"Declaro que, quando o Senhor me chamar, quero ser sepultado onde morrerei, no meu local de trabalho". Esse foi o desejo expresso pelo P. Lodovico Bonomi, já em Março de 1994. Exactamente 30 anos depois, ele foi sepultado em São José do Rio Preto, SP, onde viveu de Janeiro de 1997 a Dezembro de 2001 e de 2009 até sua morte, em 2024.
Noviço em Gozzano (1959-1961), escolástico em Crema (como prefeito, frequentando os cursos de Teologia no seminário diocesano) e em Venegono, depois dos votos perpétuos a 9 de Setembro de 1964, foi ordenado sacerdote a 26 de Junho de 1965. Inteligente, dinâmico, criativo e de grande vontade, foi imediatamente nomeado ecónomo do Escolasticado de Venegono (VA).
Em Dezembro de 1967, chegou pela primeira vez ao Brasil, para assumir a paróquia de Ecoporanga, no norte do Estado do Espírito Santo, juntamente com outros combonianos.
Depois de um ano de trabalho na promoção vocacional (1973), no seminário comboniano de Campo Erê, no oeste do estado de Santa Catarina, o P. Lodovico aceitou trabalhar em Rondónia, na paróquia de Pimenta Bueno, que já conta com 30 mil habitantes, onde 'o latifúndio esmaga as pequenas propriedades' e não há um plano governamental para assentar as famílias em busca de terra e evitar conflitos na ocupação de grandes áreas não cultivadas. Há também os índios Larga, que reivindicam a área para a sua própria sobrevivência. Grupos nacionais do Sul e grandes empresas internacionais começam a criar conflitos, ocupando e explorando as terras indígenas, roubando as riquezas naturais da floresta amazónica. Começa assim uma erosão gradual da cultura indígena.
De 1979 a 1984 e de 1988 a 1996, trabalhou em Porto Velho, capital da Rondónia. Quando, em 1982, Dom João Batista Costa deixou a liderança da diocese, o P. Lodovico foi eleito vigário episcopal e cuidou da diocese de Porto Velho até a chegada do novo bispo.
Em 1984, regressou a Itália, onde passou um ano na comunidade de Messina. Em 1985, regressou ao Brasil e assumiu a administração da paróquia de Alto Paraíso, município com uma área total de 2651 km2. Administrou também a paróquia de Jaru, de 1985 a 1988. Pouco tempo depois, regressou à paróquia de Nossa Senhora das Graças, em Porto Velho, até 1996.
Depois de um período de férias em Itália, foi destinado à comunidade de São José do Rio Preto. Em 1998, tornou-se superior da comunidade e assumiu também a direcção da Obra Social 'São Judas Tadeu'. A pedido do então superior provincial, iniciou a construção da Casa Comboni (destinada a acolher os combonianos idosos e doentes) e mais tarde a casa paroquial.
De Outubro de 2002 a finais de Março de 2003, esteve em repouso na casa provincial de São Paulo. Em Abril, a província assumiu a paróquia de Santo Isidoro, em Alto Alegre, na diocese de Roraima, quase na fronteira com a Venezuela. A escolha foi motivada pelo desejo dos Combonianos de retomar a sério o trabalho pastoral entre os índios. O P. Ludovico e o P. John Clark ofereceram-se para ir para lá: o primeiro como pároco, o segundo como superior da comunidade; em 2005, juntou-se-lhes o irmão António Marchi. Em 2008, a comunidade mudar-se-á para Boa Vista, mas o P. Ludovico continuará a visitar os índios de Alto Alegre. No final de 2009, foi transferido para a comunidade de São José do Rio Preto (SP). Nunca mais sairá de lá.
Onde quer que o P. Ludovico se encontrasse – à frente de paróquias, partilhando a vida de diferentes comunidades, ou dirigindo a Obra Social "São Judas Tadeu" – conseguia granjear a simpatia e o respeito de todos.
De manhã cedo, vai invariavelmente à padaria comprar pão e leite para os confrades. Depois, põe a mesa e tenta ajudar na cozinha. De bom coração, ajuda as pessoas pobres, dando-lhes comida e dinheiro. Também cria galinhas para garantir aos confrades um ovo fresco todos os dias. Cultiva também uma pequena horta para ter legumes frescos.
Sempre presente na oração comunitária diária, tem o cuidado de preparar bem a homilia, comentando as leituras do dia.
Por fim, a sua saúde enfraquece gradualmente. É forçado a submeter-se a várias cirurgias à garganta, depois também ao fémur, que se parte na sequência de uma queda má... Suporta tudo isto com santa resignação.
O seu sofrimento termina no domingo, 14 de Abril de 2024, quando a Irmã Morte vem buscá-lo, purificado, para o entregar, ressuscitado, nos braços do seu Pai celeste.
As pessoas que o conheceram, respeitaram-no e amaram-no, e os pobres choraram-no como um pai. (P. Enzo Santangelo, mccj)