O Ir. Hermenegildo nasceu a 11 de Abril de 1938 na pequena fracção agrícola de Salitre Santa Rosa, no estado do Michoacán, arquidiocese de Morelia. Entrou muito jovem como aspirante irmão no seminário dos Missionários Combonianos. Fazia parte do primeiro grupo de jovens que se sentiram chamados à missão como irmãos e sempre teve clara esta sua vocação, na qual realizou todos os seus sonhos de um homem consagrado à missão.
Em 1956 foi admitido no noviciado de Tepepan, na Cidade do México, e depois de dois anos de formação religiosa fez os primeiros votos a 1 de Novembro de 1958. Seis anos depois, na mesma data, fez os votos perpétuos e a sua primeira destinação foi a animação missionária na Cidade do México. Em 1960, foi mandado para Santiago, na Baixa Califórnia Sul, para trabalhar como catequista na paróquia. Nos mesmos anos foi destinado a colaborar nos trabalhos da construção da Cidade dos Rapazes em La Paz e na Cidade do México. Foi ali que iniciou a sua aprendizagem nas construções, ofício que depois exercerá em todas as missões a que será enviado.
De 1973 a 1974 ficou a aprender o francês na comunidade de Issy les Moulineaux, em França, em preparação para a sua futura missão em África. Foi então destinado à província da República Centro-Africana, que se tornou a sua segunda pátria, por todos os anos que passou a trabalhar naquelas missões. De 1974 a 1983 permaneceu na missão de Boda, encarregado dos campos da missão e de outros trabalhos na paróquia.
Depois desta sua primeira experiência na República Centro-Africana, regressou ao México para um serviço à província. Em 1984 foi destinado à comunidade da casa provincial para ajudar como ecónomo e, no ano seguinte, passou para a comunidade de Guadalajara, onde permaneceu até 1987.
Nos anos 1991-1997 regressou às missões da República Centro-Africana para trabalhar nas comunidades de Zemio, Bangui e Grimari. De 1997 a 2001 regressou ao México para alguns serviços e para as férias; em 2002 regressou de novo à República Centro-Africana, onde permaneceu até 2009, para o seu último serviço naquela província.
De 2010 a 2021 esteve na comunidade de Monterrey, na casa provincial e, por fim ,na comunidade Oasis, de Guadalajara, onde faleceu dia 29 de Janeiro de 2021.
O Ir. Hermenegildo deixou-nos a recordação de um missionário comboniano identificado e apaixonado pela sua vocação missionária. Era um homem simples e alegre, sociável e de boa companhia. Era respeitoso e serviçal, disponível para todas as incumbências que lhe eram pedidas. Foi sempre um grande animador missionário e ia de muito boa vontade às jornadas missionárias, mesmo se comportavam sacrifício e cansaço. Não perdia a oportunidade de partilhar os seus dotes canoros e de animador de todas as festas.
A missão da República Centro-Africana foi a sua grande paixão: sentia-se identificado com as gentes das paróquias em que serviu e onde partilhou a sua vida na proximidade e fraternidade com os mais pobres. Sentiu-se sempre parte do grupo de missionários que continuam a dar a sua vida naquelas terras e uma das suas maiores dores foi, indubitavelmente, não poder voltar e viver com eles os seus últimos anos. Não obstante, fosse idoso e doente, de facto, continuava a pedir para ser novamente destinado à «sua» missão. O Senhor tinha para ele outros projectos e foi uma das muitas vítimas do vírus que continua a semear tanto sofrimento entre nós.
O Ir. Hermenegildo foi um religioso que assimilou sem grandes dificuldades os valores da vida religiosa. Apreciava e gostava de viver na comunidade. Era fiel aos seus deveres e aos compromissos de oração pessoal e comunitária. O seu espírito de serviço tornava-o sempre atento às necessidades da comunidade e, conforme podia, não perdia ocasião de ajudar.
Humanamente falando, era uma pessoa atenta, amável e educada, seguramente reflexo da educação recebida numa família simples mas marcada pelos valores da fé e da confiança em Deus. Nas suas relações com os outros mostrava uma enorme capacidade de socializar e, como outros seus confrades, sempre mostrou inclinação para os contactos muito simples com as pessoas. Poderia dizer-se que era um missionário que tinha prazer em estar com as pessoas e sentia que isso era um modo de fazer missão.
Viveu a sua vocação missionária comboniana identificado com o carisma e tendo sempre presente a figura do nosso fundador: Comboni foi uma presença e um ponto de referência que o acompanhou e sustentou em todos os lugares em que esteve e em todas as experiências que viveu. (P. Enrique Sánchez González, mccj)