Luigi Cometti nasceu a 31 de Maio de 1928 em Desenzano, Brescia, uma aldeia junto ao Lago Garda. Entrado para os Combonianos em Gozzano em Agosto de 1948, emitiu os primeiros votos a 9 de Setembro de 1950 em Sunningdale, Inglaterra. Em Setembro de 1956 obtém do «City & Guild em Sunningdale of London Institute» o certificado em «Artesanato», em particular como carpinteiro. Desde 1949, de facto, os seus formadores tinham escrito dele: «Aprende com facilidade novos ofícios e mostra bom senso no trabalho e capacidade de industriar-se».
Seis anos depois emitiu os votos perpétuos em Ombaci, Uganda, onde passou vinte e nove anos (1953-1982) como professor e procurador diocesano.
«De 1972 a 1982 – escreve o P. Torquato Paolucci – tive a graça de o conhecer e de o ter como amigo. Gigi falava pouco mas tinha um coração grande. Queria simplesmente ajudar os confrades e as gentes a viver com serenidade. Ombaci, para nós que vivíamos nas outras missões, era como Betânia para Jesus, e Gigi era Marta. Íamos até lá para alguns dias de descanso, de vez em quando, ou para reuniões da zona, exercícios espirituais, alguma festa juntos, e Gigi fazia-nos sentir em nossa casa e preparava sempre um ótimo acolhimento; não obstante as grandes dificuldades económicas, não nos deixava faltar nada. À noite havia sempre uma boa cerveja fresca e muita alegria. Tinha feito um belo poleiro, com perus, gansos, galinhas, coelhos, etc. Havia também algumas vacas e portanto leite fresco. Era um grande trabalhador: muitas vezes à noite estava no seu gabinete a fazer as contas e de manhã encontrava-se cedo na Igreja. Também com os seus operários e as suas famílias Gigi era uma “segurança”. Sabia intervir no momento oportuno para proteger, resolver um problema, ajudar um rapaz ou uma rapariga a ir à escola. Não acabaríamos nunca de relatar a sua bondade, pela qual, na cidade, em Arua, todos o conheciam. Quantas pessoas injustamente acusadas foram salvas por Gigi! A sua partida do Uganda provocou uma grande tristeza em muitos. Gigi dava esperança».
E o P. Antonio Solcia recorda que «se nos anos sessenta e oitenta Ombaci era famosa, na vanguarda em todos os campos, muito disso se deve ao trabalho do Ir. Luigi. Naqueles anos havia diversos expatriados na escola e na cidade e todos vinham de boa vontade para Ombaci, tanto que alguns protestantes foram advertidos pelo seu bispo. Alguns deles (entre os quais o Dr. Spitt) tornaram-se católicos. O Ir. Luigi tinha um coração grande, aberto e pronto a ajudar todos. Esta sua generosidade expô-lo a alguns riscos financeiros e também físicos, como nos anos 1979 e 1980, durante a rebelião contra Idi Amin, quando organizou uma defesa para cerca de 10 000 pessoas que se tinham refugiado na missão. Mandou os padres para o Congo, oferecendo-se para ficar em Ombaci sozinho. Tinha um coração sensível, sobretudo para com os doentes e necessitados… Visto que em Ombaci não havia um dispensário, ofereceu-se para abri-lo ele, acompanhando ele os doentes, quando tinha tempo. Era um grande trabalhador: atirava-se de cabeça àquilo que fazia, dia e noite, suando e fadigando para além dos limites. No fim do mês passava toda a noite a fechar as contas de cada comunidade. Era um homem de grandes talentos, em vários campos. Embora administrando grandes somas para o colégio ou as missões, não desperdiçava nada. Quando a procuradoria diocesana não era operativa, oferecia-se ele para abrir uma sucursal em Ombaci, onde se podia encontrar e organizar tudo o necessário. Era um bom professor. A Ombaci Technical School atingiu um elevado nível, sobressaindo sobre outras. Um ano foi enviado um inspector do Ministério da Educação porque se suspeitava que os alunos tivessem copiado. Luigi mostrou-lhe toda a preparação e o inspector levou consigo para Campala todos os documentos, como exemplo-guia. Era um grande caçador, mas só o fazia para ter um pouco de carne para os catecúmenos e os estudantes».
Transferido para Verona em 1983, para o departamento do administrador das revistas, manifestava algum receio de ir para uma comunidade «onde eram todos santos». Foi também encarregado da Casa Mãe (até 1998).
Em 1999 partiu para o Malauí-Zâmbia, onde passou três anos em Lilongwe na casa provincial, e catorze anos em Lunzu (2002-2016), no Comboni Technical College, onde ensinava o desenho técnico, matéria difícil e exigente. Durante a sua permanência, a escola progrediu notavelmente em termos de manutenção e de acrescento de novas secções e oficinas. O Ir. Luigi chamava amigos da Itália que vinham contribuir para a manutenção da escola.
Em 2017 foi transferido para Castel d’Azzano, para o Centro Fratel A. Fiorini, onde faleceu a 7 de Junho de 2017. Desde que tinha chegado foi um suceder-se de visitas de familiares, amigos e confrades. No hospital, primeiro, e depois em casa, os seus pedidos foram ter o terço ao alcance da mão, o breviário e a lupa para abrir o breviário na página certa e assim rezar em uníssono com a comunidade.