In Pace Christi

Vermi Mario

Vermi Mario
Data de nascimento : 30/05/1938
Local de nascimento : Chiari/BS/Italia
Votos temporários : 01/11/1960
Votos perpétuos : 01/11/1966
Data de ordenação : 27/11/2014
Data da morte : 27/11/2014
Local da morte : Milano/Italia

O Ir. Mario Vermi nasceu em Chiari, na província de Brescia, a 30 de Maio de 1938. Era o primeiro de oito irmãos. Anos mais tarde, confessará aos confrades ter enviado um pedido de admissão quer à polícia, quer aos missionários combonianos. Estes últimos foram os primeiros a responder-lhe e assim escolheu ser Comboniano. Frequentou o ensino básico na nossa casa de Crema e depois voltou para casa dos pais por dois anos. Aos 19 anos renovou o pedido para prosseguir o caminho com os combonianos. Foi mandado para Pellegrina, onde havia uma escola para os Irmãos e recebeu o diploma de perito agrário. Houve um período em que pensou escolher a via do sacerdócio, mas depois entrou no noviciado em Gozzano com a intenção de ser Irmão. Depois do noviciado, emitiu os primeiros votos a 1 de Novembro de 1960 e os perpétuos em 1966, quando estava já no Uganda, na missão de Morulem.

Tinha chegado ao Uganda em 1963, o dia do seu 25º aniversário, destinado à tribo dos Karimojong. No Karamoja trabalhou em particular nas construções, entre as quais o hospital de Matany e o leprosário de Morulem. Mas dedicou-se também à preparação técnica dos «jovens filhos daquele povo de pastores. Muitos deles hoje – dizia – são bons pedreiros, mecânicos, carpinteiros, e tornaram-se assim graças ao meu contributo».

Em Janeiro de 1988 o Ir. Mario, após 24 anos no Uganda, regressou a Itália, onde permaneceu só um ano, na comunidade de Casavatoree (Nápoles).

Em 1989 partiu novamente para a missão, desta vez para o Quénia, e trabalhou em Kapenguria, Amakuriat, Katilu, Lokori, principalmente como encarregado da casa, mas também como ecónomo.

«Encontrei o Ir. Mario – escreve o P. Franco Moretti – nos anos noventa do século passado. Passei sete anos com ele na missão de Lokori (Turkana, Quénia). Era agradável estar com ele. Era um pouco resmungão, mas sabia gostar de nós. E após alguma discussão, ele permanecia o mesmo Mario: era possível aproximar-se dele sem receios. Era o clássico irmão ‘factorum’. Entendia de muitas coisas. Geria os automóveis da missão de maneira excelente. Gostava dos seus operários e apreciava-os. Mario era um homem de justiça. A primeira coisa que disse gostaria de fazer, logo que chegou a Lokori, com o encargo de ecónomo da comunidade, era rever os salários dos operários. ‘Se quereis pagar mal aos vossos catequistas é um assunto vosso, dos padres. Os meus operários devem receber um salário justo: digamos duas ou três vezes o que o governo sugere’. Além da justiça, cultivava também a generosidade. Pequenas coisas, mas que nunca faltavam. Ainda que fosse um maço de tabaco oferecido a um idoso. Ou um pouco de alimento para a velhota doente que vinha atormentá-lo com os seus pedidos.

Passava da mecânica à electrónica com grande facilidade e, se havia necessidade de construir alguma coisa, começava por resmungar, mas apresentava-se dias depois, com a planta e o orçamento do material necessário.

Tinha amigos mesmo entre os ngorokos, os jovens guerreiros turkana que praticam o ‘desporto’ da razia. Conhecia bastante bem a língua turkana e decidiu compilar um vocabulário turkana-inglês. Foi nessa ocasião que, sobretudo para se fazer ajudar a inserir os vocábulos no computador, ensinou aos jovens a usar alguns programas e assim foram eles os primeiros especialistas de computador em todo o Turkana, no início dos anos oitenta. Em 2006, o P. Raffaele Cefalo mandou imprimir alguns exemplares do dicionário que, embora não inteiramente completo, no âmbito local era bastante útil.

Com os confrades o Ir. Mario era um pouco rude, mas sob a dura couraça, havia um coração atento e muitas vezes terno. Quando alguém estava para partir para alguma visita às missões, inspecionava o carro de forma detalhada; carregava alguns mantimentos, água potável e para cozinhar, um colchão, cobertores, mas sobretudo informava-se acerca da localidade de destino e do… trajecto. Não se sabe quantas vezes veio ter connosco, ora encalhados em algum mar de areia ora apeados por alguns problemas. As distâncias eram consideráveis. E ele, se se alguém tardava a regressar à noite, dava algum tempo de espera, depois saltava para o carro (apesar dos problemas de coluna) e partia. Recordo ter sido levado para casa por ele várias vezes, muitas vezes depois da meia-
-noite. Depois, com o passar do tempo, a saúde tornou-se para ele um problema, talvez agravado pelo facto de sofrer de um certo «cansaço agudo…». Conseguiu regressar a Itália mas, após um ano, pediu para voltar e foi mandado para o Sudão do Sul. Obviamente que não podia durar muito. Após menos de um ano, de facto, está de novo em Itália. Passou de uma comunidade para outra. Continuava preocupado com a saúde, e com o cansaço. Teve um ímpeto de orgulho em Maio de 2005 quando pediu para voltar em missão. Foi destinado à comunidade da casa provincial de Kampala (Uganda). Sete meses depois estava em Brescia. Passaram quatro meses e… entrou ‘em tratamentos’ na mesma comunidade. Depois fez uma paragem de dois anos em Florença, seguidamente encontrou o «seu lugar adequado» em Rebbio de Como: aí permaneceu durante sete anos».

Em Julho de 2014 aportou em Milão, onde passou os últimos meses e onde faleceu a 27 de Novembro do mesmo ano.

Em conclusão, reproduzimos apenas um breve comentário tirado da homilia do P. Lino Spezia para o funeral. «Entre os muitos ‘momentos especiais’ do Ir. Mario, gostaria de recordar o último, pelo modo como soube viver a sua doença. Deu um testemunho forte de serenidade, de lucidez mas sobretudo de uma fé adulta, missionária e profunda. A doença tornou-o mais sensível e atento às exigências e aos direitos dos doentes. Surpreendia pela sua coragem e por aquela fé que acompanhavam as suas palavras e a sua experiência».