Comboni, neste dia

In questo giorno (1871) invia lettera a von Beust ministro degli Esteri a Vienna.
Al conte Guido di Carpegna, 1865
Io ho una fiducia straordinaria in Dio e pongo in pratica il sapientissimo audaces fortuna iuvat, che in linguaggio cristiano è la Provvidenza

Escritos

Pesquisar
Pesquisa avançada – clique aqui para melhorar a pesquisa
N° Escrito
Destinatário
Sinal (*)
Remetente
Data
301
Horário instituto masculino
1
Cairo
5. 3.1869

N.o 301 (282) - HORÁRIO PARA O INSTITUTO MASCULINO

ACR, A, c. 13/6

Cairo, 5 de Março de 1869

302
Regulamento missionários
0
Cairo
15. 3.1869

N.o 302 (283) - REGULAMENTO PARA OS MISSIONÁRIOS

ACR, A, c. 25/5

Cairo, 15 de Março de 1869

REGULAMENTO

Para os missionários dos institutos de negros do Egipto

[1858]
Seguindo o exemplo de Jesus Cristo, dos Apóstolos e das principais associações católicas que têm como sublime tarefa a evangélica regeneração dos povos infiéis, também os missionários dos institutos de negros do Egipto, chamados a cooperar na medida das suas forças na regeneração da infeliz Nigrícia, segundo as normas do Plano para a Regeneração da África, à espera de formular um regulamento estável e perpétuo para submeter à aprovação da S. C. de Propaganda, conforme os resultados da prova e de uma suficiente experiência local, a título experimental deram a si próprios e seguem desde há mais de um ano, como directrizes da sua vida apostólica no ditos institutos, as normas seguintes:


[1859]
1.a Os nossos missionários, quer sacerdotes quer leigos, vivem juntos como irmãos na mesma vocação – sob a direcção e dependência daquele que fosse nomeado como superior local do instituto, a que são destinados pela autoridade competente –, sem rivalidades nem pretensões, inclinados a fazer aquilo que se lhes manda, dispostos a compreenderem-se e a ajudarem-se mutuamente, sempre respeitosos para com outros missionários do lugar, com os quais procurarão viver sempre em perfeita harmonia, inclusive no exercício do ministério.


[1860]
2.a Ainda que não obrigados por voto, professam ao superior uma religiosa e filial obediência em tudo, por amor de Deus, da boa ordem e do verdadeiro progresso da obra a que se consagraram. E a dependência dele abrange o próprio exercício do ministério, o desempenho dos diversos cargos do instituto, o modo e a forma da educação a ministrar aos negros, as saídas de casa e a assunção de incumbências da parte de estranhos, de maneira que cada um trabalha de acordo com ele, com o seu consentimento e licença.


[1861]
3.a Por sua parte, ele considera-se pai e irmão a respeito deles. Mostra-se aberto a secundar no que puder o seu zelo e os seus justos desejos e a prover às suas necessidades; distribui as diversas tarefas atendendo à habilidade, à inclinação e à força de cada um; procura, em caso de doença, que o doente recupere da melhor maneira possível e rapidamente a saúde, procurando, além disso, os meios que ajudam a conservá-la e evita recorrer a disposições demasiado severas, sem grave e urgente necessidade.


[1862]
4.a O superior é responsável do instituto e dos que formam parte dele. É da sua competência directa o governo e a administração do mesmo e a vigilância sobre cada um, assim como a representação perante todas as autoridades locais e igualmente lhe cabem todas as demais funções inerentes ao cargo de responsável do instituto. Porém, nos assuntos de maior importância, pede a opinião dos mais prudentes e experimentados entre os seus irmãos, sobretudo quando houver motivo para temer perigosas consequências.


[1863]
5.a Ninguém manda relatórios ou cartas destinados a ser impressos, nem mesmo às sociedades benfeitoras dos nossos institutos, sem receber o encargo ou a prévia aprovação do superior.


[1864]
6.a Todos levam uma vida em comum, contentes tanto com a comida como com a roupa, os móveis, os livros e demais coisas que o instituto pode fornecer, na medida dos seus recursos. Só aos sacerdotes é permitido usar para suas necessidades particulares o que receberem dos seus familiares ou dos seus próprios proventos; porém, abstêm-se de administrar directamente os bens particulares que possuírem na sua pátria e cedem em favor do instituto as esmolas para aplicações de missas ou funções religiosas, etc., etc.


