Juan Benjumea Ramos nasceu a 29 de Março de 1938 em Paradas, uma aldeia de casas brancas do campo sevilhano, no sul de Espanha.
A sua era uma família com sete filhos, humilde, cristã, que vivia do trabalho do campo e Juan, antes ainda de completar os dez anos, teve de deixar a escola para dar a sua ajuda. Começou também, desde muito novo, a trabalhar como aprendiz de carpinteiro.
Também a sua paixão pelos touros começou muito cedo: com apenas doze anos ia praticar nas pequenas arenas das herdades vizinhas – Conde de la Maza ou José Benítez Cubero – onde havia criação de touros. Era bastante hábil, a ponto de começar a acalentar o sonho de ser toureiro, até para ajudar economicamente a família.
O trabalho e as actividades de toureiro marcaram, portanto, os seus anos juvenis, anos durante os quais Juan nunca descuidou a sua fé cristã, participando na Missa e confessando-se com frequência. Neste caminho de fé, houve um momento particular em 1961, quando participou nos «cursilhos de cristandade», em Los Negrales (Madrid). Tinha 23 anos. «Recordo-me de me ter sentido como que agarrado e atirado ao chão e a partir daquele momento pus-me à inteira disposição d’Aquele que me tinha derrubado: Jesus», escrevia nas suas memórias. Foi o início de uma luta interior entre as suas duas vocações: toureiro e empenho cristão. Continuou a frequentar diversas comunidades cristãs de Madrid e Sevilha e ao mesmo tempo continuou a actividade de toureiro até chegar à arena mais importante do mundo, Las Ventas de Madrid, na tarde de 7 de Agosto de 1965. A sua exibição, porém, não foi das melhores e embora muitos continuassem a ter confiança nele, decidiu abandonar as corridas até porque, como escreverá nas suas memórias, tinha-se dado conta de que naquele mundo «nunca encontraria aquilo que procurava: a liberdade no serviço e a gratuidade».
Viveu dois anos em Madrid a trabalhar como carpinteiro e serralheiro, depois mudou-se para Sevilha: através de um amigo tinha conhecido a revista Mundo Negro, assim entrou em contacto com os Missionários Combonianos e pouco tempo depois foi-lhe oferecida a possibilidade de começar a formação como Irmão. Em Setembro de 1968 apresentou-se na casa de Moncada (Valência). Ao início adaptou-se com grande facilidade à vida do postulantado mas com o passar dos meses começou a sentir uma certa insatisfação e decidiu sair. O P. Giovanni Bressani, que via nele uma vocação clara, deixou-lhe as portas abertas caso algum dia quisesse voltar.
Juan estabeleceu-se de novo em Madrid onde, com dois amigos, abriu um ateliê de pintura e pintalgar. Entretanto continuava a sua procura espiritual e mantinha os contactos com os Combonianos de Moncada até que, em Setembro de 1970, retomou de novo a formação. Em Março de 1972 emitiu os primeiros votos e, como primeira destinação, foi mandado para Santiago de Compostela, onde estavam a iniciar os trabalhos do seminário menor e onde a sua experiência profissional foi de grande ajuda. Foram anos de intenso trabalho e de animação missionária em toda a Galiza que, todavia, não apagaram as suas dúvidas vocacionais. De facto, tentado por um certo idealismo de pobreza e gratuidade radicais, em Outubro de 1975 queria entrar para os Pequenos Irmãos de Foucault, mas a obediência ao seu director espiritual e ao superior provincial,
P. Enrico Farè, impediram-lho. Tinha sido de facto destinado à província comboniana do Equador e naquele mesmo mês partiu de navio para uma viagem de dezanove dias.
Foi destinado primeiro a Esmeraldas, onde realizou diversos trabalhos, e depois a El Carmen. Naquela paróquia, a 15 de Julho de 1978, Juan emitiu os votos perpétuos. Além de desenvolver o seu trabalho de Irmão, construindo e organizando tudo aquilo que podia, Juan animava também espiritualmente as comunidades. Alguns pediam-lhe para se confessar e Juan começou a pensar na possibilidade de se tornar sacerdote. Comunicou este desejo aos superiores em 1982. Obteve permissão de retomar os estudos interrompidos em tenra idade, mas não conseguiu obter o acesso à universidade para adultos de Granada. Voltou então para Quito e quando foi aberto o escolasticado internacional de Lima, entrou a fazer parte do primeiro grupo de estudantes Combonianos do Instituto Superior João XXIII da capital. Conseguiu terminar os estudos em 1989 e a 6 de Janeiro de 1990 foi ordenado sacerdote por D. Enrico Bartolucci na catedral de Esmeraldas. Uma semana depois, aos 51 anos, encontrava-
-se já na sua nova destinação: a paróquia de San Lorenzo. Foram cinco anos de intenso serviço missionário, até ao final de 1994, quando foi chamado novamente a Espanha para um empenho na animação missionária. A 25 de Julho de 1998 pôde regressar ao Equador, destinado à missão de Borbón.
Regressou a Espanha no final de 2015, quando se estavam já a manifestar os primeiros sintomas da doença que o levou à morte. Faleceu dia 21 de Setembro de 2018 em Moncada, no mesmo mês e na mesma comunidade em que tinha sido recebido 50 anos antes como postulante.