In Pace Christi

Contran Gaetano Nazzareno

Contran Gaetano Nazzareno
Data de nascimento : 26/08/1933
Local de nascimento : Piove di Sacco / Italia
Votos temporários : 09/09/1951
Votos perpétuos : 09/09/1957
Data de ordenação : 31/05/1958
Data da morte : 23/03/2023
Local da morte : Castel d’Azzano (I)

Nazzareno (“Neno”) Gaetano nasceu em Piove di Sacco, província de Pádua, a 26 de Agosto de 1933 e é baptizado no dia seguinte. Dia 10 de Junho de 1941 recebe o Crisma. Ainda miúdo, quer seguir os passos do irmão mais velho Sergio (nascido em 1926) e entra na escola apostólica comboniana de Brescia onde segue o ensino obrigatório e o conclui em Junho de 1949.

A 10 de Outubro de 1949, Neno inicia o noviciado em Gozzano e a 19 de Setembro de 1951 emite os votos temporários. Prossegue os estudos em Verona e obtém o diploma de Liceu no Liceu “Barbarigo” de Pádua em Junho de 1954. Poucas semanas depois, está em Burgos para iniciar os estudos teológicos. Em Julho de 1955 está no escolasticado de Venegono, onde conclui o curso de Teologia com a profissão perpétua a 31 de Maio de 1957. A 31 de Maio de 1958 é ordenado sacerdote. Em Julho do mesmo ano, os superiores chamam-no a Roma para a especialização, e em 1960 obtém a licenciatura quer em Teologia quer em Missiologia e Sociologia.

Regressa a Espanha, a Madrid, como promotor vocacional. Conhece perfeitamente o espanhol, a ponto de conseguir escrever numerosos artigos para a revista Mundo Negro. Um ano depois, é chamado a Verona, primeiro para a redacção do Piccolo Missionario, depois para a redacção da Nigrizia, da qual se torna director em 1965. Sob a sua direcção, a tiragem da revista aumenta e o nome Nigrizia torna-se sinónimo de seriedade e competência em questões africanas. Em 1970, é eleito superior de delegação dos combonianos no Togo. Vai para Paris, onde na École International de Langue et de Civilisation Françaises, da Aliance Française, obtém o diploma de língua francesa. Em Julho está de novo no Togo, mas estabelece-se na comunidade da paróquia de Afanya: «Pode-se ser superior da delegação, ainda que pequena, e ajudar um pároco numa missão», comenta.

Em Julho de 1975, está de novo na direcção da Nigrizia, não já em Verona, mas em Roma, na casa de São Pancrácio, ao Gianicolo. Assina muitos dos seus artigos e dossiês com o nome de Gaetano Durell, tirando um “o” ao apelido da mãe, Durello. Os confrades apreciam de modo particular os artigos deste “perito” não italiano. Brincando com os três redactores, diz: «Para fazer os confrades felizes, às vezes são precisas piadas inocentes. Se um nome, não inteiramente falso, aumenta a “verdade” de um artigo, porque não usá-lo?».

Os combonianos do Togo escolhem-no de novo como seu superior provincial. A 1 de Julho de 1978, parte, deixando a revista desguarnecida. Pouco mais de um ano depois, está em Roma para o Capítulo Geral de 1979. A sua personalidade impressiona todos os capitulares. À primeira sondagem, obtém a grande maioria dos votos. Ele sorri. Levanta-se e diz: «Se hoje fosse dia 1 de Abril, diria que se tratou de um “dia das mentiras” bem conseguido. Uma vez que não estamos nessa data, quero dizer-vos que não apontem para mim. Com a responsabilidade que tenho da pequena província comboniana do Togo, já não consigo dormir. O que aconteceria se fosse eleito padre geral?».

Em Julho de 1984, o P. Neno está em Roma como Secretário-Geral da Animação Missionária. Manterá o cargo até junho de 1993. Quase a terminar este serviço, sempre desenvolvido com mestria, a saúde começa a pregar-lhe alguns sustos. Tem alguns pequenos enfartes, dos quais, todavia, não se restabelece bem. Mas em Nairobi, a revista comboniana para a África anglófona, New People, necessita de um director, e os superiores pensam no P. Neno. A 1 de Julho de 1993 está em Sunningdale (Inglaterra), onde se lança no estudo da nova língua. Cinco meses depois, está em Nairobi.

Entretanto, o Instituto decidiu iniciar a publicação de uma revista para a África francófona. Quem poderia fazer isso? O P. Neno, obviamente. E ele aceita. Conhece perfeitamente o francês. A 1 de Janeiro de 1998 está em Kinshasa. Poucos meses depois, nasce Afriquespoir, uma revista que tem de imediato muita procura. Da sua pena saem também numerosos livros. Alguns são autênticos bestsellers, como os três sobre os padres, sobre as religiosas e sobre os leigos cristãos mortos em revoluções, guerras, conflitos étnicos e genocídios. Visto o sucesso dos três livrinhos sobre os “mártires recentes”, decidiu publicar também Os Santos de África: 500 testemunhas da igreja no continente. E é um novo sucesso de vendas. A gente está surpreendida: nunca pensou que a África tivesse um “peso” tão significativo na Igreja Católica.

Quando quer relaxar, o P. Neno publica pequenos volumes sobre “piadas africanas”, “histórias humorísticas africanas”, “provérbios africanos”. Mas o livro que talvez aprecie mais é Este pode ser o teu caminho, no qual dá a conhecer São Daniel Comboni a muitíssimos jovens; alguns deles são agora combonianos, graças à sua leitura. Impelido pelos confrades, abre e dirige o Centre Missionaire Afriquespoir de onde saem video-clipes, filmes, opúsculos, manifestos, brochuras… Por fim, cria também um site na web, que se torna de imediato muito seguido. Mas disponibiliza-se também para retiros espirituais, celebrações, confissões, encontros de animação missionária e vocacional. Aonde quer que vá, semeia amor.

Em Abril de 2020, escreve ao Padre Geral: «Estou cansado. Julgo que chegou para mim o tempo de regressar ao País». Em Abril, está no Centro Ir. Fiorini de Castel d’Azzano para tratamentos. Restabelece-se um pouco e desloca-se para a Casa Mãe em Verona. Nunca perde a sua vivacidade intelectual e comunicativa: a sua capacidade de contar piadas e fazer brincadeiras nunca desapareceu.

Em meados de 2022, volta a Castel d’Azzano. Em Março de 2023, é hospitalizado devido a uma pneumonia grave. Após algumas semanas, regressa ao Centro de Doentes de Castel d’Azzano. Dia 23 de Março, está no jardim a rezar o terço. Quando volta, vai directamente para o seu quarto. Pouco depois, encontram-no morto.

Dia 27 de Março, a missa fúnebre no Centro de Castel d’Azzano é presidida pelo P. Fabio Baldan, superior da província italiana. Na homilia, o P. Eliseo Tacchella, que viveu longos anos com o P. Neno, descreve a personalidade do confrade com palavras sinceramente sentidas. A um certo ponto, como se estivesse a dizer a coisa mais óbvia deste mundo, afirma: «O P. Neno foi um construtor de paz, um verdadeiro e santo missionário». O olhar de todos os presentes exprime total assentimento. De tarde é celebrado o funeral em Piove di Sacco.