In Pace Christi

Cefalo Raffaele

Cefalo Raffaele
Data de nascimento : 28/05/1935
Local de nascimento : Fontanarosa/Italia
Votos temporários : 09/09/1953
Votos perpétuos : 09/09/1959
Data de ordenação : 02/04/1960
Data da morte : 10/04/2020
Local da morte : Milano/Italia

O P. Raffaele nasceu em Fontanarosa, província e diocese de Avellino, dia 28 de Maio de 1935. Entrado no noviciado de Gozzano, passou depois para Sunningdale, onde emitiu os votos temporários a 9 de Setembro de 1953 e iniciou o escolasticado. Depois, sempre como escolástico, foi para Venegono e ali emitiu a profissão perpétua a 9 de Setembro de 1959 e foi ordenado sacerdote dia 2 de Abril de 1960.

Dois meses depois da ordenação foi destinado ao Uganda e designado para Nabilatuk como pároco. Aí permaneceu até meados de 1964, depois, também como pároco, foi mandado para Amudat por três anos e, seguidamente, para Moroto, até ao final de 1973.

Escreve o P. Giancarlo Guiducci: «Reencontrei o P. Raffaele em Karamoja em Setembro de 1969, quando pela primeira vez fui para a missão: eu era destinado a Matany e o P. Raffaele deu-me o seu primeiro conselho: fica aqui em Moroto alguns dias, porque assim te “poderás ambientar” em África. Naquele ano, em Moroto, tinha construído a catedral. Durante alguns anos estivemos em Karamoja, “perto de casa”. Depois eu fui para Amudat, missão que ele tinha iniciado alguns anos antes. Em Amudat o P. Raffaele era recordado com simpatia e estima. Um jovem muçulmano gabava-se de ter tido aulas de religião, com o P. Raffaele, o primeiro da classe. Com o perigo de ser expulso do Uganda, coube ao P. Raffaele procurar um sacerdote ugandês que pudesse ser nomeado Vigário da diocese de Moroto. Foi ele que insistiu para que fosse escolhido um ugandês como sucessor do bispo Mazzoldi».

Em 1974, o P. Raffaele foi eleito superior provincial do Quénia. Em 1975 encontrava-se em Itália para o Capítulo Geral, primeiro em Roma e depois em Ellwangen. Em 1976 foi reeleito. Em 1978, depois de um período de férias em Itália, deslocou-se aos EUA para as Jornadas Missionárias. Depois, foi destinado por dois anos a Nápoles, como superior.

Em 1981 foi mandado para Nairobi, como Delegado do Superior Geral para o Sudão, onde o Conselho Geral tencionava iniciar uma nova Circunscrição. Relativamente àquele período, seguimos o que escreve o P. Francesco Chemello no seu livro Una Lunga Storia di Amore: «O P. Raffaele Cefalo encontrava-se na Casa Provincial comboniana do Quénia para se preparar para entrar no Sudão do Sul mediante mandato do Superior Geral, P. Salvatore Calvia: preparar o caminho para uma possível nova Circunscrição no Sudão do Sul. O mais importante naquele momento era obter o visto de entrada no Sudão do Sul. Foi-lhe aconselhado obtê-lo a partir de Nairobi porque, diziam, seria mais fácil do que em Cartum. De facto, depois de ter explicado que iria trabalhar no campo da educação e construção de escolas, em poucos dias obtiveram todos os documentos necessários. O P. Calvia e o seu Conselho tinham confiado no P. Raffaele Cefalo para esta tarefa, que, todavia, ainda não lhe tinha sido explicada ao pormenor. O P. Cefalo pediu ao Superior Geral para clarificar melhor o que se esperava dele. Comprado um Toyota Land Cruiser e tudo o necessário, o P. Cefalo iniciou a sua viagem de Nairobi para Juba juntamente com o P. Cesare Mazzolari e o Ir. Mario Rossignoli. Chegou a Juba dia 1 de Julho de 1981. Dia 8, na presença dos seus Conselheiros, o P. Pietro Ravasio e o P. Giuseppe Ukelo (Vice Representante), houve a primeira reunião do Conselho de Representação (este era o nome usado então). De facto, com a chegada do P. Cefalo como Representante Especial do Superior Geral, o Sul tinha sido destacado de Cartum “ad experimentum”. O P. Cefalo não perdeu tempo em Juba, mas procurou conhecer melhor a situação do Sudão do Sul, sobretudo no concernente ao pessoal. Em Março de 1983, o P. Cefalo foi eleito Superior da Delegação do Sudão do Sul. No final do seu mandato, o P. Salvatore Calvia expressou a sua profunda gratidão por aquilo que o P. Cefalo tinha feito nos primeiros três anos da nova Circunscrição e pelo entusiasmo e a coragem com que tinha enfrentado a complexa situação da época. Depois das devidas férias, o P. Cefalo foi destinado a Rumbek para ajudar nas escolas mantidas pelos Combonianos. Em Janeiro de 1986, o Conselho Provincial decidiu retirá-lo de Rumbek por causa da falta de segurança. Dia 27 de Março de 1987, de facto, D. Pellerino e o P. Cefalo foram detidos pelo SPLA e levados para Boma, na fronteira com a Etiópia, e dia 15 de Agosto libertados».

Logo depois, continua o P. Guiducci, «o P. Raffaele voltou para Itália, Roma, antes de regressar novamente ao Quénia. Esta segunda permanência no Quénia foi dedicada exclusivamente ao apostolado. Uma breve tentativa em Kabicbich entre os Pokot, o mesmo grupo étnico de Amudat, e depois entre os Turkana. Reconstruiu a igreja em Lokori, depois, de 2003 a 2016, esteve em Nakwamekwi, também entre os Turkana. A língua dos Turkana é semelhante, para não dizer igual, à dos Karimojong. O P. Raffaele tinha um temperamento forte e autoritário. No carro, tinha de ser sempre ele a conduzir, não confiava em mais ninguém. Por isso, deixava alguns descontentes. E, todavia, ajudou muitos, a mim incluído com quarenta e cinco mil dólares para construir a escola feminina em Kacheliba. Contava-me que este seu temperamento o levava a ser muito crítico. Até ao ponto de ter de deixar os Turkana. Em 2017, já idoso e com um físico provado por várias patologias, regressou definitivamente a Itália, mas quis um serviço, que levou por diante até que foi confinado a uma cadeira de rodas. Nesta última condição, eu não o vi. E tenho dificuldade em imaginá-lo, tendo-o conhecido como um homem batalhador e determinado no serviço do Reino de Deus».

O P. Raffaele faleceu em Milão por complicações respiratórias devido ao Covid-19 dia 10 de Abril de 2020.