In Pace Christi

Ferrazin Giovanni

Ferrazin Giovanni
Data de nascimento : 08/09/1935
Local de nascimento : Castelbaldo
Votos temporários : 09/09/1957
Votos perpétuos : 09/09/1963
Data de ordenação : 28/06/1964
Data da morte : 01/06/2006
Local da morte : Angal, Uganda

O padre Giovanni Ferrazin nasceu em Castelbaldo, diocese de Pádua, a 8 de Setembro de 1935, de uma família pouco abastada. Ele próprio contou diversas vezes os sacrifícios feitos pelos seus pais para criar os filhos e a transferência da família para Merano à procura de uma vida melhor. Giovanni, entretanto, entrou no Seminário Comboniano de Pádua. Em 1955, foi admitido no noviciado de Gozzano e, em 1957, prometeu fidelidade ao Senhor. Em 1964, foi ordenado sacerdote. A sua primeira destinação foi o Uganda. Antes de partir, porém, passou um ano em Inglaterra, para aprender inglês, como era requerido pela lei colonial do tempo para os missionários no Uganda: «Eles têm de aprender a falar a nossa língua!».

A primeira experiência de missão foi Otumbari, no norte de Logbara, onde era superior o padre Bernardo Sartori. O padre Giovanni será testemunha da vida do padre Sartori e reunirá os documentos para a introdução da causa de beatificação: é também mérito dele se hoje podemos invocar o «Servo de Deus padre Bernardo Sartori». Este, com a sua grande devoção a Nossa Senhora, foi um verdadeiro mestre, de exemplo para os jovens missionários que o encontraram na sua primeira experiência. Também a mim, irmão principiante, ensinou a lidar com as pessoas, e como tratar os doentes.

A experiência sucessiva do padre Giovanni, desenvolveu-se na paróquia de Lodonga, sob a protecção de Nossa Senhora Mediadora, Sultana de África. Depois de um breve período na Cúria, 1983-1984, um lugar que tinha muito a peito, como gostava de manifestar, em 1984 foi destinado à província do Sul do Sudão. Em Juba continuou o trabalho de tradução da Bíblia em língua «ma’di». Em 1991, foi destinado à missão de Loa. Aqui dedicou-se ao trabalho pastoral com notável zelo, sem grande atenção à sua saúde, que começou a apresentar sinais de cedência. Teve portanto de voltar para Itália para se recompor. Mas também aqui não ficou parado. Pôs-se logo ao computador e terminou a tradução da Bíblia em língua «ma’di». O seu coração, como o de Comboni anos antes, não tinha nunca deixado a África nem a sua gente sequiosa da Palavra de Deus, desejosa de ler na sua própria língua as palavras do Pai aos seus filhos.

De facto, já nos anos precedentes, quando ainda estava em Moyo, no Uganda, tinha iniciado as traduções em língua «ma’di», ajudado pelos catequistas. Não esqueçamos que já tinha feito o mesmo trabalho entre os Logbara. O primeiro missal dominical naquela língua tem a sua marca, com a ajuda dos jovens estudantes e catequistas.

Em 1999, foi de novo destinado ao Sul do Sudão, primeiro em Nairobi, como secretário provincial, depois em Kocoa, onde pôde trabalhar nos campos de refugiados e no centro de animação vocacional, e em Moyo, com o mesmo empenho. Em Setembro de 2002, voltou à Itália para um período de descanso. Foi-lhe diagnosticado um cancro maligno na próstata. Fez-se de tudo para o curar e após ano e meio de terapias e intervenções cirúrgicas, após muitos sofrimentos suportados com grande paciência, o padre Giovanni, no início de 2004, pôde regressar a Moyo. Vendo que os refugiados da etnia Kuku não tinham livros de oração na sua língua, iniciou para eles a tradução dos livros litúrgicos. Em meados de 2005, transferiu-se para Lomin, em terra Kuku, onde era mais fácil desempenhar aquela tarefa tão absorvente. E aqui gastou as suas últimas energias. Pediu um período de descanso na nossa missão de Ombaci, onde o colheu uma forte malária perniciosa. Foi levado de urgência para o hospital de Angal onde teve um colapso. De nada serviram os atentos e qualificados cuidados do pessoal e das irmãs. Faleceu praticamente nos seus braços no dia 1 de Junho de 2006.

No dia em que tinha deixado Lomin, disse com alegria «Estou verdadeiramente feliz e contente. Conclui a tradução também do ano litúrgico C e o missal dominical». O Senhor estava à espera de o chamar num momento de grande satisfação para ele. O fruto estava maduro e o Senhor colheu-o.

O funeral do padre Giovanni realizou-se na igreja paroquial de Lomin, a 3 de Junho de 2006. Durante a homilia, o padre Luciano Perina, que partilhou os últimos quatro anos de vida do padre Giovanni, recordando alguns episódios vividos juntos, disse «A sua vida foi toda gasta na tensão, na preocupação pelo bem dos outros. Sabemos que nos últimos anos o padre Giovanni sofreu muito. A operação cirúrgica feita há uns anos tinha-lhe trazido algum desconforto humilhante. E todavia nunca o ouvimos queixar-se. Estava tão ocupado com o pensamento dos outros que não lhe sobrava tempo material para se queixar.

Admirou-me sempre a sua constante serenidade: o sorriso franco e sereno, a vontade de brincar, a capacidade de desdramatizar, o constante optimismo, não obstante o pesado fardo da deficiência física que tinha de suportar.

Não conseguindo mais enfrentar excessivas canseiras, nestes últimos anos dedicou-se a traduzir textos litúrgicos e de catequese na língua local. Foi um trabalho de grande monta: longo, paciente e precioso. Hoje, em todas as igrejas da diocese, a Palavra de Deus é proclamada na língua local, graças ao seu trabalho paciente e à sua dedicação constante».
(Ir. Mario Rossingnoli)