[1865]
7.a A principal ocupação dos missionários nos institutos é a de colaborar com o superior na direcção dos mesmos, naquilo em que ele requer a cooperação de cada um; e isto entende-se especialmente no que respeita à educação dos negros nas ciências e artes principais, no catecismo, no cuidado com os doentes, etc., segundo as normas especiais de cada instituto. Quanto aos sacerdotes, segundo as disposições particulares da autoridade competente, têm a seu cargo a direcção espiritual nos institutos masculino e feminino, assim como o ministério da pregação e instrução religiosa também em ambos os institutos e onde, a juízo do superior, se precisar da sua colaboração.


[1866]
8.a Os sacerdotes nunca abandonam o estudo, tão necessário para cumprir devidamente as obrigações do apostolado entre os infiéis e especialmente perante inveteradas superstições e às vezes ministros afectos a seitas e religiões perversas. Por isso, o superior procura, se for possível, que cada dia, à excepção dos festivos, tenham em comum uma hora de estudo e de prática da língua do país. E todas as segundas, quartas e sextas-feiras os sacerdotes, por turnos, propõem para discussão um caso de moral, um de dogmática, um de direito canónico ou liturgia e um terceiro de controvérsia, tendo este último especialmente como tema os erros dominantes no lugar onde se acha o instituto. O proponente expõe os seus casos um dia antes, no lugar previamente acordado, a fim de que no dia e hora fixados para a discussão todos estejam prontos para responder. Neste exercício podem participar também os sacerdotes e missionários do lugar, mesmo que sejam de outro rito, a juízo do superior. A proposição dos casos faz-se em língua latina.


[1867]
9.a Os exercícios de piedade são o pão diário dos nossos missionários, reconhecendo-se a sua enorme importância para manter a chama da vocação nestes países, onde infelizmente é fácil esquecer-se de Deus e dos deveres religiosos. Portanto, todos os dias celebram ou assistem à missa, rezam o terço e fazem leitura às refeições, o exame de consciência, além das orações orais em comum ou individualmente, segundo o horário diário estabelecido em cada um dos institutos.


[1868]
Todas as semanas se participa nos Ssmos. Sacramentos, todos os meses se faz o retiro de um dia, e todos os anos um curso de exercícios espirituais. Todos os dias festivos se faz, pela manhã, a explicação do Evangelho ou de qualquer aspecto de moral prática e, à noite, explica-se o catecismo e dá-se a bênção com a sagrada píxide. Na 1.a sexta-feira de cada mês faz-se o exercício da Guarda de Honra do Sagdo. Coração de Jesus. Celebram-se os meses de Março e Maio, as novenas ou tríduos das festas principais e das do instituto com pregações e exercícios particulares de devoção.


[1869]
10.a Como o objectivo dos nossos institutos é o de acelerar a conversão da pobre Nigrícia, os nossos missionários, tal como os nossos negros e negras, rezam todos os dias publicamente para este fim, e todas as quartas-feiras se realiza, por parte de todos, uma pública adoração ao Ss.mo Sacramento e se aplica uma missa pela conversão da Nigrícia.


[1870]
11.a Nas relações com as pessoas de fora, cada um tem em conta o único fim pelo qual abandonou a pátria, a família e tudo, que é o de ganhar almas para Cristo. Portanto, embora os nossos institutos e a nossa missão particular determinem como devem actuar os nossos missionários com os pobres negros, contudo – e mais ainda os sacerdotes – aproveitam as ocasiões propícias para fazer a todos indistintamente o maior bem possível, recordando que foram consagrados ministros d’Aquele que padeceu e morreu por todos. Tratando-se, todavia, de conversões de adultos, cada um procede de acordo com o superior, que, segundo os casos, se dirigirá ao vigário apostólico e à autoridade competente. Aos meninos moribundos não católicos só se administrará o baptismo quando se encontrarem em evidente perigo de vida e sempre com as devidas cautelas. Estes baptismos registam-se à parte, com a indicação da morte do menino, quando ocorrer.


