa da Sagrada Escritura. Os livros sagrados, em língua original, eram a fonte contínua da sua espiritualidade e apostolado.
2. A sua visão profética no uso dos modernos meios de comunicação para evangelizar. Ainda circulam alguns dos seus libretos para a catequese popular, opúsculos, gravações radiofónicas, etc. Tudo, no desejo de alimentar o povo de Deus com uma linguagem compreensível e rica de símbolos que tocam os corações simples.
3. O amor filial a Nossa Senhora de Guadalupe. Os seus passeios e os momentos de descontracção consistiam em ir visitar a basílica mariana para encontrar força e conforto.

O P. Ermenegildo era uma pessoa de poucas palavras e de grande humildade. Trabalhava muitíssimo, sem nunca se exibir, mas, a seu modo, fez-se estimar por muita gente que agora reza por ele e pede a sua paterna intercessão. Que a Senhora de Guadalupe e São Daniel Comboni o acolham lá onde resplandece a Palavra Eterna que tanto seguiu e amou».

O P. Bernardo Becchio diz: «Recordo o P. Ermenegildo pelos anos de serviço missionário no México. Na Cidade do México, a casa Colonia Moctezuma servia de apoio para as práticas de imigração junto do governo mexicano e também como escola apostólica. Tudo era organizado de modo muito precário, na periferia da capital mexicana, pouco distante do antigo aeroporto militar, desactivado. Havia uns quinze aspirantes missionários. Encontrei aí o P. Ermenegildo como angariador de vocações. Não sei exactamente desde há quanto tempo desempenhava esse encargo, mas posso garantir que empregava aí todas as suas forças, sem reservas. Estava sempre em acção. Com uma viatura velha percorria sobretudo os estados centrais da República: Jalisco, Guanajuato e Michoacán. Obteve com isso um cansaço enorme, como que uma espécie de esgotamento, e foi atingido por uma infecção bacteriana no vértice do pulmão direito: Teve de ser internado numa clínica especializada (Instituto Nacional de Pneumologia) de Tlalpan, onde os médicos decidiram intervir com uma cirurgia plástica. Depois de um sofrimento indescritível, o P. Ermenegildo ficou curado, mas começou a manifestar um lento declínio a nível cerebral.

Aparentemente bem restabelecido, foi encarregado da capela que tinha sido construída entretanto, aberta também ao público, dedicada aos Mártires do Uganda. O P. Ermenegildo esforçou-se ao máximo, entregou-se ao trabalho pastoral formando grupos de oração e de estudo da Palavra de Deus. Era um missionário verdadeiramente apaixonado pela Palavra e, especialmente, por São Paulo. Começou a divulgar traduções bíblicas com uma linguagem popular, obtendo particular apreço e sucesso. Encontrou apoio em amigos que tinha feito também com estas divulgações e obteve poder fazer uma viagem de estudo ao Oriente, sobre os passos de São Paulo».

Seguimos agora o P. Umberto Parizzi: «Recordo que desde o início o P. Ermenegildo se pôs à disposição da rádio local da cidade de La Paz para algumas transmissões sobre a Bíblia. A sua transmissão era muito seguida, até porque tinha inventado uma personagem um pouco estranha, que fazia perguntas simplórias, às quais o P. Ermenegildo respondia. Na capital, na Moctezuma, mantinha semanalmente alguns cursos bíblicos. Esta foi a paixão de toda a sua vida».

Pessoalmente – diz o P. Romeo Ballan – recordo que, chegando ao México a primeira vez em 1982, dirigido ao Peru, me mostraram na sede do CAM (sede das nossas revistas), um atelier cheio de cassetes e gravações do P. Ermenegildo. Nesses dias soube também de um seu libreto que teve ampla difusão, intitulado: Dar sabor ao calor (Ed. La Buena Prensa), opúsculo popular de histórias e testemunhos.

O P. Ermenegildo foi sepultado na manhã de 7 de Abril de 2009, na capela dos sacerdotes do cemitério de Novale (Valdagno, Vicenza).
(P. Romeo Ballan)