In Pace Christi

Canova Pio Santo

Canova Pio Santo
Data de nascimento : 22/05/1921
Local de nascimento : Castione della Presolana
Votos temporários : 07/10/1943
Votos perpétuos : 07/10/1946
Data de ordenação : 31/05/1947
Data da morte : 12/03/2006
Local da morte : Nampula

Pio Santo Canova nasceu a 22 de Maio de 19921 em Castione della Presolana, na província de Bergamo (Itália). Após quatro anos de escola primária na sua terra, entrou para o Seminário diocesano de Bergamo onde continuou os estudos. Durante o Verão de 1941, amadureceu a sua decisão de ser missionário e entrou em contacto com os missionários combonianos.

A 22 de Setembro de 1941, entrou para o noviciado comboniano de Venegono Superior (Varese) onde emitiu a primeira profissão a 7 de Outubro de 1943. Retomou os estudos de filosofia e teologia em Rebbio de Como e em Verona, onde emitiu a profissão perpétua a 7 de Outubro de 1946 e foi ordenado sacerdote a 31 de Maio de 1947. A sua primeira destinação foi Venegono Superior, onde desempenhou o cargo de ecónomo da comunidade durante cerca de três anos. Em 1950, foi destinado a Moçambique, tendo estudado previamente a língua portuguesa em Viseu, Portugal.

Partiu para Moçambique com o terceiro grupo de sacerdotes e Irmãos combonianos que chegava ao território missionário da diocese de Nampula. Desde a sua chegada, a 22 de Janeiro de 1951, o P. Santo foi destinado a Mossuril, uma das mais antigas missões de Moçambique com quase 500 anos de fundação. O P. Santo trabalhou nesta paróquia, dedicada à Imaculada, como coadjutor durante quase três anos. A sua primeira tarefa foi aprender o macua, a língua local.

Desde o início de 1954 até 1957, foi superior da missão de Carapira; de 1958 a 1962 foi responsável pela paróquia de Cabaceira e Matibane. Entre 1963 e 1968 trabalhou no Lúrio. Eram anos de grande tensão política e religiosa: anos de confrontos armados entre os combatentes da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e o exército colonial de Portugal; os anos do «imperativo de consciência» (1974) com o qual o grupo dos combonianos em Moçambique enfrentou o período precedente à independência de Portugal, obtida em Junho de 1975.

Em Julho de 1976, o P. Santo foi para Mirrote, com a responsabilidade de uma missão com mais de 43 mil habitantes, dos quais apenas 6000 católicos, dispersos por mais de 40 capelas. O P. Santo trabalhou com a ajuda de um Irmão e de três religiosas. Em 1980 encontramo-lo em Memba com uma população de 62 mil pessoas, das quais os católicos eram apenas 7500, e onde havia 37 mil muçulmanos.

De 1982 a 1992, foi encarregado da paróquia de N.ª Sr.ª da Assunção de Mecuburi, de recente fundação, juntamente com um outro comboniano. São os anos duríssimos dos confrontos armados entre dois beligerantes: de um lado a Frelimo, agora já governo, e do outro a Renamo (Resistência Nacional de Moçambique). No meio, encontrava-se a população que era tornada objecto de contenda, capturada, libertada e captura novamente, castigada e muitas vezes assassinada, durante mais de 15 anos de guerra civil. Também os cristãos estavam divididos entre as duas frentes. A Igreja, incluindo os missionários, é vítima e mártir de ambos os lados.

Também para o P. Santo chegou o momento de pagar com o sangue o preço da sua presença missionária ao lado do povo. A 5 de Setembro de 1984, enquanto transportava uma mulher em estado grave ao hospital de Nampula, o P. Santo caiu numa emboscada da Renamo, ao menos assim se supõe, porque naqueles tempos não se sabia de qual das partes chegavam os projécteis. Foi ferido num pé e na região lombar; perdeu muito sangue, mas conseguiu salvar-se, graças aos primeiros socorros recebidos no hospital de Nampula. Regressado à paróquia, teve a consolação de ouvir os muçulmanos que rezavam a Alá para salvar o seu amigo.

Num outro atentado, em 1987, foi ferido gravemente numa mão e teve de ir tratar-se em Verona, onde os médicos ficaram muito surpreendidos com a sua coragem em suportar a dor. De 1992 a 2001, o P. Santo trabalhou na missão de Alua, criada em 1991. Já não conduzia o carro, mas visitava igualmente as capelas mais próximas do centro. Gastou os últimos anos da sua vida, primeiro na missão de Carapira e depois na de Namapa.

O P. Santo faleceu em Nampula a 12 de Março de 2006 com 84 anos de idade e 55 de missão. O Ir. Pietro Martin escreve: «O P. Santo foi para todos nós um exemplo autêntico de missionário comboniano: um homem de corpo inteiro, um missionário de fé, um servidor da Igreja local e do povo de Moçambique. Amava alegremente a sua vocação cristã, sacerdotal e comboniana e viveu-a com entusiasmo e heroísmo. Foi um verdadeiro homem apostólico segundo o carisma de Comboni. Agora terminou de escrever a página da sua vida, da sua fé e da sua dedicação missionária. Deixou-nos em herança a alegria de pertencer à Família Comboniana, o seu amor pelos mais pobres e abandonados, a coragem de lutar pelo bem comum e de sermos não apenas homens de acção mas também de contemplação. A província comboniana de Moçambique e o Instituto Comboniano têm no paraíso, juntamente com Comboni e uma considerável fileira de combonianos, verdadeiras testemunhas da fé, um novo intercessor junto do Pai.»