[1871]
12.a Quanto aos nossos institutos femininos, nenhum dos missionários vai visitá-los ou exercitar neles qualquer obra de caridade ou de ministério, sem ser encarregado pelo superior ou obter, vez a vez, a sua autorização, salvo em casos de necessidade repentina, na ausência do superior. O que fica dito vale também para as famílias particulares e considera-se grave o não cumprimento desta norma.


[1872]
13.a Nos nossos institutos observa-se a devida clausura, consagrada pelo seu uso constante em todas as associações eclesiásticas e religiosas e regulada nas missões pelas circunstâncias e pela prudência do superior. As mulheres só podem ser introduzidas na sala comum de visitas, fora as excepções que o superior julgar oportunas por ocasião de visitas extraordinárias ou de piedosas benfeitoras.


[1873]
14.a Nos institutos femininos, as irmãs directoras regem-se pelas suas próprias regras e constituições e as normas particulares da sua fundação.


[1874]
15.a Por último, sob a direcção dos missionários e das irmãs, os negros e as negras dos institutos masculinos e femininos são preparados para a prática do apostolado na sua pátria, segundo apropriados e particulares regulamentos e horários, que serão aperfeiçoados com o desenvolvimento da obra.



O superior, P.e Comboni






303
Mensagem a Pio IX
0
Cairo
19.3.1869

N.o 303 (284) - MENSAGEM A PIO IX

«L’Unità Cattolica» 79 (1869), p.551

Cairo, 19 de Março de 1869

Beatíssimo Padre,

[1875]
Não todos italianos de nacionalidade, mas todos católicos de coração e, quanto ao afecto para convosco, Santo Padre, émulos ardentes entre os mais fervorosos, o superior com os missionários e missionárias, alunos e catecúmenos dos dois institutos de negros do Cairo, por Vós várias vezes paternalmente abençoados, ao concluir felizmente sob a protecção do glorioso Patriarca S. José os exercícios anuais, unem-se para aplaudir com toda a alma a mensagem de amor e de fé que a verdadeira juventude católica italiana promoveu e que o mundo católico vos vai oferecer no dia 11 de Abril próximo.


[1876]
Se uma calorosa expressão de amor filial vos pode consolar um instante que seja nas vossas muitas amarguras, apressamo-nos a oferecer-vo-la exultantes, assegurando-vos que, continuamente, desde as margens do Nilo, desde o pé das pirâmides, desde os requeimados areais do deserto, vos dirigimos, quais filhos obedientes, a atenção como ao Mestre infalível, o olhar como a exemplar perfeito, o coração como a Pai amoroso e todo o sentimento da alma como ao adorado Pontífice do povo de Cristo, injustamente perseguido, iniquamente caluniado, sacrilegamente ofendido, grande nos triunfos, supremo nas desventuras, pródigo com os ingratos, clemente com os inimigos, justo, generoso e piedoso para com todos, assombro dos próprios infiéis.


[1877]
Tristíssimos sempre de saber-vos aflito, saudamos com alegria aquele dia de puríssimo gozo, que Deus vos prepara na celebração do quinquagésimo aniversário do vosso santo sacerdócio e fazemos votos fervorosos para que essa dita se prolongue por muitos anos.

Naquele dia sagrado para nós, festa do patrono Bom Pastor, entre os recintos da santa capela, venerado refúgio no Egipto da Sagrada Família, ao fugir da perseguição de Herodes, rogaremos especialmente por vós, Pastor dos Pastores, a fim de que no iminente Concílio Ecuménico o Céu escute o vosso piedoso desejo de ver reunidas todas as ovelhas de Cristo no mesmo redil, sob um só pastor.

Unimos a estas expressões de profundíssima devoção o óbolo da nossa pobreza, constituído por 25 liras, na certeza de que Vós querereis abençoar o afecto com que nós desejaríamos multiplicá-lo à medida das grandes necessidades da vossa augusta penúria.



