In Pace Christi

Galimberti Enrico

Galimberti Enrico
Data de nascimento : 13/09/1927
Local de nascimento : Seregno/Milano/Italia
Votos temporários : 15/08/1946
Votos perpétuos : 09/09/1951
Data de ordenação : 07/06/1952
Data da morte : 14/09/2010
Local da morte : Milano

O P. Enrico Galimberti nasceu em Seregno, de Teresa e Giovanni Galimberti, a 13 de Setembro de 1927. Depois da escolha inicial, aos 13 anos, do seminário diocesano, nasceu nele a vocação missionária. Num primeiro momento o pai opôs-se mas depois deu-lhe autorização e Enrico pôde prosseguir os estudos no Instituto Comboniano.

A 7 de Junho de 1952 foi ordenado sacerdote pelo Beato Card. Ildefonso Schuster. Em 1955 é destinado a Bolonha, para substituir o P. Romeo Panciroli, director da então Editora Nigrizia, tornada depois EMI (Editora Missionária Italiana), e de «Amigos dos Leprosos». Deveria ter sido um encargo de alguns meses mas o P. Enrico permaneceu nele durante dez anos.

O P. Enrico é considerado o fundador da associação “Amigos dos Leprosos”. Numa entrevista feita pelo P. Lorenzo Gaiga, diz: «Uma das coisas mais belas daquele período, estávamos em 1955, foi descobrir um livro de Raoul Follereau, um desconhecido em Itália naquele tempo. O título era: Si le Christ frappe à votre porte. Encomendei-o em Paris e devorei-o numa noite. Dei-o a ler ao P. Enrico Bertolucci, então director de Nigrizia, e ao P. Raffaele Gagliardi, director do Piemme, que em poucos dias fez uma estupenda tradução. O livro teve um grande sucesso e muitas edições noutras línguas. Mas a coisa não terminou ali, pelo contrário, foi ali que tudo começou… Nasceu assim a associação “Amigos dos Leprosos”… A luta contra a lepra foi dura, mas alcançou grandes vitórias. Agora, porém, há outras lepras a vencer: a associação, que hoje se chama “Amigos de Raoul Follereau”, luta também contra essas».

Em 1965, o P. Enrico manifestou o desejo de ir em missão e, visto que sabia francês, pensava no Togo, no Burundi ou no Congo. Em vez disso, a 7 de Dezembro de 1965 partia para o Brasil, onde permaneceu para o resto da sua vida: sete anos e meio em Água Doce, onze anos em Taguatinga, seis anos em São Paulo como ecónomo provincial, dez em Ecoporanga, onde viveu as tensões sociais relativas aos Sem terra e ao problema do latifundismo e, a partir de Fevereiro de 1999, em São José do Rio Preto. Nesses anos construiu 38 igrejas, um hospital, um lar para idosos e a sede das revistas combonianas no Brasil.

Para São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, foi mandado como coordenador da comunidade dos missionários idosos auto-suficientes.

Entretanto, tornou-se também pároco da paróquia de São Pedro e São Paulo, administrador paroquial, e tesoureiro («sem tesouro», como gostava de repetir) da obra social São Judas Tadeu, uma escola profissional para a reabilitação de jovens de rua, que lhes oferecia uma educação e uma instrução profissional para evitar que se tornassem marginalizados da sociedade ou criminais.

A propósito desta escola, em 2006 escrevia: «no dia 18 de Dezembro de 2005, tivemos uma grande alegria: 65 jovens, que frequentaram nestes anos a nossa escola profissional, terminaram o curso, 28 secretários, 9 carpinteiros, 12 serralheiros e 16 tipógrafos. Assim 65 novos recrutas foram introduzidos no mundo do trabalho, salvos da rua».

Em Dezembro de 2009 regressou a Itália, para tratamentos. Ultimamente encontrava-se no Centro de Doentes em Milão, onde faleceu a 14 de Setembro de 2010.

O P. Angelo Carlo Zen, ao recordar o P. Enrico, sublinhou sobretudo a «sua fidelidade à vocação, à oração e aos horários de comunidade. Embora tivesse um temperamento forte e impulsivo, sabia reconhecer os seus erros e pedir desculpa. Apesar disso, por vezes, podia mostrar-se um pouco fechado e austero, tinha um coração de ouro e era jovial: deixou-nos bem vinte e dois libretos de anedotas, não só para fazer rir mas para nos fazer reflectir».

O P. Pietro Bracelli, seu companheiro na administração da província de São Paulo, esteve a seu lado nos últimos dias da doença em Milão. Escreve: «A sua vida foi vivida sob o signo da generosidade. Mais do que às palavras, dava valor à atitude interior que o orientava em cada circunstância. As suas características humanas, tanto nas limitações como nas qualidades positivas, assumiam uma conformação de certeza e confiança em Deus ao qual sempre se referia, com a oração pessoal, litúrgica e comunitária. Sobre a vocação à missão nunca titubeou. Estava convicto da chamada e a sua fidelidade era conhecida de todos. Na doença, nos últimos dias, pude notar um desapego verdadeiro desta vida terrena. Vivia em silêncio o aproximar-se do grande dia. Pouco a pouco desligava-se das coisas».