In Pace Christi

O P. Carlo chegou ao Uganda em 1955, com um grupo de confrades que, na maioria tinham sido expulsos do Sudão em 1964. O P. Carlo foi mandado para o Sul do país, para a diocese de Kabale a fim de iniciar uma nova missão naquela região que, tradicionalmente, era território dos Missionários de África ou Padres Brancos. Durante quase um ano viveu com eles para aprender a língua, ser introduzido na cultura dos Banyankole e nos métodos pastorais da diocese.

O P. Carlo nascera a 25 de Janeiro de 1925 em Verona onde entrou para os Missionários Combonianos. Fez a primeira profissão em Venegono em 1964 e foi prefeito em Rebbio e em Tria. Completou os estudos teológicos em Venegono onde foi ordenado sacerdote em 1952.

Logo após a ordenação foi mandado para o Sul do Sudão durante dez anos (Palotaka, Lafon, Tali e Kwörejik); depois, em 1961, foi chamado a Itália onde permaneceu durante cinco anos. A expulsão dos Missionários do Sudão deu-lhe a oportunidade de regressar em missão para o Uganda. Ali, exceptuando um breve período passado em Itália (1990-1992), passou quase todo o resto da sua vida, trabalhando em Makiro, Nyamwegabira, Pakwach, Kambuga, Kyamuhunga, Kigumba e no hospital de Lacor.

A vida na diocese de Kabale era bastante dura ao início. As suas cartas dão conta da falta de estruturas e dos meios necessários para abrir uma nova missão, num lugar completamente desconhecido para os Missionários Combonianos. Havia também uma certa tensão, devida à presença de missionários provenientes do Sudão e outros destinados directamente ao Uganda. Depois das primeiras férias em Itália (1971), o P. Carlo regressou como pároco à comunidade de Makiro. Quando esta foi entregue à diocese em Julho de 1980, o P. Carlo voltou para um outro breve período de férias em Itália. Entretanto, na zona do West Nile devido à guerra, parte da população fugiu para o Zaire e os Missionários Combonianos seguiu-a para lhe dar assistência. Apesar da insegurança da zona e da dificuldade de ter de enfrentar uma nova diocese, um novo povo e uma nova língua, encorajado pelo exemplo de Comboni, aceitou ir trabalhar na missão de Pakwach, entre os Alur.

Em finais de 1982, o P. Carlo estava em Roma para o Curso de renovação. Ao seu regresso foi destinado a Kigezi, na paróquia de Kambuga aberta recentemente. Nomeado superior, teve de resolver tensões e conflitos que tiveram profunda incidência sobre ele. Mas embora a construção da nova casa fosse um peso, permaneceu até à sua inauguração.

Na segunda metade de 1985, a guerra civil foi particularmente sangrenta e as comunidades de Kigezi foram banidas do Uganda. Terminada a guerra, o P. Carlo pôde voltar de férias para se refazer um pouco do stress acumulado naqueles anos. Depois do Curso de renovação em Roma, o P. Carlo foi de novo destinado ao Uganda (1992) à nova comunidade de Kyamuhunga, também esta na diocese de Mbarara.

Em Janeiro de 2001, aos 76 anos de idade, o P. Carlo foi transferido para Kigumba: nova comunidade, novo povo, nova língua, novas tradições e nova metodologia pastoral. A sua saúde porém começou a deteriorar-se e foi-lhe pedido para se ocupar do hospital de Lacor como capelão.

Em Abril de 2003 teve problemas de coração e foi-lhe sugerido submeter--se a uma intervenção cirúrgica em Itália. A viagem de regresso a Itália foi cansativa e acompanhada pela dor de ter de deixar a missão. Em Verona passou os seus últimos anos lutando contra a doença e dando-se conta que nunca mais voltaria para o Uganda, a missão a que o seu coração estava tão ligado.
(P. Giuseppe Filippi)