P.e Daniel Comboni

Missionário apostólico

Superior dos institutos dos negros






304
Claude Girard
0
Cairo
19. 3.1869

N.o 304 (285) - A CLAUDE GIRARD

AGB

V. J. M. J.

Cairo, 19 de Março de 1869



Meu caro amigo,


 

[1878]
Não recebendo a Revista da Terra Santa e lendo a carta que enviou para Marselha ao sr. Laurent, pergunto-me se perdi o seu favor e a sua amizade e a isso me persuade ainda mais o seu mau projecto de desviar o caritativo envio que me destinou a sra. Duphies para o oferecer ao nosso caro amigo, o P.e Calisto, sem pensar que eu tenho trinta negras carenciadas de roupa e o P.e Calisto nenhuma. Eu porém, não levo isso a mal, porque conheço o seu coração: pode zangar-se por um instante, mas quando se toca a caridade de que está cheio o seu coração, não pode subtrair-se e a zanga acabou. Envie-me, pois, rapidamente, peço-lhe a caixa da sra. Duphies, porque as minhas negras estão meio nuas e prepare outra para quando o P.e Calisto vier para África. Já celebrei as missas segundo a intenção das de Lião, que deram as ofertas e se nos haviam recomendado.

Na caixa há:



2 paramentos novos, um vermelho, outro branco, etc.

1 paramento branco

1 alba grande

2 toalhas para o altar

38 túnicas para as negras


[1879]
Peço-lhe que a tudo isto acrescente muitas coisas, candeeiros, etc.; estou numa extrema pobreza; mande-me muitas coisas, mas depressa, já, porque tenho muita necessidade.

Lamento sabê-lo doente. Há que ter ajudas, um comité, porque é demasiado uma revista inteira para as suas forças. Por favor, escreva-me, contando-me porque está zangado comigo. Tem de dizer-me todos os motivos, porque quero responder-lhe e justificar-me. O meu caro amigo Girard não pode continuar irado. Nós trabalhamos todos para a glória de Deus e não é preciso afogar-se num copo de água.

Mande-me a revista e quanto às assinaturas que lhe propus, mande-me a conta, que eu lhe pagarei. Escrever-lhe-ei ainda para lhe desejar uma boa Páscoa a si, à sra. Girard, a seus filhos, ao superior dos missionários de La Salette e a todos os padres.


[1880]
O bispo de Grenoble tinha-me convidado a ir visitá-lo no meu regresso, mas não pude, porque um telegrama me chamou a Verona. O sr. Bouchat deve ter-lhe explicado tudo. Apresente-lhe também os meus respeitos. O que disse ao sr. Bouchat foi o que fiz, é o que um amigo tem que fazer: o seu coração de apóstolo deve dar-me toda a razão.

Conte-me tudo. Nós queremos ir para o Paraíso como verdadeiros missionários e há que não tratar-se assim.

Envio ao P.e Calisto a resposta de sua Em.a o card. Barnabó ao bispo de Verona a respeito dos Trinitários. Leia tudo e mande-o logo para Roma ao P.e Calisto.

Adeus, caro amigo. Mande-me a caixa da Sra. Duphies e uma caixa sua, porque estou muito necessitado. Também me dirigi à dita senhora. Adeus.



Seu eterno amigo

P.e Daniel Comboni



Rogo-lhe me envie também um missal.



Original francês

Tradução do italiano






305
Assinatura no registro
1
Cairo
27. 3.1869
N.o 305 (1202) - ASSINATURA NO REGISTO

DE BAPTISMOS – CAIRO

ACR, A,c. 24/3



Cairo, 27 de Março de 1869





306
Abadessa M. Michaela Muller
0
Cairo
4. 4.1869

N.o 306 (286) - À ABADESSA MARIA MICHAELA MÜLLER

AMN, Salzburgo

V. J. M. J.

Cairo, 4 de Abril de 1869

Reverenda madre,

[1881]
Escrevo-lhe, minha reverenda madre, com o coração cheio de dor, para responder à sua estimada carta de 16 de Fevereiro.

Os seus temores eram justificados: a nossa querida Petronila Zenab está no céu! Foi receber o prémio das suas virtudes, que a madre lhe tinha inculcado e que ela conservou bem impressas na sua alma. Morreu confortada pelos santos sacramentos, depois de a assistirem dia e noite as minhas freiras, as Irmãs de S. José (da Aparição) e dois dos meus sacerdotes missionários.


