In Pace Christi

Seyum Cahsay Hagos

Seyum Cahsay Hagos
Data de nascimento : 23/02/1927
Local de nascimento : Awo-Alitiena/Ethiopia
Votos temporários : 09/09/1967
Votos perpétuos : 09/09/1970
Data de ordenação : 02/06/1963
Data da morte : 29/01/2021
Local da morte : Addis Ababa/Ethiopia

O P. Seyum nasceu a 23 de Fevereiro de 1927, solenidade nacional mariana de Kidane Meheret, em Awo, perto de Alitena, diocese de Adigrat, numa família profundamente católica. No seminário de Asmara, entrou em contacto com os Combonianos que ali ensinavam. O P. Pio Ferrari recebeu uma carta do jovem seminarista que desejava ser um «Filho do Sagrado Coração» como ele. O acordo era que Seyum seria admitido no Instituto depois de terminados os estudos filosóficos e teológicos em Asmara e Adigrat e depois da ordenação sacerdotal (2 de Junho de 1963), com a bênção do seu bispo que, por fim, ainda que contrafeito, deu o seu assentimento.

O P. Seyum ajudou o P. Emilio Ceccarini, o P. Pietro Moro e o P. Aristide Guerra a fundar um Seminário Comboniano em Decameré (agora na Eritreia) e só em 1965 entrou no Noviciado Comboniano de Florença, onde a 9 de Setembro de 1967 fez a primeira profissão religiosa. Em Florença, foi testemunha da enxurrada (4 de Novembro de 1966) que arrastou a cidade e do desalojamento e do sofrimento de muitas pessoas, um elemento que se tornaria quase constante em todos os lugares a que foi destinado: em Gondar, ao Seminário de Decameré (onde se encontrou durante os piores 14 anos de guerra) e em Adis Abeba.

O P. Seyum foi formador e director espiritual nos seminários, severo primeiramente consigo mesmo e muito apreciado por quantos agora são sacerdotes em diversas paróquias e missões ou bispos, como D. Menghesteab Tesfamariam.

No seu ministério sacerdotal foi constante, generoso e prudente: nas primeiras horas da manhã deslocava-se a diversas igrejas e conventos, muitas vezes com o frio e sob a chuva, percorrendo longas distâncias e por vezes tendo de sofrer a chacota de quem – nos pequenos autocarros apinhados ou ao longo do caminho – o reconheciam como sacerdote católico.

O serviço que podia oferecer à Igreja era para ele uma chamada prioritária e isso levou-o a aceitar embarcar na tradução para aramaico do volume quase completo dos Documentos do Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica e do Código dos Cânones das Igrejas Orientais.

Em 2011 teve um incidente: um pé foi entalado entre o autocarro e o degrau do passeio e, infelizmente, o P. Seyum nunca mais pôde percorrer longas distâncias a pé e teve de aceitar ser destinado à casa provincial, a partir de 1 de Agosto de 2012.

Um segundo incidente, uma queda, a 12 de Julho de 2020, obrigou-o a passar o resto da sua vida acamado, com dores contínuas. Quando teve alta do hospital, estava feliz por voltar a casa com os seus confrades, amorosamente assistido por algumas enfermeiras, mas bem depressa teve de lidar com um enfraquecimento geral, que também causou alguns danos à sua memória e coordenação motora.

Nos últimos três dias de vida, talvez inconscientemente, recusou quase completamente a comida e a bebida. Preparou-se para a chamada do Redentor, ocorrida na solenidade nacional mariana da Dormição, sexta-feira, 29 de Janeiro de 2021, às 16h50.

A missa fúnebre foi celebrada na casa provincial e presidida pelo Cardeal Berhaneyesus com mais 20 concelebrantes de diversas congregações e paróquias. Encontravam-se presentes muitas religiosas e um grande número de leigos, entre os quais muitos familiares do P. Seyum, que foi sepultado no cemitério de Pedro e Paulo em Adis Abeba.

Na sua homilia, o P. Sisto Agostini, superior provincial, pediu ao P. Seyum, «avô» dos jovens Combonianos etíopes, para rezar pelo dom de novas vocações para o Instituto, para a Etiópia e para uma vida digna das mães, das crianças, dos idosos e dos jovens.

Chegaram muitos depoimentos, entre os quais recordamos o de D. Menghesteab Tesfamariam, Arcebispo Metropolitano de Asmara, que disse, entre outras coisas: «O P. Seyum para mim era um sacerdote exemplar, com espírito de pobreza e humildade. Admirava sobretudo a sua honestidade e franqueza».

Na sua longa mensagem, o P. Tesfaye Tadesse, Superior Geral, agradeceu ao P. Seyum pela sua vida de fé, pelo espírito de investigador e pelos vastos conhecimentos que tinha, de história, geografia, arqueologia, agricultura, botânica, pelo grande serviço que prestou, de tradução e revisão dos textos traduzidos, e pelo seu profundo sentido de comunhão, em particular com as pessoas que sofrem.
(P. Sisto Agostini).