In Pace Christi

Grotto Francesco

Grotto Francesco
Data de nascimento : 11/04/1919
Local de nascimento : Malo/Vicenza (I)
Votos temporários : 16/07/1952
Votos perpétuos : 16/07/1955
Data de ordenação : 25/06/1944
Data da morte : 29/10/2009
Local da morte : Verona/I

O P. Francesco Grotto nasceu em Malo, uma povoação na província de Vicenza, a 11 de Abril de 1919, segundo de sete filhos. Durante o segundo ano de preparação para o trabalho, nasceu nele o desejo de ser sacerdote e inscreveu-se no “ginnasio”. Entrou depois para o Seminário de Vicenza, onde completou os estudos do liceu e em 1940 iniciou o estudo de teologia. Em 1942, dando ouvidos às palavras de um missionário, decidiu partir para a missão. Depois da ordenação sacerdotal para a diocese em 1944, foi enviado para a paróquia de Santa Maria del Colle, em Bassano del Grappa. Cinco anos depois, com a aprovação do bispo, entrou no noviciado de Florença dos Missionários Combonianos. Em 1952 emitiu os primeiros votos e foi de imediato destinado ao Sudão.

A sua primeira missão foi Torit (1952-1956), perto da fronteira meridional do Sudão, entre a etnia Lotuho. Ali conseguiu fazer introduzir a instrução religiosa para os soldados que, em massa, se declararam cristãos por reacção contra o governo muçulmano. Em 1955 foi testemunha da revolta dos soldados do sul contra os do norte que queriam transferi-los para Cartum, durante a qual foram mortos 261 árabes e 50 sulistas, sobretudo mulheres e crianças, afogados no rio na fuga inicial. Com a chegada das tropas do norte, restabeleceu-se gradualmente a ordem na cidade.

De Torit, o P. Francesco foi mandado para Kapoeta (1956-1958), pequeno centro a uma centena de quilómetros, entre os Topossa, uma população de pastores. A extensão da missão, 50 quilómetros de raio, obrigava os missionários a um estilo de vida itinerante: assim, alternadamente, enquanto um missionário permanecia em Kapoeta, o outro visitava as aldeias durante um período de 10-15 dias. Entretanto a autoridade governativa tornou-se cada vez mais severa contra os missionários e os cristãos, confiscando as escolas da missão.

O P. Francesco em 1958 voltou para Torit. Aqui foi acusado de ofensa ao governo com o pretexto de uma fotografia tirada por acaso, que o retratava de pé, em continência, junto de quatro crianças que brincavam aos soldados. Quando o governador civil muçulmano daquela província viu a foto, condenou-a à expulsão porque nela se denegria «a gloriosa armada do Sudão». Só a intervenção do seu superior conseguiu convencer o funcionário da boa fé do P. Francesco que, assim, foi apenas afastado de Torit e transferido para a missão de Palotaka (1958-1964), no vicariato de Juba, entre os Acholi.

Entretanto, a situação política do Sudão tornava-se cada vez mais hostil para com os missionários. O processo de islamização estava em pleno desenvolvimento e a vida das comunidades cristãs no Sul tornava-se cada vez mais precária. Emanavam-se leis injustas, às quais se juntava a arbitrariedade na aplicação. Em 1964, por fim, chegou a temida ordem de expulsão em massa de todos os missionários e missionárias do sul do Sudão. Também o P. Francesco teve de deixar o país e regressar a Itália.

A sua nova destinação foi o Togo e a sua primeira missão, Afanya (1964-1972), uma terra muito distante do Benin onde se fala a língua ewe. A missão compreendia dezenas de aldeias e uma população de mais de 80 mil pessoas. Também aqui, de imediato, foi obrigado à missão itinerante, para rodar continuamente entre as aldeias de bicicleta, por falta de outros meios. Abriu muitas escolas, em Aklakou, Anfoin, Ganave, Afanya, e fundou também um centro agrícola. Com licença do arcebispo, iniciou uma comunidade de jovens que assumiam as promessas e se empenhavam na evangelização e na catequese. Nasceu assim, em 1969, o grupo dos «Discípulos de Jesus». Esta experiência interrompeu-se bruscamente em 1970, quando o P. Francesco foi atingido por repentino descolamento da retina. Deslocou-se de imediato a Itália para uma intervenção cirúrgica e aí voltou uma segunda vez, mas infelizmente o olho, gravemente comprometido também devido à viagem de regresso ao Togo, não conseguiu ser recuperado.

Em 1972 o P. Francesco foi mandado para Togoville, sobre o lago Togo. Vindo a saber que o território de Togoville era sagrado e que, para a religião local “feiticista”, existiam cinco centros de culto, decidiu dedicar a Maria uma capela sobre o lago, esperando assim criar uma meta de peregrinação, ainda que de modesto afluxo. Para a sua inauguração, o bispo organizou uma preparação e uma celebração a nível diocesano. Assim, na cerimónia realizada a 3 de Março de 1973, estavam presentes milhares de pessoas, chegadas de todo o Togo meridional, incluindo a capital, com todos os meios disponíveis: a pé, de bicicleta, de barco pelo lago, de comboio. Desde então a pequena igreja tornou-se uma meta de peregrinação de renome, centro de um culto ainda hoje (a trinta anos de distância) seguido com paixão pelos cristãos locais, graças, talvez, também a algumas aparições e milagres assinalados na zona. Entretanto a actividade do P. Francesco continuava incessantemente: em cada ano mandava construir alguma estrutura e fundou um segundo centro agrícola e um centro artesanal.

Em 1985 foi-lhe pedido para enfrentar um novo desafio: Anfoin, no Togo meridional, que até àquele momento fazia parte da missão de Afanya. O bispo confiou-lhe a tarefa de construir aí uma paróquia, praticamente a partir do nada. A empresa manteve-o ocupado até 1993. Em oito anos construiu numerosas capelas, fundou escolas primárias e teve a alegria de ajudar muitas pessoas atingidas pela poliomielite. 

Em 1994 regressou a Itália, onde depois de uma intervenção ao olho, celebrou o cinquentenário de sacerdócio e fez uma viagem à Terra Santa.

De regresso ao Togo, foi destinado à missão de Aklakou. Também aqui construiu sobretudo igrejas e ocupou-se dos muito doentes de poliomielite e de lepra presentes na zona, trabalhando incansavelmente. Lançou-se de cabeça ao trabalho missionário também na missão seguinte de Asrama, onde se encontrava em construção a igreja de Santa Teresa do Menino Jesus. Aqui encontrou uma nova língua local, a aja, a sétima língua indígena que o P. Francesco teve de estudar. Em Asrama procurou ajudas provenientes de Itália para escavar poços mais profundos, porque a falta de água levava a população a beber onde calhava, muitas vezes em charcos lamacentos e poluídos. Em seguida adquiriu cinquenta hectares de terreno inculto sobre as margens do rio Mono e em Maio de 2003 deu início ao seu último projecto em África: o «Agro-Mono», um centro agrícola de produtos alimentares usados exclusivamente para a sobrevivência da população.

Em 2004, aos 85 anos, o P. Francesco voltou para Itália. Foi destinado à comunidade comboniana de Arco, perto do Lago de Garda, para prestar assistência nas paróquias. Em Novembro de 2005 foi mandado para Thiene, onde continuou o ministério sacerdotal até Julho de 2007. Regressado a Arco, prosseguiu a sua obra missionária até ao fim de vários modos, antes de mais com a oração.

O P. Francesco faleceu em Verona dia 29 de Outubro de 2009.