[1882]
Desde o momento em que saiu de Marselha, fiz com que se prestassem todas as atenções possíveis, porque o merecia e muito mais porque eu via nela um instrumento especial nas mãos de Deus para o apostolado da Nigrícia.

Tinha uma piedade admirável, que a própria madre lhe tinha incutido no coração, um discernimento muito recto e uma educação tão distinta que me senti impulsionado a publicar sobre ela uma larga nota nos Anais da Sociedade para o Socorro dos Pobres Meninos Negros, editados em Colónia, nos quais tinha já feito publicar uma breve história da sua libertação da escravidão, falando também de tanto amor e cuidados que ela tinha recebido da bondosa Ir. Wenefrida, da qual me falava amiúde.


[1883]
Em resumo, a madre educou uma jovem que sem dúvida se encontra agora junto de Deus e formou-a para o ministério apostólico. Durante o tempo em que ela esteve no meu instituto do Cairo, comportou-se sempre como se fosse uma verdadeira religiosa. Já tinha aprendido bastante bem o árabe e instruiu e preparou duas negras para o santo Baptismo. Infundia-nos grandes esperanças de que podia chegar a ser uma autêntica missionária para a África Central.


[1884]
Em Julho do ano passado deixei o Cairo para ir a França e Alemanha. Estive até em Munique e Altötting, e, chegado a Traunstein, tinha já a intenção de me aproximar de Salzburgo para a visitar a si, assim como S. E. o príncipe-arcebispo e sua majestade a imperatriz Carolina, quando o meu companheiro de viagem P.e Alexandre Dalbosco adoeceu, morrendo depois em Verona. Era o superior do meu seminário para a missão africana de Verona.


[1885]
Eu fui a Paris e antes da minha partida para o Egipto chegou-me a notícia da nossa Petronila. Ela tinha sido aqui o consolo da minha superiora e agora será nossa protectora no céu, onde se encontra junto da Santíssima Virgem e S. José, a quem amava e venerava intensamente. O seu corpo descansa no jazigo das minhas negras, a doze passos da gruta ou santuário do santo refúgio da Sagrada Família, lugar em que Jesus, Maria e José viveram durante os sete anos da sua estada no Egipto, a seguir à perseguição de Herodes.


[1886]
Rogo-lhe que eleve ao Senhor fervorosas preces pela obra da conversão da Nigrícia. Aqui no Cairo, apenas a poucos passos da santa gruta, fundei dois estabelecimentos para negros. Este ano temos tido conversões verdadeiramente singulares. A quase todas as negras convertidas do paganismo ou do Islamismo fizemos vestir para o momento do Baptismo o vestido branco que envergou Petronila em Salzburgo quando foi baptizada pelo próprio rev.mo sr. príncipe-arcebispo, vestido que, com todo o cuidado, conserva aqui a minha superiora...


[1887]
Reze, madre, pelas minhas irmãs e pelos meus missionários! No Sábado Santo celebrámos um Baptismo especialmente consolador e esta semana é a vez do baptismo de duas turcas convertidas, que agora se encontram no meu instituto recebendo instrução.

Reze também pela nova casa, que tenho intenção de fundar no decurso deste ano, se conseguir superar as inúmeras dificuldades.


[1888]
Na França, Bélgica, Alemanha e Itália tenho mais de duzentas casas religiosas que rezam a Deus para que eu consiga levar a luz da santa fé ao interior da África, onde já estive várias vezes às portas da morte e onde mais de trinta missionários, entre eles muitos alemães, de facto morreram.

Até agora, na sua infinita misericórdia, Deus tem-me ajudado e espero, antes, estou certo, que Ele fará que eu consiga fundar uma casa para a conversão da Nigrícia. Porque sem dúvida sabe, minha boa madre, que a palavra de Jesus Cristo tem mais valor que a dos soberanos desta terra; assim, o que está escrito no Evangelho «pedi e dar-se-vos-á, chamai e abrir-se-vos-á» é muito mais seguro que o que figura no Tratado de Viena de 1815 ou no de Paris de 1856 ou no outro de... de 1866 ou no Acordo de Paris de 15 de Setembro de 1864, etc., etc., etc.


