In Pace Christi

Gostoli Elvio

Gostoli Elvio
Data de nascimento : 01/01/1924
Local de nascimento : Acqualagna/PU/Italia
Votos temporários : 09/09/1947
Votos perpétuos : 09/09/1950
Data de ordenação : 11/06/1949
Data da morte : 06/10/2011
Local da morte : Matany/Uganda

O P. Elvio Gostoli nascera em Furlo de Acqualagna, província de Pesaro, a 1 de Janeiro de 1924. Seguiu os estudos superiores, até ao início da teologia, no Pontifício Seminário Diocesano de Fano. Em Setembro de 1945 entrou para os Missionários Combonianos na casa de Florença, prosseguindo os estudos de teologia em Fiesole. Terminado o noviciado, emitiu os votos temporários. Continuou depois os estudos teológicos em Verona e em Venegono. Foi ordenado a 11 de Junho de 1949 na igreja da sua terra natal. Logo depois, foi encarregado da animação missionária e vocacional e durante alguns anos foi mandado para várias casas com-bonianas: Trento, Pesaro, Rebbio e Sulmona. Gastou o resto da sua vida longa primeiro no Sudão, onde trabalhou durante 8 anos, isto é, até à expulsão de todos os missionários e, seguidamente, no Uganda, onde permaneceu durante 45 anos, aprendendo também várias línguas africa-nas, em particular o M’adi, o Bari e o karimojong.

Em 1955, portanto, o P. Elvio foi destinado ao Vicariato do Bar el Gebel, província de Equatoria, Sudão Meridional, com capital em Juba. Depois de um breve período de adaptação nas proximidades de Juba, a sua primeira e verdadeira missão foi Loa, entre a tribo Madi, 200 km a sul de Juba, perto da fronteira com o Uganda. Aqui encontrou o P. Umberto Cardani, seu primeiro mestre de língua Madi. A sua missão entre os Madi, porém, foi muito curta – cinco meses – porque, para substituir um missionário que tinha adoecido, foi mandado para Kadulè, entre os Mundari, num território que se estendia do extremo sul ao extremo norte do Bar el Gebel, uma missão verdadeiramente imensa. Compreendia, de facto, os territórios das duas margens do Nilo e as tribos dos Mundari, Nyangwara e Pajudu: 10.000 km2, 75.000 habitantes. Os missionários eram apenas dois. Para visitar todas as aldeias era preciso um ano e meio e havia que enfrentar diversos problemas: dificuldades em encontrar água potável e comida, animais ferozes, melgas e malária. Depois da expulsão do Sul do Sudão, o P. Elvio permaneceu um ano em Pesaro, encarregado da animação missionária.

Em 1965 D. Sisto Mazzoldi, também ele expulso de Juba, assumiu o encargo na região do povo Karimojong, tornando-se bispo de Moroto, no nordeste do Uganda: o P. Elvio acompanhou-o. O bispo pediu-lhe para levar ajuda aos refugiados sudaneses da zona Acholi (diocese de Gulu) que tinham sido isolados em dois campos para refugiados, 10.000 em Agapo e 17.000 em Achol-pi (que significa água suja), e não tinham ten-das, comida, água e cuidados médicos. Os combonianos faziam de tudo para os ajudar e o P. Elvio todos os dias visitava estes campos e enchia o Land Rover de doentes que levava ao hospital de Kalongo, onde o P. Giuseppe Ambrosoli e as irmãs combonianas os recebiam sem nunca dizer não. Depois, uma parte dos refugiados sudaneses foi transportada para a missão do P. Elvio e assim foi-lhe mais fácil cuidar deles, mesmo do ponto de vista espiritual.

Seguidamente, permaneceu um ano em Kangole, três anos em Nabilatuk, quinze anos em Lorengedwat, oito anos em Namalu, nove em Naoi e, por fim, em Moroto de 2002 até à morte. Para Nabilatuk, foi mandado em 1966, para ajudar um missionário muito idoso. Ali, um grande problema era a água potável, escassa na época seca e lamacenta na época das chuvas. O P. Elvio escavou um primeiro poço e, quando encontrou granito, continuou a escavar com a ajuda de algumas brocas grosseiras mas eficazes que ele mesmo tinha adaptado. Mais tarde foi escavado um segundo poço, capaz de fornecer água a toda a missão e à gente dos arredores. Em Lorengedwat os anos 1971-1973 foram muito difíceis. Depois de dois anos de seca, houve uma grande carestia e muita gente morria de fome e de cólera, em particular as crianças: morriam em média 20 por semana.

Com a queda de Amin Dada e depois de Milton Obote, a situação tornou--se caótica também devido à debandada do exército e à fuga desordenada. O P. Elvio procurou salvar muitas pessoas, levando-as para longe e viajando muitas vezes de noite. A missão de Namalu, onde tinha havido confrontos armados, foi saqueada. Mais tarde o P. Elvio assumiu o cui-dado desta missão. Um dia os Pokot, vizinhos e rivais dos Karimojong, que vivem parte no Uganda e parte no Quénia, organizaram uma grande vingança contra as aldeias mais próximas da fronteira, que faziam um pouco de base para os saqueadores-guerrilheiros Karimojong. Assim percorreram a vasta área da zona de Namalu incendiando todas as aldeias que encontravam no seu caminho e matando os que não tinham conseguido fugir. O P. Elvio mais uma vez se desvelou a cuidar dos feri-dos.

No fim do mês de Junho de 1973, voltou para Itália para algum descanso e férias. Ainda a tempo de tratar uma hemorragia no cólon. Em Outubro foi-lhe dito que podia voltar para África na condição que fosse para uma missão não muito distante de um hospital. A missão mais próxima do hospital de Matany era Naoi, assim o P. Elvio foi mandado para ali. Encontrava-se agora entre os Mathenico, os mais primitivos dos Karimo-jong. A sua paróquia contava cerca de 40.000 pessoas desta etnia. Teve, mais uma vez, de começar tudo do princípio para conhecer a gente do lugar, encontrar catequistas, começar o ensino, novos grupos de oração e as construções.

Na Páscoa de 1997, o P. Elvio acabou de preparar uma centena de rapa-zes e raparigas para o baptismo. Desejava muito construir um pequeno hospital. Naquele período, sentindo-se bastante cansado, voltou para Itália para algum descanso e exames médicos e aqui teve ocasião de encontrar um seu primo, Angelo Candricci, de Fano, que lhe ofereceu todo o material necessário para a construção do hospital e relativos equi-pamentos.

Em 2002, o P. Elvio foi destinado a Moroto, capital do Karamoja e sede do bispo. Aqui desenvolveu o seu ministério até à morte, ocorrida a 6 de Outubro de 2011. Os Karimojong chamavam-no Ekasikout, «ancião», não tanto `por causa da idade mas pela sua autoridade. Depois da cerimónia fúnebre, presidida pelos bispos de Kotido, D. Giu-seppe Filippi, e de Moroto, D. Henry Apaloryamam Ssentongo, o P. Elvio foi sepultado no cemitério da missão, como era seu desejo.