Estamos todos entristecidos e ainda incrédulos com a morte repentina de um missionário pleno de alegria e entusiasmo. Hoje, juntos, queremos rezar não pelo P. Ezio, mas com o P. Ezio. Rezamos para poder receber a graça de imitar as suas virtudes humanas, cristãs e missionárias.
Ao P. Ezio não agradavam os louvores ou os «incensamentos», mas temos de apresentar algumas virtudes porque o P. Ezio foi um bom mestre de vida e deixou-nos tantos exemplos humanos, cristãos e missionários.
Fez o noviciado em Venegono, onde emitiu os votos temporários a 17 de Maio de 1975. Para o escolasticado, foi enviado para Elstree. Emitiu os votos perpétuos a 28 de Abril de 1978 e dois meses depois, a 24 de Junho, foi ordenado sacerdote. Enviado para o Líbano para o estudo do Árabe, em meados de 1981 foi destinado a Rumbek, no Sudão do Sul, como professor de Religião. Lemos num dos seus recentes escritos: «Passei 23 anos no Sudão do Sul, uma experiência missionária marcada por uma situação constante de guerra e insegurança… Nos anos vividos em Itália trabalhei como promotor de vocações missionárias e como encarregado dos Leigos Combonianos. Durante nove anos estive então em Milão como administrador da nossa comunidade de missionários idosos, não autónomos e doentes, ou melhor, «antigos combatentes» da missão! Desde Janeiro de 2022 estou em Brescia, como ecónomo da comunidade».
Na sua humildade e simplicidade, o P. Ezio não escreveu que foi também secretário nacional da formação nos seminários combonianos em Itália.
Também não mencionou que serviu durante dois períodos como Superior Provincial no Sudão do Sul. Além disso, não podia dizer que, há anos, pensaram nele como possível bispo da diocese de Rumbek (Sudão do Sul).
Era uma pessoa boa, serena e de boa companhia. Atento a todos. Em Milão, como administrador da nossa RSA, dava aos missionários idosos e doentes a medicina mais eficaz: tempo e escuta.
Um homem reconciliador, sincero e transparente… e isto não só pelo seu temperamento ou personalidade, mas como fruto de uma profunda espiritualidade missionária.
Uma pessoa com mãos de ouro: gostava da tecnologia, e era a nossa segurança com os computadores, telemóveis, motores, máquinas, electricidade. Ajudava todos, particularmente nós de uma certa idade, que nos perdemos nos labirintos misteriosos dos telemóveis.
Homem de oração. Era metódico nos seus horários: levantava-se cedo, e às 5h30 já estava na capela para a oração pessoal, meditação e leitura espiritual. Era um exemplo para todos.
Homem prático e culto: lia muito. O estudo dos temas bíblicos ultimamente era o seu forte. Como missionário no Sudão, tinha estudado a História e as tradições daquele país. Sabia muito sobre o Sudão. «Estudar e conhecer para amar» era o seu pensamento.
Um missionário apaixonado primeiro pelo Líbano, depois pelo Sudão. Amava as gentes. Amava tudo do Sudão, não obstante os problemas daquela bela nação.
O P. Ezio foi um missionário autêntico, uma das mil vidas que Comboni desejava ter para as doar todas à missão. (P. Teresino Serra, mccj)