[1889]
De facto, quando a madre reza por mim, une-se às muitas casas religiosas de todo o mundo e a oração de tantas almas tem que encontrar resposta no Coração Sacratíssimo de Jesus com um dar a quem pede e um abrir a quem bate.


[1890]
A obra da conversão da África encontra-se entre as mais importantes do nosso tempo. É muito difícil, mas Deus ajudará. Por favor, reze e faça rezar por ela, que o Senhor retribuirá a cem por um.

Como a madre, pelo facto de ter educado Petronila, participou de modo considerável nesta obra de conversão, permito-me enviar-lhe um exemplar do último número da «Sociedade de Colónia», que tem um artigo sobre a minha expedição ao Cairo, no qual também se nomeia Petronila; depois segue algo sobre o nosso primeiro estabelecimento no Cairo...

Certamente lhe interessará muito. Depois de o ter lido, peço-lhe que o faça chegar às mãos de sua majestade a piedosa imperatriz Carolina. Há uns meses mandei-o também ao rev.mo sr. príncipe-arcebispo de Salzburgo. Estou certo de que encontrará nestas breves notícias motivo e estímulo para a oração. No primeiro fascículo publicado pela sociedade, que aparecerá em Colónia este mês, deve vir uma ampla informação sobre Petronila.


[1891]
Peço-lhe novamente que exprima a minha mais profunda veneração a sua alteza o rev.mo sr. príncipe-arcebispo de Salzburgo, a quem tenho a honra de conhecer desde há bastante tempo. Ia escrever-lhe a ele para o notificar da morte de Petronila; porém, dado que entretanto tive a sorte de receber a sua apreciada carta, decidi enviar-lhe a si o meu escrito.

Para a obra da África devemos contar também com os beneditinos, que noutros tempos converteram a Europa; tenho já a promessa do rev.mo P.e Casaretto (ex-superior dos missionários beneditinos), em Roma, de que, apenas eu tenha a obra suficientemente organizada em duas estações, mandará em minha ajuda um pequeno grupo tirado de entre as fileiras dos filhos do patriarca S. Bento.

Agora, minha reverenda madre, digne-se aceitar de novo a expressão da minha profunda veneração.



P.e Daniel Comboni

Missionário apostólico



Original alemão

Tradução do italiano






307
Societade de Colónia
1
Cairo
8. 4.1869
N.o 307 (287) - À SOCIEDADE DE COLÓNIA

«Jahresbericht...» 17 (1870), pp. 71-73



Cairo, 8 de Abril de 1869



Notícias várias procedentes das cartas de Comboni.





308
Antoine D'Abbadie
1
Cairo
14. 4.1869
N.o 308 (288) - A ANTÓNIO D’ABBADIE

BNP (Fonde d’Abbadie), Nouv. Acq.



14 de Abril de 1868



É uma direcção de carta.





309
Virginie D'Abbadie
0
Cairo
16. 4.1869

N.o 309 (289) - A VIRGINIA D’ABBADIE

BNP, Nouv. Acq. 23852

Cairo, 16 de Abril de 1869

Minha caríssima e venerada senhora,

[1892]
Sempre que tenho a sorte de escrever ao nosso caríssimo e venerado sr. D’Abbadie, o meu coração palpita. Ele é o «Pater Patriae», o herói de África, o pai, o amigo, o apóstolo da Etiópia. E a senhora? A senhora é a sra. d’Abbadie e isto basta para ter direito ao nosso respeito e afecto.

A razão que me leva a escrever-lhe agora é a circunstância de ter aqui no Cairo os príncipes abissínios. Vieram a fim de obterem do patriarca copta um bispo para a Abissínia. Obtiveram-no e já foi sagrado há uns dias. É o abuna Atanásio. Estes príncipes (príncipes da Abissínia: assim são chamados no Cairo e, como tais, hospedados no palácio do paxá) vi-os com o paxá nos dias do Grande Bairam, onde junto com o patriarca copta e os chefes de todas as religiões fui render homenagem a Sua Alteza, e igualmente por altura do casamento da filha do vice-rei. Agora, tendo estado em contacto com o patriarca, conheci aquele que escreveu ao sr. António e ao sr. Miguel. É um homem de talento, que conhece toda a família do sr. d’Abbadie – a sua mãe, os seus irmãos, etc. – e que esteve em Paris e na quinta do sr. D’Abbadie.


