Entrado no noviciado em Gozzano em 1967, o P. Alessandro Lwanga foi ordenado sacerdote a 4 de Março de 1973. Depois de dois anos no Egipto, empenhado na pastoral na paróquia de Zamalek, foi destinado à Região do Zaire. Escolheu chamar-se Lwanga porque, como ele próprio conta, queria uma mudança radical, renascer distanciando-se do seu mundo cultural e profissional: «Escolhi o nome de São Carlos Lwanga, mártir ugandês, para que me acompanhasse na minha vida missionária a fazer causa comum com os africanos».
«Amou a África ainda antes de lá chegar – escreve o P. Fermo Bernasconi –, escolhendo ser ordenado em Paris na “comunidade africana”, onde tinha prestado os seus serviços de catequese quando era escolástico em Issy-les-Moulineaux.
A opção de estar ao serviço e em contacto com as pessoas foi importante para ele. Quando lhe foi pedido para assumir a tarefa de ecónomo provincial, pelo que devia deixar a paróquia de Tadu, pediu para poder ter um serviço pastoral não esporádico. Assim assumiu a responsabilidade pastoral de um sector da paróquia de Sainte Anne em Isiro, onde espalhou amor e criatividade, envolvendo as pessoas na acção pastoral. Depois foi director do centro catequético de Nangazizi. E depois pôde estar a tempo inteiro na pastoral específica missionária, com a sua presença e trabalho entre os Pigmeus de Bangane, uma comunidade dedicada especificamente à evangelização deste povo. Aqui não procurou a eficiência, mas a comunhão. Significativo foi o seu esforço em conhecer a cultura deste povo, continuando o trabalho iniciado pelo P. Pietro Lombardo, e a preparação de uma primeira gramática e dicionário da língua Kibudu, falada pelos Pigmeus da zona».
O P. Lwanga «teria gostado muito não ter que ver com a gestão dos dinheiros para viver o seu ideal missionário, mas foi precisamente neste campo que prestou o maior serviço à Província do Congo e a todo o Instituto», disse o P. Mumbere, provincial do Congo.
«Uma das maiores fraquezas de nós missionários – continua – é a gestão económica rigorosa e transparente do dinheiro e dos bens comuns.
O P. Lwanga, com paciência mas também com muito rigor, acompanhou--nos e ajudou-nos a acrescer como Província neste campo. Tinha compreendido e aceitado o serviço de ecónomo provincial como o mais importante da missão pelo que, mesmo durante a doença, nunca se resignou, mas continuou a trabalhar por isto. Em Junho de 2014 preparou e apresentou o projecto económico unitário dos Combonianos no Congo, que reúne o aspecto económico de todas as nossas actividades e de todos os nossos projectos comunitários e missionários no Congo, também para que se sentisse a diferença entre nós missionários e quantos trabalham nas ONG internacionais. “A nossa presença – dizia – não é a de uma ONLUS dedicada só a projectos de desenvolvimento material, pois numa visão cristã consideramos que as pessoas devam ser ajudadas com um desenvolvimento integral, do homem todo e em favor de todos, ninguém excluído”.
Tinha subdividido este projecto, que continua a ser um guia económico da Província, em 10 “linhas” que representam todos os sectores da nossa intervenção missionária: “Formação comboniana”, para formar e acompanhar os futuros combonianos congoleses; “Pigmeus”, para intervenções em campo sanitário; “Deixai vir a mim a criancinhas”, intervenções no campo escolar e da educação; “Os mais pobres e abandonados”, empenho, por exemplo, com as crianças da rua ou os chamados meninos-bruxos; “As fundações da missão”, para tornar vivíveis e fundacionais os lugares de missão onde estamos presentes; “A vida dos missionários”, para garantir aos missionários a possibilidade de viver, trabalhar, visitar as comunidades distantes, isto é realizar a missão em serenidade».
«A foto publicada no jornal Avvenire – recorda ainda o P. Ferronato –, com o anúncio da sua morte, colhe-o numa das últimas periferias de Kinshasa, que pertence à paróquia de Bibwa onde trabalhava e onde, com a ajuda dos benfeitores da Itália, comprámos um pedaço de terra e escavámos um poço de água e começámos a reunir a gente para a formação e a oração dominical. O P. Lwanga viu que a ansiedade económica corre o risco de sobrecarregar o coração, de arredar “a alegria do Evangelho”. Também viu que há o risco de haver um lugar “provido”, aquele onde um comboniano pode contar com os benfeitores italianos, enquanto um outro lugar continua esmagado porque sem ajudas válidas. O P. Lwanga, mais do que outros, empenhou-se para que seguíssemos o exemplo dos primeiros cristãos que “punham tudo em comum” “e entre os quais não havia necessitados”. De facto seguimos esta linha».
Retomamos o testemunho do P. Fermo: «Ele quis viver este serviço com muito profissionalismo, passando ao Fundo Comum Total. A passagem não foi difícil. O seu critério era: Não é o dinheiro que decide o que fazer mas é aquilo que devemos fazer, como missionários, que decide como usar os bens. O P. Lwanga tinha, além disso, uma grande sensibilidade para com o mundo da pobreza, não só para ajudar os pobres, mas para ser-lhes próximo. Pensou-se numa comunidade com poucos meios, procurando grande proximidade às gentes para partilhar o mais possível a sua vida e ao mesmo tempo trabalhar por uma salvação como libertação integral».
Apesar da doença, o P. Guarda trabalhou até ao fim. Faleceu em Castel D’Azzano a 29 de Julho de 2016.