O Ir. Andrea Ferrari nascera em Urago d’Oglio, província de Brescia, a 17 de Agosto de 1922. «É um jovem casto, pio, de ânimo sereno, obediente e voluntarioso. Estou certo de que terá êxito» escrevia o pároco da igreja de S. Lorenzo Martire de Urago d’Oglio, a 13 de Janeiro de 1947, apresentando ao superior do seminário comboniano de Brescia o seu paroquiano, Andreino Ferrari, que queria ser Irmão missionário.
O Ir. Andrea fez o noviciado em Florença e logo depois foi mandado para Sunningdale, na Inglaterra, para aprender o inglês. Depois de um breve período em Stillington, como encarregado da casa, foi destinado ao Uganda, onde passou trinta anos de vida missionária em dois períodos diferentes, intervalados por um período de quinze anos em Itália, em Verona e em Limone.
A sua primeira comunidade da província ugandesa – escreveu o
Ir. Luciano Giacomelli no seu testemunho – foi «Nyapea, uma grande missão, onde se encontravam dois grandes missionários, o P. Spazian e o P. Campi. O Ir. Andrea encontrou muito trabalho a fazer. Iniciou com uma escolinha de artes e ofícios e outras construções necessárias para realizar a visão de longo alcance dos dois padres que trabalhavam sem descanso para fazer penetrar o Evangelho entre os Alur. Os catecúmenos e as gentes ajudaram o Ir. Andrea a preparar os tijolos (dizem um milhão) para construir uma grande igreja que pudesse conter todos os cristãos que os dois Padres sonhavam ter (e tiveram). A escolinha de artes e ofícios, surgida do empreendimento do Ir. Andrea, ajudava os jovens a aprender uma profissão e dava-lhes a possibilidade de encontrar um trabalho uma vez terminado o curso. O Ir. Andrea trabalhou também em Kampala, na casa provincial, acolhendo primorosamente os confrades de passagem, sempre sorridente e serviçal».
Depois de muitos anos de missão no Uganda, depois Nyapea, Arua, Parombo e Pakele, o Ir. Andrea foi chamado a Itália e mandado para Verona para ajudar o Ir. Franco Bonadimani no trabalho de procuradoria e despachos. Era sempre diligente no trabalho. Enquanto esteve em Verona, encarregou-se do seu irmão que tinha ficado só, com graves problemas de saúde e que, com licença dos superiores, foi acolhido na Casa Mãe. Assim o Ir. Andrea podia assisti-lo continuando a desenvolver o seu trabalho. Permaneceu depois três anos em Limone.
Em 1989 foi novamente destinado ao Uganda e mandado primeiro para Aliwang, depois para Kampala e por fim para Gulu. Regressado para um período de férias em Itália, antes de voltar à missão, em Agosto de 1997, o Ir. Andrea foi convidado pelo pároco da sua terra natal a dar um testemunho aos paroquianos. Reproduzimos algumas passagens: «O tempo das minhas férias terminou rapidamente, e estou pronto para regressar à minha missão do Uganda. Sempre procurei amar a terra de missão, em particular o Uganda, onde passei 30 anos dos meus 48 de consagração ao Senhor para as Missões. Houve momentos de alegria e de lágrimas, especialmente no período da guerra e da guerrilha que desde há quase 20 anos semeia morte e destruição na região da tribo dos Acioli e dos Lango, onde os Missionários Combonianos trabalham pela evangelização desde 1910. Não obstante os receios, as mortes e as pilhagens levadas a cabo pelos rebeldes-ladrões que andam armados com armas modernas, os missionários não abandonaram a população e permaneceram sempre ao lado da sua gente provada por tanta barbárie, e procuraram ajudá-la economicamente e espiritualmente. Antes de vir para Itália para as minhas férias estive no hospital de Gulu para exames médicos e senti uma grande angústia ao ver a população que, à noite, se refugiava dentro dos muros do hospital para passar a noite longe do perigo dos bandidos. As pessoas eram nove ou dez mil e passavam a noite debaixo das varandas ou nos armazéns, estendidos em cima de esteiras. Os mais felizardos tinham uma manta. Muitas crianças e idosos contraíam broncopneumonias, e vários morriam. Os médicos e os enfermeiros procuravam dar um pouco de assistência, mas as pessoas eram demasiado numerosas tornando-se difícil atender todas».
No ano 2000 o Ir. Andrea regressou a Itália e foi para Arco, para o acolhimento aos confrades idosos e como ecónomo local, depois foi mandado para Brescia, para Rebbio e por fim, em tratamentos, para Milão, onde faleceu dia 22 de Janeiro de 2017.