[1893]
Pediu-me que pusesse a data na sua carta, ou seja, a de anteontem. Ele fica ainda no Cairo com os seus príncipes por mais um mês, depois saem para Tigré. Portanto, se o sr. António quiser escrever ou responder, só tem que dirigir-me a correspondência ao Cairo, que eu me encarrego de lha fazer chegar às mãos.


[1894]
De monsenhor Massaia correu por duas vezes o boato de que tinha sido assassinado por muçulmanos no reino de Shoa, mas depois a notícia foi desmentida. Estes príncipes falam muito mal do imperador Teodoro: afirmam que era mau. Dizem-me eles que tudo vai bem na Abissínia, que o actual rei, Kassa, eleito por unanimidade, tem 34 anos e é descendente dos mais antigos monarcas da Abissínia e que o povo está orgulhoso dele. Dizem-me também que na Abissínia nunca os ingleses mandarão e que, depois da morte de Teodoro, eles retirarão atrás do representante do povo abissínio. Falaram-me, além disso, da veneração e da boa recordação que a Abissínia conserva dos senhores António e Miguel d’Abbadie.

Quanto a mim, senhora, encontro-me no Cairo à frente de dois Institutos que me custam vinte mil francos ao ano.


[1895]
Tenho muita esperança; temos feito conquistas não indiferentes para a Igreja. Lamento ter tido que deixar Paris de improviso, antes de ir vê-la e visitar também o sr. Bebieh, como era minha intenção. Peço-lhe que me envie notícias suas para o Cairo, que expresse todo o meu afecto ao sr. D’Abbadie e que aceite os sentimentos mais devotos e afectuosos do



Seu amigo

P.e Daniel Comboni



Original francês

Tradução do italiano






310
Mons. Luis Ciurcia
0
Cairo
10. 5.1869

N.o 310 (290) - A MONS. LUÍS CIURCIA

AVAE, c. 23

V. J. M. J.

Cairo Velho, 10 de Maio de 1869

Excelência rev.ma,

[1896]
Tendo hospedado até agora no meu instituto feminino do Cairo Velho a rev.da madre Catarina Rosa Valério, ex-terciária professa claustral de S. Francisco, de Verona, a qual, expulsa do seu Convento em força da lei de supressão civil do Reino de Itália, eu conduzi ao Egipto em fins de Fevereiro último, por ordem de S. E. rev.ma o bispo de Verona, para ingressar no instituto das rev.das madres clarissas, no qual tinha sido aceite desde o ano passado.

Tendo-a várias circunstâncias, por si conhecidas, impedido de levar a cabo o seu louvável propósito: por ela estar convencida da santidade e importância da obra da conversão da Nigrícia, sentindo-se já muito disposta a consagrar-se inteiramente a esta obra, onde pode tanto manter o espírito da própria vocação como ao mesmo tempo concorrer com as suas forças para a salvação das almas mais abandonadas do mundo; e tendo-me eu entretanto podido convencer de que ela está provida de insignes dotes, de modo a tornar-se útil a esta santa obra dos negros.


[1897]
Exigindo o meu Plano ser desenvolvido para o estabelecimento de ulteriores institutos filiais, que se aproximem cada vez mais da Nigrícia Central.

E constatando que o instituto das Irmãs de S. José da Aparição pode proporcionar-me novo pessoal válido para este fim, dirijo-me a V. E. rev.ma para lhe suplicar que tenha por bem conceder-me autorização para associar a dita rev.da madre Catarina Valério à nossa obra, no meu propósito de me valer por agora do beneplácito de V. E. rev.ma, para lhe confiar a direcção de uma escola feminina no Cairo Velho, que, à falta de outros institutos, estaria disposto a abrir, como filial do meu primitivo instituto feminino, a benefício desta população.

Confiando alcançar esta graça, antecipo-lhe a minha expressão de gratidão; e implorando para todos nós a sua paternal bênção, passo a beijar-lhe o sagrado anel e a declarar-me nos Sagdos. Corações de J. e de M.



De V. E. Rev.ma

Hum., devot.mo e obrig.mo filho

P.e Daniel Comboni, miss. apost.co