In Pace Christi

Accorsi Aldo

Accorsi Aldo
Data de nascimento : 10/04/1935
Local de nascimento : Ceregnano/Italia
Votos temporários : 09/09/1961
Votos perpétuos : 09/09/1964
Data de ordenação : 19/09/1959
Data da morte : 03/02/2015
Local da morte : Verona/Italia

O P. Aldo Accorsi nasceu a 10 de Abril de 1935. Filho de Luigi Accorsi e Adele Macchion, era o terceiro de quatro irmãos. O pai, grande trabalhador, fez muitos sacrifícios para levar a família do campo para a cidade. Finalmente compraram uma casa em Rovigo. «Para ir à igreja paroquial – recorda o P. Aldo nas memórias autobiográficas que nos deixou – era preciso percorrer um bom bocado de caminho para atravessar a cidade e chegar à igreja de São Francisco. Recordo a minha oração um dia na catedral, tão fervorosa a ponto de esquecer ali os cadernos acabados de comprar!».

Deflagrou a guerra e a família teve de mudar-se por um período para a casa dos tios. Aldo, para recuperar o ano escolar 1944-45, perdido por causa da guerra, de manhã frequentava o 4º ano e de tarde o 5º. Queria ser engenheiro para construir pontes: Tinha sido tocado por uma frase do arcipreste que falava de uma ponte especial a construir para unir os homens a Deus. E foi precisamente aquela ideia que pouco a pouco amadureceu nele e o levou a entrar no seminário, onde frequentou o 7º e o 8º ano.

Naqueles anos, começou a sentir desejo de ser missionário. Nas suas memórias autobiográficas descreve como em 1957 deixou o seminário de Rovigo, onde estava para iniciar o terceiro ano de teologia, e entrou para os Combonianos. Tinha conseguido ir a Pádua, para o Congresso Nacional Missionário, e tinha pedido um encontro com o P. Antonio Todesco, então Superior Geral, originário de Rovigo, isto é, seu conterrâneo, ao qual contou que desde há muito tempo pensava ser missionário mas que se tinha coibido de contactar o Instituto porque no final de cada ano académico se sentia «esgotado».

O Instituto comboniano não foi o único a ser contactado pelo P. Aldo. De facto, para seguir o seu desejo e fazer a melhor opção, foi conhecer vários Institutos missionários, apesar de se ter apercebido de ter problemas de saúde que se apresentavam periodicamente. Por sua vez, os Institutos, percebendo a sua situação, pediram que se submetesse a alguns exames que emitiram o veredicto: «não apto para a vida missionária». Por seu lado, o P. Antonio Todesco, embora estando ao corrente, não retirou o seu apoio e disse que o admitiria à experiência, iniciando por mandá-lo por mês e meio para os montes da Lessinia, onde Aldo pôde recuperar forças. Assim, depois do quarto ano de teologia, é admitido à ordenação. Foi ordenado em Carraia, pelo bispo de Luca, a 19 de Setembro de 1959.

«Agradeci ao Senhor – escreve o P. Aldo – pelo gesto do P. Antonio Todesco, pois soube que fora ele que dispôs as coisas junto do meu bispo de Rovigo, D. Mazzocco, para que eu fosse ordenado sacerdote antes do noviciado, por considerar que seria bom para mim fazer o noviciado já como sacerdote. No curso do noviciado tive dois padres mestres, e ambos deram parecer positivo em relação a mim».

Terminado o noviciado, o P. Aldo fez a sua profissão e recebeu a carta de destinação a Portugal. A 13 de Outubro de 1961, depois de uma peregrinação a Fátima, viajou para o seu destino, Faleiro, o «lugar a que ligaria o coração».

Infelizmente, a vida do P. Aldo foi completamente condicionada pelos seus problemas de saúde. Alternava períodos de trabalho intenso, em que se dava totalmente, sem se poupar, percorridos por uma euforia exagerada, a que se seguiam períodos de repentino e grande esgotamento. Em Faleiro, por exemplo, ele próprio conta: «A bem dizer, não precisava de ser incitado ao trabalho, mas refreado para não me esgotar e cair depois no vazio. Para ir para a zona de maior empenho, isto é, na região montanhosa de Trás os Montes, tinha de passar quatro vales até à fronteira com a Galiza espanhola e percorrer mais de trezentos quilómetros…Deveria porém ter tomado em consideração os meus limites e fazer só o indispensável para a manutenção da casa e tudo teria corrido bem».

Entretanto, tinha sido destinado a Moçambique, mas em vez de se preparar para a partida, continuou a lançar-se de cabeça nos compromissos, como sempre fazia. E de cada vez sentia-se esgotado pelo demasiado trabalho. Até que uma vez, em plena noite, os confrades tiveram de chamar uma ambulância e levá-lo ao hospital. Após quinze dias, tendo-se restabelecido bastante, foi mandado para Itália. «Mal cheguei a Itália, sentia-me eufórico porque pensava que tudo tinha acabado».

O P. Aldo foi enviado a fazer parte da comunidade comboniana de Thiene (província de Vicenza). Após um primeiro período de «paragem», o superior considera oportuno dar-lhe uma possibilidade de recuperação, enviando-o para as paróquias a fazer Jornadas Missionárias. Percorria – com neve, nevoeiro, chuva ou bom tempo – as dioceses de Pádua, Modena, Bolonha, Vicenza e Belluno, em busca de novos compromissos. Tudo corria bem e era estimado pelos confrades.

A um certo momento, o P. Gaetano Briani, Superior Geral, vendo-o restabelecido, enviou-o novamente para Moçambique. O P. Aldo, feliz, falou a todos da sua próxima partida e empenhou-se em angariar fundos para destinar a alguns projectos em Moçambique… Mas foi internado novamente durante vinte e quatro dias. O provincial, que assumiu o cuidado de o fazer sair do hospital assinando o termo de responsabilidade, disse-lhe que daí em diante já não faria parte da comunidade de Thiene mas da de Verona, na Casa Mãe.

Mais tarde foi mandado para Milão, onde entrou em contacto com D. Rossi, o bispo dos agentes de saúde e é destinado à secção maternidade do hospital Mangiagalli. Aqui começou a ter encontros, na Aula Magna, com todos os agentes de saúde, mesmo auxiliares e pessoal da cozinha, por ocasião das festividades de Natal e Páscoa, seguindo os temas do documento conciliar Gaudium et Spes. A iniciativa teve óptimos resultados.

«A partir de 1990 – escreve – é um vai-e-vem de altos e baixos, dentro e fora do hospital de Borgo Trento em Verona. Encontrar o equilíbrio com os medicamentos não era fácil e estas oscilações tinham a aparência do movimento do pêndulo. Mas depois pouco a pouco este movimento foi-se esbatendo».

Em 1994 obteve a invalidez a nível civil. A partir dessa altura permaneceu relativamente bem, submetendo-se a exames médicos regulares e mantendo-se em bom equilíbrio. Faleceu em Verona, onde passou 24 anos, a 3 de Fevereiro de 2015.

Concluímos esta breve biografia com as suas palavras, escritas no fim das memórias autobiográficas: «Olhando para a minha vida de missionário sob o peso da cruz da doença, sinto ter caminhado pelo caminho do Calvário com Jesus e de ter sido missionário. Também esta é missão, e diria Missão com ‘m’ maiúsculo».