Este ano de 2025, a solenidade dos Santos Pedro e Paulo, celebrada em 29 de junho, cai num domingo. É a ocasião para falar desses dois grandes apóstolos, louvar o Senhor por essas colunas da Igreja, mas sobretudo refletir sobre o testemunho que nos deixaram. Pedro e Paulo: tão diferentes, e, no entanto, tão próximos!
Seguindo os passos de Pedro e Paulo
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”
Mt 16,13-19
Este ano, a solenidade dos Santos Pedro e Paulo, celebrada em 29 de junho, cai num domingo. É a ocasião para falar desses dois grandes apóstolos, louvar o Senhor por essas colunas da Igreja, mas sobretudo refletir sobre o testemunho que nos deixaram. Pedro e Paulo: tão diferentes, e, no entanto, tão próximos!
Simão, filho de João, apelidado de Pedro (Kefa, “rocha”) por Jesus, era um pescador de Cafarnaum, na periférica Galileia: um homem simples e rude, obstinado e teimoso, entusiasta e impulsivo, generoso, mas inconstante, até a covardia de negar o Mestre. Escolhido por Jesus como “chefe” da Igreja (ver Evangelho: Mt 16,13-19), Pedro dedicou-se especialmente aos cristãos de origem judaica.
Saulo de Tarso, conhecido como Paulo (Paulus, em latim), cidadão romano, fariseu, filho de fariseus e fabricante de tendas por profissão, era, por outro lado, um intelectual refinado. Formado em Jerusalém na escola do célebre rabino Gamaliel, tornou-se um defensor fanático da Lei e um zeloso perseguidor dos cristãos. Por volta do ano 36, no caminho de Damasco, Jesus lhe aparece: ocorre assim a mais extraordinária conversão da história da Igreja.
Paulo torna-se o “décimo terceiro apóstolo”, arauto do Evangelho entre os pagãos, gregos e romanos, e o maior missionário de todos os tempos. Durante cerca de trinta anos, percorreu mais de 20.000 km por terra e mar, movido pela paixão por Cristo. Esvaziado do “vinagre” do fanatismo, seu coração enche-se do “mel” do amor de Cristo, tornando-se “o vaso de eleição” do Senhor (At 9,15).
A solenidade dos santos apóstolos Pedro e Paulo une numa só celebração duas figuras muito diferentes, que na vida se encontraram poucas vezes, mas que se confrontaram por divergências de opinião. A Igreja assim nos ensina que unidade não é uniformidade, mas sinfonia. A vida cristã é plural e alimenta-se da diversidade.
Uma tradição antiga afirma que ambos foram martirizados em Roma — Pedro crucificado, Paulo decapitado — no mesmo dia, durante a perseguição de Nero, entre os anos 64 e 67 d.C. O martírio, suprema expressão de fé e amor por Cristo, os uniu.
A sombra misteriosa de Pedro
Quando penso em Pedro, vem-me à mente o que relatam os Atos dos Apóstolos sobre a sua… sombra! Os habitantes de Jerusalém traziam os doentes às ruas, em leitos e macas, para que, ao passar Pedro, ao menos sua sombra os cobrisse (At 5,15).
O que há de mais discreto, impalpável e silencioso do que uma sombra? No entanto, a de Pedro era viva e operante. Uma sombra misteriosa que deixava atrás de si luz e vida. Recorda Jesus que “passava fazendo o bem e curando a todos” (At 10,38). Era, sem dúvida, a sombra de Jesus! Não existe sombra sem luz: o sol de Cristo iluminava Pedro, envolvia sua pessoa, guiava cada um de seus passos. Era Jesus que se escondia na sombra do seu amigo predileto!
E a nossa sombra?
Como Pedro, também nós somos chamados a ser sombra de Jesus. Uma sombra benfazeja que oferece alívio e proteção, “como a sombra de uma grande rocha numa terra árida” (Is 32,2).
Muitas pessoas vivem sob o sol escaldante da fome, da injustiça, da angústia e da solidão. Não serão os grandes discursos ou gestos espetaculares que trarão conforto, mas a sombra silenciosa e amiga de quem se põe ao lado.
Vale a pena perguntar: como é a nossa sombra? O que deixamos atrás de nós? De vez em quando, convém lançar um olhar furtivo para percebê-la em ação. Está semeando o bem? Ou está destruindo, na sombra, aquilo que tentamos construir à luz? É luminosa, como projeção do Cristo ressuscitado? Ou está obscurecida pelo egoísmo, pela ganância, pela sede de poder ou pela escravidão do prazer?
Olha o rastro traçado pela tua sombra, e saberás se o sol de Cristo realmente ilumina a tua vida, ou se o teu coração se tornou um buraco negro que devora todo lampejo de luz.
Uma pessoa pode fazer a diferença!
Dificilmente alguém poderá igualar Paulo em sua paixão por Cristo. Ele é, como disse Bento XVI, “o primeiro depois do Único”. Sua figura e a Palavra inspirada de suas Cartas continuam a ser um farol para a Igreja. É surpreendente constatar como uma única pessoa, por sua fé, seu pensamento ou sua personalidade, pode mudar o curso da história — para o bem ou para o mal. Exemplos, mesmo recentes, não faltam.
Na história da salvação, quando Deus quer iniciar algo novo, escolhe uma pessoa, um “fermento” através do qual fazer crescer sua graça na multidão. É impressionante pensar que o “sim” de muitos passa, misteriosamente, pelo “sim” de um só.
Deus à procura de uma pessoa: eu!
Um só indivíduo pode fazer a diferença. Por isso Deus tenta tocar o coração de alguém para salvar todo o seu contexto. Mas, às vezes, não encontra: “Procurei entre eles um homem que construísse um muro e se colocasse na brecha diante de mim, mas não encontrei” (Ez 22,30).
Hoje, Deus se dirige a cada um de nós, propondo uma fecundidade de vida incalculável. Cada cristão, em qualquer vocação, é chamado em certo momento a fazer uma escolha fundamental: a abraçar um estilo de vida cristão autêntico, na esteira de Pedro e Paulo, deixando-se elevar pelo Espírito, inspirado por uma dupla paixão, por Cristo e pela humanidade; ou, então, a escolher uma vida medíocre, de baixo perfil, limitando-se a navegar à vista e colher pequenas satisfações cotidianas, tornando-se, com o tempo, “insignificante”.
A aposta é grande! Da nossa resposta pode depender o destino de muitas pessoas. Será que Jesus encontrará em nós a coragem e generosidade para aceitar o desafio?