Segunda-feira, 9 de Setembro de 2019
Tendo em vista o Sínodo para a Amazônia, iniciou-se um processo de articulação que reúne várias instituições e organizações da igreja com o objetivo de gerar um espaço de diálogo e escuta, que caminha ao lado dos padres sinodais em outubro de 2019 em Roma. (Foto: a Maloca, lugar onde as comunidades indígenas se sentam e dialogam entre si, celebram e conseguem discernir o que está acontecendo na vida da Comunidade).

Recordando qual foi a experiência da “tenda dos mártires” em Aparecida – Brasil 2007, busca-se que possamos todos enriquecer esse espaço de interação e comunicação entre as pessoas com o espírito amazônico. Não é apenas para apresentar várias atividades, é o exercício da comunicação e do diálogo intercultural, interagindo com o novo, o diverso, o ainda desconhecido.

Amazônia: casa comum é um esforço para tornar presente a vida da Amazônia e os que nela habitam. Na Amazônia, a Maloca é o lugar onde as comunidades indígenas se sentam e simplesmente ouvem-se, celebram e conseguem discernir o que está acontecendo na vida da Comunidade.

Amazônia: casa comum em Roma tem esse espírito, é como a "grande maloca" a que todos nós somos convidados, portanto, neste espaço somos hóspedes. Nossos irmãos indígenas são atores e protagonistas deste espaço. Convidam-nos a dialogar com eles. Somos os facilitadores deste encontro, tanto entre os líderes indígenas de várias regiões, quanto entre eles e aqueles que vêm de fora. Que seja a voz desse povo que ajude os padres sinodais a discernir os novos caminhos que a igreja precisa encontrar para saber como responder a esse grito dos pobres e da casa comum.

É importante que compreendermos que a Amazônia: casa comum não é um fórum, nem um espaço para que todos simplesmente “mostrem” o que ele sabe fazer. Todos nós, em uma atitude de escuta, facilitaremos o ressoar da voz dos povos amazônicos em nós, nas organizações, na Igreja e no mundo. Não se trata de fazer brilhar cada estrela, mas do brilho conjunto dessa constelação para embelezar e iluminar a noite, uma noite que quer se transformar em trevas. A Amazônia está gritando e dentro dela gritam também seus filhos e filhas. Não podemos ser indiferentes.

Amazônia: a casa comum é um espaço eclesial do qual vamos lidar com assuntos que nossos irmãos amazônicos colocam como uma prioridade. Um espaço onde a reflexão, a discussão, o diálogo, as conversas e, acima de tudo, o ouvir e desenvolver. Um espaço onde seus gritos e seus clamores são, não os nossos interesses, mas aqueles que prevalecem acima de nós.

Neste espírito, somos chamados a participar de uma grande tenda, de uma grande maloca, de uma grande oportunidade. Trabalhemos para tornar este espaço um lugar de encontro e de diálogo intercultural no coração da Igreja Católica, juntamente com o Papa Francisco, "nosso avô", "nosso sábio", como os povos indígenas o chamam. Precisamos conhecer cada rosto da Amazônia e olhar face a face para cada um. Que possamos juntos percorrer por estes novos caminhos, com o respeito, tolerância, intercâmbio, aceitação, abertura, reciprocidade, diálogo e escuta.
Roberto Carrasco, OMI