O P. Felice Pezzin nascera a 25 de outubro de 1920, em Valda, na província de Trento. Em setembro de 1931, com apenas onze anos, entrou no seminário menor de Muralta. Fez o noviciado em Venegono, prosseguiu o escolasticado em Verona e depois, como prefeito, em Rebbio e Crema. «Era um dos nossos formadores e professores – recorda o P. Pietro Ravasio, que o encontrou pela primeira vez em Crema, no início dos anos quarenta – mas sobretudo uma pessoa que mostrava para connosco miúdos aspirantes verdadeira atenção e sincera amizade».
Felice foi ordenado sacerdote a 26 de maio de 1945 por D. Francesco Maria Franco, bispo de Crema. De 1946 a 1948 foi destinado a Tróia, Bolonha e Trento como professor.
Em Novembro de 1948 partiu para o Bahr el Ghazal, destinado a Mupoi, entre os Azande, aonde chegou após uma longa viagem. Em Wau, capital da província do Bahr el Ghazal e sede do homónimo vicariato, o P. Felice e os outros missionários foram bem recebidos por D. Eduardo Mason, vigário apostólico.
No início de 1949, o território a sul do vicariato apostólico do Bahr el Ghazal tinha-se tornado uma prefeitura apostólica e a grande tribo zande tinha sido confiada a D. Domenico Ferrara, primeiro prefeito apostólico. Com ele, dirá mais tarde o P. Felice numa carta de setembro de 1995, teve-se o «boom da evangelização», até chegar a 75% de católicos em 1964, ano da expulsão de todos os missionários, incluindo D. Ferrara.
Em agosto de 1950, o P. Felice foi mandado para Inglaterra para fazer o «Colonial Course», um curso de aperfeiçoamento que pressupunha um bom conhecimento da língua inglesa e isso não foi fácil para ele que não era particularmente dotado para as línguas.
Entretanto o governo sudanês, a fim de impedir a evangelização, impunha cada vez mais restrições aos missionários, aos quais, por exemplo, era proibido batizar as crianças ou dar a catequese fora da missão. Depois, começaram-se a divulgar listas de expulsão e a não conceder nem a renovar vistos para o Sul Sudão. Assim, até para correr o risco de perder o visto de entrada no país, o P. Felice, depois do seu regresso da Inglaterra em 1951, permaneceu em Mupoi sem férias até fevereiro de 1964. Depois da expulsão dos missionários, os cristãos permaneceram com os seus poucos sacerdotes zande, e desencadeou-se a perseguição e a guerrilha, na sequência das quais muitos Azande deixaram o Sul Sudão para se refugiar no Zaire ou no Centro-África. A fim de lhes assegurar a assistência cristã, em 1966 os Combonianos foram enviados para o Centro-África. Entre estes encontrava-se o P. Felice.
Antes porém tinha passado um triénio em Itália, como superior na Escola Apostólica de Barolo. Destinado logo depois ao Centro-África, chegou a Bangui a 13 de novembro de 1967, juntamente com o P. Gianantonio Berti e o Ir. Carlo Mosca (com o qual já tinha estado dez anos no Sudão), na paróquia de Notre Dame de Fátima, onde permaneceu durante quarenta anos, desempenhando o encargo de procurador provincial e ecónomo mas empenhado também no ministério e como pároco. No período inicial teve de se dedicar sobretudo ao estudo do sango, a língua nacional, e do francês.
Durante muitos anos teve de se ocupar dos refugiados: obter os documentos de entrada no Centro-África, recebê-los nos locais de chegada, conseguir meios de transporte para o leste, coisa nada fácil por causa da distância, mais de 1.200 km, e mais ainda por causa das más condições da estrada. Eram viagens que duravam uma semana. Durante boa parte das manhãs passava-a na cidade para compras e para procurar meios de transporte seguros para o leste; de tarde, posto o avental, empenhava-se a preparar os pacotes para os refugiados, a preencher os espaços vazios com peças de roupa e outras coisas que ele sabia que haveriam de alegrar os missionários das missões distantes ou desprovidas de tudo.
Nos seus longos anos de missão, além de desempenhar com diligência e serenidade os seus encargos, o P. Felice escrevia quase mensalmente
e fêlo por mais de vinte e cinco anos – a familiares e amigos. Nessas cartas, ricas de informações de todo o género, o P. Felice relatava pormenorizadamente tudo aquilo que acontecia na missão: chegadas e partidas dos confrades e das irmãs, aniversários, eventos, nomeações, resultados de eleições, assembleias, encontros, construções e até mesmo condições meteorológicas.
Em 2001, voltou a Itália para as férias e para alguns exames médicos que adiaram de alguns meses o seu regresso à República da África Central. Regressado a Bangui, teve necessariamente de diminuir a actividade, sobretudo devido à idade avançada. Em 2007 regressou definitivamente a Itália.
Depois de um primeiro período na enfermaria da Casa Mãe de Verona, passou para Arco e depois novamente para Verona, onde faleceu a 19 de julho de 2012. Depois do funeral, que se realizou a 21 de julho na Casa Mãe, o P. Felice foi sepultado em Valda, sua terra natal.
«O P. Felice Pezzin – escreve o P. Gianantonio Berti – durante toda a sua vida comboniana foi um fiel, discreto e dinâmico servidor da missão em África. Com o P. Felice, no Centro-África, um tipo de missão, o tipo épico dos inícios, encerrou-se».