In Pace Christi

Nok George Adiang Kur

Nok George Adiang Kur
Data de nascimento : 28/11/1961
Local de nascimento : Renk, Sudan
Votos temporários : 10/05/1997
Votos perpétuos : 18/09/2000
Data de ordenação : 22/04/2001
Data da morte : 15/08/2006
Local da morte : Pietersburg, Sud Africa

«Terça-feira de manhã, 15 de Agosto, festa da Assunção de Maria, recebemos a notícia da trágica morte do P. George Adiang Kur Nok. Viajava num autocarro que vinha do Zimbabué, onde o P. George tinha pregado os exercícios às Irmãs do Preciosíssimo Sangue. Pouco depois de ter deixado Polokwane, deu-se o acidente no qual o P. George ficou gravemente ferido e perdeu a vida.

Nascido em 1961 em Renk, diocese de Malakal, no Sudão, o P. George fez o noviciado em Namugongo (Uganda) e o escolasticado em Elstree (UK). Foi ordenado sacerdote em Abril de 2001 no Sudão. O P. George foi destinado à África do Sul, onde chegou a 10 de Outubro de 2001, solenidade do nosso fundador São Daniel Comboni. Depois de ter visitado as várias comunidades da província e de se ter encontrado com os confrades, foi para Glen Cowie para aprender sotho do Norte. Foi depois mandado para Burgersfort para iniciar o seu serviço missionário. Aqui permaneceu e trabalhou durante três anos. Em 2004 foi-lhe confiado o encargo de promotor vocacional e transferiu-se para Pretória.

Uma vez que ajudava na pastoral em várias paróquias, teve a ocasião de se encontrar com muitos jovens. Encorajava-os a falarem abertamente e a dizer o que pensavam. Não queria que repetissem pura e simplesmente aquilo que ele dizia: desejava torná-los conscientes das suas razões e levá-los a partilhar os seus pensamentos e sentimentos com os outros.

O P. George, homem de profunda fé, tinha uma atitude positiva perante a vida e as pessoas que com quem se encontravam. Oferecia-se com generosidade para ajudar em tudo o que fosse necessário na missão de Burgersfort e em qualquer outra área da paróquia. Punha-se à disposição de todos, sempre. Partilhava plenamente as suas experiências missionárias, e mesmo as pessoais, com os confrades, sem receios.

Imitando o Senhor, o P. George foi manso e humilde de coração e também um verdadeiro pastor para a gente que serviu. A sua alegria, afabilidade e bondade, como também a sua vida de oração, eram elementos tangíveis.

Sabia rir-se e ao mesmo tempo tratar de assuntos sérios. Mesmo se nunca vivi em comunidade com ele, recordo todavia que quando celebrava a Eucaristia, especialmente em pequenos grupos, o P. George por vezes iniciava um cântico num modo particularmente seu e nós, gradualmente, conseguíamos seguir a melodia, criando sempre um clima de oração.

O P. George soube viver com aquele estilo de liberdade e alegria que nos vem da consciência de ser filhos de Deus e da nossa relação íntima com o Pai. Era sempre muito sereno, não forçava os acontecimentos, exprimia aquilo que queria dizer com simplicidade e alegria. Mesmo quando era difícil seguir exactamente os seus raciocínios, já que por vezes tinha uma fraseologia particular, conseguíamos perceber o sentido da sua mensagem.

Quando não estava de acordo connosco, exprimia o seu pensamento livremente, apresentando as razões do seu desacordo. Esta atitude levava-o a ser aberto, a não guardar ressentimento com ninguém e a oferecer a oportunidade aos outros de se abrirem com ele para encontrar um consenso.

Há poucos meses, enquanto estava em visita à missão de Mount Ayliff, o seu carro foi roubado e desmantelado. No início deste ano, um outro encontro desagradável aconteceu ao P. George enquanto conduzia pelas ruas de Pretória. Num semáforo, tendo visto um homem que procurava vender rosas, o P. George gentilmente abriu o vidro para lhe dizer que não precisava de flores. Imediatamente o homem lhe mostrou o cano de uma pistola escondida entre as rosas e intimou-o a abrir a porta de trás. Entrado no carro, o homem disse para lhe entregar o telemóvel e a carteira. O P. George obedeceu. Depois perguntou-lhe qual era o seu trabalho. O P. George respondeu: «Sou sacerdote.» O ladrão pediu-lhe para explicar que trabalho era esse. Só quando o P. George apontou para os paramentos que estavam no banco de trás, vinha de facto de um funeral, é que o homem compreendeu e exclamou: «O que é que eu fiz! Será que Deus me perdoa por ter roubado um seu ministro?» Ao que o P. George, na sua simplicidade, respondeu: «Como é que eu posso saber. Eu não sou Deus!»

O funeral do P. George foi celebrado em Maria Trost, Lydenburg, a 26 de Agosto de 2006. A Eucaristia foi presidida por Dom Paul Mandla Khumalo, bispo de Witbank. Participaram nela um irmão do P. George e os vice-provinciais do Sudão e da África do Sul, muitos outros confrades, amigos e fiéis.
(O necrológio foi colhido da homilia fúnebre do P. Bernhard Josef Riegel)